O Homem Baile

Amor a todas as vistas

Judas Priest se agiganta no Monsters of Rock e as duas apresentações são marcadas pela entrega de Rob Halford e por grande interação com a plateia. Fotos Divulgação Monsters Of Rock: Camila Cara (2 e 3) e Ale Frata (1 e 4).

Rob Halford e toda a sua indumentária no show do Judas Priest: superação e muita emoção no palco

Rob Halford e toda a sua indumentária no show do Judas Priest: superação e muita emoção no palco

É a parte final do segundo show do Judas Priest nessa mesma edição do Monsters Of Rock, no domingão, e o líder do grupo, Rob Halford, se supera. Depois de “Breaking The Law”, um clássico que sempre suscita as melhores sensações num show de rock, e de “Hell Bent For Leather”, onde canta montado numa Harley Davidson, Halford volta emocionado para o desfecho do show. Em “Electric Eye”, um esforço vocal adicional resulta em ofegante respiração e olhos cheios de lágrimas num flagra exposto nos telões. Rob Halford está emocionado ao ponto de, na música seguinte, a sensacional “Painkiller”, se lançar ao chão. A sensação é a de que ele vê o tempo escorrer pelas mãos e tem a consciência de que momentos como esses serão cada vez menos frequentes. “Vocês foram incríveis, adoramos vocês” é a frase de despedida do Metal God para cerca de 35 mil pessoas.

Pode ser apenas impressão, mas os dois shows do Judas no Monsters superam bastante o realizado no Rio, na quinta anterior (veja como foi), mesmo com um decréscimo de músicas no repertório de cada um dos dias. Em um palcão de festival parece que a banda cresce pra valer e mesmo Halford, que no Rio parecia caminhar de lado a outro do palco burocraticamente, parece contagiado por uma aura metálica que o empurra para uma interação com a plateia que se define como espécie de amor à primeira vista. No começo, ele já manda: “Vamos ver se vocês do Monsters Of Rock gostam do metal no estilo Priest”. A fala é um recado do Manowar, que havia tocado antes em um show cujo discurso é uma forma “única e verdadeira” de se tocar heavy metal. Ou seja, não dá pra ensinar o padre Judas a rezar a missa.

guitarristas: com destaque nos shows, o novato Richie Faulkner interage com o veterano Glenn Tipton

Guitarristas: com destaque nos shows, o novato Richie Faulkner interage com o veterano Glenn Tipton

O show de domingo, com mais público – seria por causa do Kiss? – tinha tudo pra ser o melhor dos dois do festival, mas, se por emoção de Halford ou cansaço (datas seguidas não é coisa fácil) ou pelas duas coisas, menos músicas foram tocadas. De última hora, a ótima “You’ve Got Another Thing Comin’” foi limada do set, assim como o trecho em que o Metal God coloca o público para cantar, no famoso “ou, ou, ou, ié”. Mesmo o segundo bis não aconteceu, com o grupo acelerando o término das 14 músicas sem pausa, com certa pressa. No sábado foram 15, e, no Rio, 17; veja os set lists completos, com ligeiras alterações, no final do texto. Talvez seja o baque de ver o contemporâneo Lemmy adoentado e o cancelamento do show do Motörhead (saiba mais), mesmo porque Halford cita o nome dele antes de o Judas Priest sair do palco aplaudidíssimo.

É reforçado ainda mais, nos shows do Monsters, o quanto o guitarrista Richie Faulkner tem assumido o papel de protagonista. É ele quem assume os solos em boa parte das músicas, sem demérito para o trabalho do veterano Glenn Tipton. Tanto que é Faulkner que tem um momento solo, pequeno, mas tem. Contudo, muita coisa foi subtraída dos shows antigos, como as coreografias ensaiadas de antes que agora soam tímidas e menos frequentes, sem guitarras erguidas no final, e os couros e metais em excesso usados pelos integrantes. As mudanças de figurino de Halford – oito, ao menos - seguem idênticas em cada show dessa turnê. Para facilitar, Halford tem um mini camarim montado do lado esquerdo do palco, de onde, inclusive, entra pilotando a moto. Antes, saía debaixo da bateria e as plataformas elevadas eram pistas por onde os integrantes passeavam.

Richie e Halford, os dois destaques dos shows do Judas Priest, lado a lado no sabadão do Monsters Of Rock

Richie e Halford, os dois destaques dos shows do Judas Priest, lado a lado no sabadão do Monsters Of Rock

Algumas coisas, contudo, não mudam, e o público que encheu os dois dias do Monsters sabe disso. Daí a vibração constante nos shows, não só em momentos de felicidade garantida como na já citada “Breaking the Law”, em “Painkiller” e na “Metal God”, mas também em passagens inóspitas como a da longa e progressiva “Victim of Changes”, totalmente retrabalhada. Ou nas músicas novas, do disco novo, “Redeamer Of Souls”, sendo que quem foi no sábado perdeu a ótima “March of the Damned”, mas não viu, de outro lado, “You’ve Got Another Thing Comin’” ser pulada. Nada que faça uma noite ser melhor do que a outra, mas a lição que fica é a seguinte: se você puder a ir a todos os shows do Judas Priest perto de você, vá e não reclame: você é um cara de sorte.

Set lists completos:

Rob Halford faz o tradicional símbolo do heavy metal

Rob Halford faz o tradicional símbolo do heavy metal

Sábado
1- Dragonaut
2- Metal Gods
3- Devil’s Child
4- Victim of Changes
5- Halls of Valhalla
6- Love Bites
7- Turbo Lover
8- Redeemer of Souls
9- Jawbreaker
10- Breaking the Law
11- Hell Bent for Leather
Bis
12- Electric Eye
13- You’ve Got Another Thing Comin’
14- Painkiller
Bis
15- Living After Midnight

Domingo
1- Dragonaut
2- Metal Gods
3- Devil’s Child
4- Victim of Changes
5- Halls of Valhalla
6- March of the Damned
7- Turbo Lover
8- Redeemer of Souls
9- Jawbreaker
10- Breaking the Law
11- Hell Bent for Leather
Bis
12- Electric Eye
13- Painkiller
14- Living After Midnight

Veja também:

O show de Ozzy Osbourne no Monsters Of Rock

O cancelamento do show do Motörhead no Monsters Of Rock

O show do Kiss no Monsters Of Rock

Tudo sobre o Monsters Of Rock

Tags desse texto: ,

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado