O Homem Baile

Roubada

Mal escalado, Chris Cornell sofre para apresentar um repertório de sucessos só com voz e violão no SWU. Fotos Divulgação: Marcos Hermes (1) e Flora Pimentel (2 e 3).

Chris Cornell trouxe um show cheio de sucessos para o SWU, mas que não funcionou no formato acústico

Chris Cornell trouxe um show cheio de sucessos para o SWU, mas que não funcionou no formato acústico

Um show acústico estúpido. Foi assim que o próprio Chris Cornell, irônico, apresentou ao público o espetáculo mal colocado no último domingo, no SWU, se antecipando à crítica. Por que, então, fazê-lo? Ao que parece a produção do festival, obcecada pelos anos 90, tentou trazer o Soundgarden para o cast desse ano, mas, ao consultar os empresários, obteve a resposta: “Soundgarden só depois de lançar o disco no ano que vem, não serve o Chris Cornell?” Equipe pequena, custos reduzidos e, quando se viu, lá estava o pobre do Cornell com o violão dependurado no tronco encarando a multidão.

Alain Johannes dá uma força ao amigo Cornell

Alain Johannes dá uma força ao amigo Cornell

Repertório não lhe falta; voz muito menos. Mas não há nada mais anticlímax do que uma apresentação no estilo trovador solitário em um festival dimensionado para receber 70 mil pessoas por noite. Para piorar, o som estava cheio de problemas, ao menos até a quinta música, “Be Yourself”, do Audioslave, quando um gênio retirou e recolocou um plug do equipamento, como quem corrige o problema de um três em um na sala de casa. E, àquela altura, achava-se que o roadie de Cornell havia saído no tapa com outro do Ultraje a Rigor – na verdade a briga foi com a equipe de Peter Gabriel – e havia quem xingasse o músico por isso. Talvez por causa do atraso, o set teve três músicas a menos em relação ao que foi divulgado antes; bom que “Imagine”, de John Lennon, dançou.

Cornell tem a companhia de Alain Johannes, da banda Eleven, parceiro dele no álbum “Euphoria Morning” (1999), que toca ukelelê e o acompanha nos vocais. Como prêmio, ganha a oportunidade de levar uma música própria, sozinho. Ele bem que poderia ter ajudado em “Hunger Strike”, clássico oculto do Temple Of The Dog, fazendo o duelo de vozes originalmente gravado por Cornell e Eddie Vedder (Pearl Jam), mas não funcionou. A versão que dá certo de verdade é a de “Like a Stone”, do Audioslave, cuja gravação original, lenta e repleta da típica dramaticidade vocal de Cornell, não se perde no violão solitário. Mas que o estupendo solo de Tom Morello faz falta, isso faz.

Chris Cornell prometeu o Soundgarden para 2012

Chris Cornell prometeu o Soundgarden para 2012

Em “Black Hole Sun”, marcada pelo fabuloso arranjo à anos 70, Cornell faz duas vozes e duela com ele próprio, num outro bom momento do show. Curiosamente, o músico inclui “Billie Jean” de última hora no set e acaba agradando o ralo público que mais conversava do que prestava atenção. No final, com “Blow Up the Outside World” ele consegue até arrancar um coro tímido da platéia e encerra a apresentação em tom de alívio. O músico, que reclamava no início que sempre chove nos shows dele, ao menos, prometeu o Soundgarden para o ano que vem. Será muito bem-vindo.

Set list completo:

1- Doesn’t Remind
2- Wide Awake
3- Can’t Change Me
4- Fell On Black Days
5- Be Yourself
6- Wooden Jesus
7- Like A Stone
8- Black Hole Sun
9- Billie Jean
10- Endless Eyes
11- Hunger Strike
12- Blow Up the Outside World

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Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. Rafael em novembro 21, 2011 às 17:30
    #1

    Pô, o Soundgarden ta tocando direto lá fora, não entendo porque não poderiam vir pra cá, desperdício total um repertório desses num formato infeliz … :/

  2. Debora em janeiro 26, 2012 às 1:36
    #2

    Curto muito Chris Cornell, mas o show nao deu certo pra ele. Talvez em um público menor e melhor dê mais certo!

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