Épico
Filme mostra Led Zeppelin em excelente forma no primeiro – e único - show completo 27 anos após o fim do grupo. Fotos: Reprodução/Internet.
A troca de olhares, sorrisos e expressões entre Robert Plant e Jimmy Page durante o show é o que mais chama a atenção no filme “Celebration Day”, do Led Zeppelin. Aquilo ali não é só entrosamento consolidado por anos de estrada, trata-se de uma cumplicidade de quem fez história no mundo do rock e se vê revirado, em pleno palco, por “milhões de emoções”, como disse Plant. Junto com John Paul Jones eles sentem um orgulho danado do pequeno Jason Bonham, filho de John, o baterista original do grupo, que viram nascer e carregaram no colo. Ele cesceu um bocado e hoje arrebenta na bateria, como bem fazia o pai. É difícil acreditar que esse show único, realizado há cinco anos, não tenha desencadeado no retorno do grupo, por mais enxuto que fosse.
A apresentação de 10 dezembro de 2007, na O2 Arena, em Londres, se deu para arrecadar fundos para a fundação que leva o nome de Ahmet Ertegün, renomado executivo com o qual o grupo trabalhou nos anos 70. Cerca de 20 mil pessoas lotaram a casa, depois de uma frenética procura por ingressos na internet. Ao todo, o Led Zeppelin ensaiou por seis semanas para o show, o primeiro, inteiro, desde o fim do grupo, em 1980. O grupo optou pela “redução” do palco, concentrando todos os instrumentos bem no meio, resultado numa proximidade típica de ensaios, e a coisa funcionou. Havia a temor de que algo desse errado, e a expressão de alívio a cada passagem acertada no meio das músicas é notável.É de impressionar como Robert Plant consegue atingir as notas mais altas e sustentar os falsetes de 30 anos antes – e não são poucos –, ainda mais depois da turnê solo cambaleante que acaba de passar pelo Brasil (veja como foi). Em “Whole Lotta Love”, com todos os efeitos, ele esgarça a voz sem o menor problema e vai fundo em “Stairway to Heaven” (quem disse que eles não gostam de tocá-la?) com um fôlego surpreendente. É possível que a produção final do filme tenha corrigido alguns deslizes em estúdio, mas nem tudo pode ser maquiado numa mixagem, em que pese a péssima qualidade de som oferecida no cinema da rede Cinemark. Jimmy Page é o verdadeiro bruxo incorporado em um senhor de madeixas brancas e faz questão de incluir todos os apetrechos que colocou na história do rock. Estão lá, por exemplo, a guitarra double neck, na qual ele toca de verdade nos dois braços, não é só firula, e o arco de contrabaixo cuja performance recebe projeções de raio laser em forma de um tronco de pirâmide que envolve o guitarrista.
De certa forma, ainda que de maneira sutil, o show repete efeitos especiais que se tornaram a marca registra do Led Zeppelin e foram muito repetidos nos anos 70. É o caso da fusão de imagens de Page, como se ele estivesse frente a frente com si próprio, a ponto de as guitarras “colarem” umas nas outras. Ou da multiplicação de imagens, com sombras sem fim formando um arco atrás do guitarrista. Mas não são os efeitos que marcam o filme, e sim a simplicidade de deixar o show rolar por si só. É possível ver detalhes em close como o de uma corda “amassada” na guitarra de Page ou o pé de John Paul Jones controlando os pedais do teclado, mas – graças aos deuses – não há nada de efeitos multicâmeras; é a música que comanda as imagens, não o contrário. O repertório é enfático no auge do grupo, registrado no filme “The Song Remains The Same”, de 1976; metade das músicas é a mesma. A novidade é a ótima versão para “For Your Life”, música do álbum “Presence” que jamais fora toca ao vivo.Há muitos grandes momentos no filme, como a já citada “Stairway to Heaven”, emblemática canção de uma época e símbolo maior da balada perfeita que começa lentinha e termina num esporro dos diabos. Ou ainda no final, com “Kashmir”, que revela um excepcional performance conjunta do quarteto, mas sobretudo de Jason Bonham, que espanca seus tambores com técnica e criatividade à toda a prova. Ou “Black Dog”, rock pauleira os bons, tocada como deve ser, com o indefectível riff da guitarra de Page. Mas o melhor de tudo no filme, com o perdão do clichê colocado de propósito, é o conjunto da obra. É ver o impossível: uma banda que parecia morta e enterrada, vivinha da Silva, numa apresentação a ser apontada como a melhor de um grupo de rock em muitos anos. Se você foi a um dos shows da atua turnê de Robert Plant e achou o máximo, precisa assistir a este DVD. É a única forma de descobrir que, definitivamente, uma coisa é uma coisa, e, outra coisa, é outra coisa.
O lançamento do DVD de “Celebration Day” acontece no próximo dia 19. O pacote é duplo, e, no Brasil, sai na edição standard (boxes 1DVD/2CD e 1Blu-ray/2CD); em CD duplo, com o áudio correspondente; e em edição digital. Clique aqui para ver o trailer oficial do filme.
Set list completo
1- Good Times, Bad Times
2- Ramble On
3- Black Dog
4- In My Time Of Dying
5- For Your Life
6- Trampled Underfoot
7- Nobody’s Fault But Mine
8- No Quarter
9- Since I’ve Been Lovin’ You
10- Dazed And Confused
11- Stairway To Heaven
12- The Song Remains the Same
13- Misty Mountain Hop
14- Kashmir
Bis
15- Whole Lotta Love
Bis
16- Rock And Roll
Tags desse texto: Cinema, Led Zeppelin
Uma banda realmente incrível e com um som único. O tempo passa e a famosa banda Led Zeppelin continua empolgando milhares de fás ao redor do planeta.
Aqui em Aracaju tivemos sérios problemas com o som péssimo das salas do Cinemark, mas deu pra curtir …
Show!!!
Led eternizando o bom e velho rock’n Roll!!!!
Caraaaaaca man! preciso ver!!!
Cara, o show é extraordinariamente bom! Aqui em floripa o Cinemark também deixou a desejar muito no som. Em casa, com a tv ligada no som estero já ficou muuuuito melhor!