Sua Majestade
Sem firulas, Ozzy Osbourne fecha primeiro dia do Monsters of Rock esbanjando carisma e em clima de diversão e reverência ao público brasileiro. Fotos: Camila Cara/Divulgação Monsters Of Rock.
Como de costume, o seleto repertório de Ozzy é interpretado por uma bandaça que mostra o guitarrista Gus G, relacionado desde 2009, muito mais à vontade para colocar seu jeito de tocar, dentro do possível, nas músicas. É o que acontece, por exemplo, no groove de “I Don’t Want to Change The World”, que flerta com o funky rock, só que bem pesado, e em “Crazy Train”, cujo riff sugere moderada alteração no primeiro grande sucesso de Ozzy como homem solo. O animal Tommy Clufetos, que tocou na turnê de retorno do Black Sabbath (veja como foi no Rio em 2013) segue destruindo peles com uma força descomunal, e Rob Blasko (baixo) e Adam Wakeman (teclados, você sabe filho de quem), com mais tempo de casa, ajudam a manter o “pano de fundo” para Ozzy e Gus brilharem.

O guitarrista Gus G se consolida nessa formação, no lugar deixado por Zakk Wylde; só falta 'No More Tears'
O fato é que, por questões práticas ou de saúde, os shows de Ozzy são os mesmos há anos, mas, mesmo assim, a aceitação/participação/entrega do público é intensa. Isso por que, honra seja feita, as músicas são muito boas e fazem parte do inconsciente coletivo do rock; os músicos tocam cada uma delas com precisão e técnica apuradas, incluindo as partes mais intrincadas criadas pelos gênios do Black Sabbath (pense só em “Rat Salad”); e, sobretudo, porque Ozzy exala carisma o tempo todo. Impressionante como, de imediato, leva o público a agitar os braços em performance aeróbica, a bater palmas e a cantar, e, no fim das contas, a se deixar enlouquecer; como bem gosta de bradar o nosso Mad Man. Sem muito esforço, Ozzy comanda uma apresentação que beira a hipnose coletiva, só que participativa e com grande interação do início ao fim de um dia de festival cansativo sob sol e chuva e sem hora para acabar.
Pois então imagine um início com “Bark At The Moon” e seu riff matador; “Mr. Crowley”, cuja introdução de teclado dispensa apresentações e tem alto grau de mobilização junto ao público; e “I Don’t Know”. É ou não é um começo de show e tanto? Os momentos de maior superação do jeito que o show tem para funcionar ficam para a cantoria de “War Pigs”, com Gus esmerilhando a guitarra pra valer e Clufetos batendo sem piedade; nos braços erguidos com punhos cerrados – ah, o heavy metal! – de “Iron Man”; e até na baba “Road to Nowhere”, com um solo à Slash que mostra criatura e criadores, tudo junto ali no palco. Com um dos poucos shows de artista gigante sem muitas atrações extras como foguetório, papel picado e afins, Ozzy segue ganhando o público no gogó, no carisma e com – repita-se – excepcional repertório, ainda que pouco renovado. É, não há do que reclamar.Set list completo:
1- Bark at the Moon
2- Mr. Crowley
3- I Don’t Know
4- Fairies Wear Boots
5- Suicide Solution
6- Road to Nowhere
7- War Pigs
8- Shot in the Dark
9- Solo de guitarra
10- Rat Salad
11- Solo de bateria
12- Iron Man
13- I Don’t Want to Change the World
14- Crazy Train
Bis
15- Paranoid
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