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Axl Rose finaliza turnê brasileira com a certeza de que não precisa de Slash para brilhar nos palcos, mas dele próprio. Cobertura do show da Praça da Apoteose, no Rio, dia 04 de abril de 2010. Não publicado na Billboard Brasil de abril de maio do mesmo ano. Foto (do show de São Paulo): Marcelo Rossi/Divulgação Timer For Fun.

gunssp6A atribulada turnê que o Guns N’Roses fez pelo Brasil teve o epílogo adiado em quase três semanas, por conta do desabamento do palco causado por um temporal, mais as protocolares duas horas de espera antes do show. Depois da estreia numa madrugada de segunda em Brasília; show menor que o esperado (Belo Horizonte); cancelamento de festa privê e garrafada em Axl Rose (São Paulo); e bandas de abertura limadas em cima da hora (Porto Alegre), coube ao público do Rio se certificar de algumas certezas.

A primeira e mais evidente é que o Guns N’Roses não precisa de Slash para fazer um bom show. Precisa dele, sim, para compor e gravar um álbum no estúdio, diferente do super e mal produzido (ao mesmo tempo) “Chinese Democracy”. Não por conta dos três guitarristas, mas porque DJ Ashba, justamente o último a entrar nessa formação, há cerca de um ano, é o clone perfeito de Slash: usa uma quase cartola, pita o cigarro no canto da boca, empunha uma Gibson SG e – o mais importante – toca como Slash os acordes de “Sweet Child O’ Mine”, se supera em “Rocket Queen” e ainda dá um “up grade” em “Street of Dreams”, uma das novas que realça no repertório.

A segunda é que Axl continua cantando bem - pero no mucho. Aos 48, o último dos grandes heróis do rock está no meio do caminho entre mudar a afinação dos instrumentos para cantar num outro tom, e conseguir manter a voz original de fábrica. Por isso, entre entradas e saídas estratégicas do palco para ganhar fôlego/recuperar voz, Axl arrasa em músicas difíceis como “You Could Be Mine” (uma das melhores da noite) e “Knocking On Heaven’s Door”, mas fracassa até na nova “Better”. Com o humor afetado, mal fala com o público e só esboça o primeiro sorriso em “November Rain”, nos finalmentes da noite. Postura diferente do amigo Sebastian Bach, que, seis anos mais moço, fez o show de abertura em ótima forma, esbanjando disposição e simpatia.

Se Bach sai do palco inteiraço, o encerramento, para Axl, soa como alívio das duas horas e meia de show, menor apenas que o de São Paulo. Axl precisa fazer as pazes com o próprio tempo, e, caso consiga manter essa (boa) formação por alguns anos, pode até fazer bons discos e continuar mantendo viva a lenda Guns N’Roses. Senão, já viu: a tendência é piorar, a voz esganiçada ir para o espaço de vez e nunca mais termos um show tão bom quanto este. Se cuida, Axl!

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Marlon em dezembro 5, 2010 às 20:31
    #1

    Uma pequena correção, Bragatto : como se trata de um perfeito clone de Slash, DJ Ashba também usa guitarras Gibson Les Paul, e não as SG. Essas são aqueles modelos clássicos com ‘chifrinhos’, usados por exemplo por Tony Iommi e Angus Young.

    Um Abraço.

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