O Homem Baile

Triste decadência

Tresloucada, Courtney Love transforma apresentação do Hole no SWU em um verdadeiro show de horrores. Fotos Divulgação: Caroline Bittencourt (1 e 2) e Pedro Carrilho (3 e 4)

Courtney Love fez de quase tudo um pouco no show de encerramento do palco New Stage, menos cantar

Courtney Love fez de quase tudo um pouco no show de encerramento do palco New Stage, menos cantar

O que era para ser um show do Hole, o de encerramento do palco secundário do SWU, no último domingo, acabou se transformando num verdadeiro freak show por conta das atitudes inusitadas – para dizer o mínimo - de Courtney Love. Primeiro que o grupo, que bem poderia ter sido escalado num dos palcos principais, no dia 14, na verdade estava inativo e foi remontado às pressas para não perder a oportunidade de fortalecer a conta bancária e para Courtney aparecer mais um pouco – uma de suas especialidades. Mal ensaiado, o quarteto pouco conseguia tornar as músicas reconhecidas pelo público, mas esse nem era o maior problema.

Duas das modelos contratadas para o show

Duas das modelos contratadas para o show

O show era um equívoco já na paisagem do palco. Vestida como uma odalisca mal acabada, uma esquálida Courtney Love contratou, vestiu e maquiou (com um mau gosto terrível) quatro modelos para ficarem dançando durante o show, segundo ela porque “as brasileiras são as mais gostosas”. As meninas, no padrão magérrimo que pauta os desfiles de moda, mal sabiam o que fazer diante do espetáculo comandado por Courtney. Esta, por sua vez, falava mais que cantava, repetindo frases de efeito que já haviam sido publicadas na grande imprensa brasileira na semana do festival. Tocar, que é bom, nada.

Em “Skinny Little Bitch”, Courtney pede a camiseta de uma fã do gargarejo, com os dizeres “Courtney be my bitch” (Courtney seja minha piranha, em português) e decide vesti-la. No processo, “deixa” os peitos de fora, para delírio dos caça celebridades de plantão. A vocalista fuma direto e pede batom emprestado das meninas da grade. O público que se ajunta na frente do palco é formado por mulheres (muitas do sexo masculino) que gritam a valer a cada fala de Courtney, que percebe e desanda a tagarelar, fazendo o discurso repercutir mais que a música. E aí sobra para todo mundo: acusa Dave Grohl, ex-baterista do Nirvana e líder do Foo Fighters, de roubar-lhe dinheiro; diz que “não trepou com o líder do Smashing Pumpkins, Billy Corgan, na verdade só uma vez”; detona os fãs de Nirvana e assim por diante.

Courtney Love veste camiseta dada por fã

Courtney Love veste camiseta dada por fã

Quando um fã mostra um cartaz em alusão ao Nirvana, Courtney fica brava de verdade e retira o grupo do palco. “Querem Nirvana? Vão ver o Foo Fighters então!”, disse, antes de sair. Enquanto boa parte da plateia se diverte com o coro de “Foo Fighters! Foo Fighters!”, o guitarrista Micko Larkin volta e pede para que o público grite “Foo Fighters é gay”, para que a moça retorne; voltaria de uma forma ou de outra. Courtney age como uma criança, querendo mostrar que é melhor que a coleguinha da escola que tem mais talento. No fundo, tentar voltar a ser a artista de sucesso que na verdade nunca foi, sempre à sombra do reconhecimento de outrem. Não dá mesmo para esperar mais nada de uma groupie que corre atrás de músicos famosos desde a adolescência.

Difícil sobrar música num contexto grotesco desse naipe, sobretudo numa banda formada nas coxas. “Foram dez ensaios, sete, na verdade”, admite Courtney, que cantou mal, desafinou e errou letras em várias músicas, constrangendo até os demais integrantes da banda. Com esforço, dá para destacar “Skinny Little Bitch”, tocada antes de tanto blábláblá; “Celebrity Skin”, uma das poucas levadas com o pique que um show de rock exige; e citações a Rolling Stones (“Sympathy For the Devil”), U2 (“The Fly”) e Lady Gaga (“Bad Romance”). Agora só resta a Courtney Love amargar o recrudescimento da própria decadência.

Fãs homenageiam Courtney Love com cartazes

Fãs homenageiam Courtney Love com cartazes

Set list completo (fornecido pela banda antes do show):

1- Pretty on the Inside
2- Skinny Little Bitch
3- Miss World
4- Violet
5- Honey
6- Reasons to Be Beautiful
7- Malibu
8- The Fly
Bis
9- Celebrity Skin
10- Plump
11- Pacific Coast Highway
12- How Dirty Girls Get Clean

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Comentários enviados

Existem 7 comentários nesse texto.
  1. Letícia Manhães em novembro 20, 2011 às 15:50
    #1

    Ridícula é pouco! Concordo com tudo nessa matéria! Ela não percebe o mico que é ficar falando mal do FF? A única coisa que as pessoas pensam é que ela tem inveja do FF! hahaha
    Mas acho que o pior de tudo é o festival contratar essa maluca!

  2. Paca em novembro 21, 2011 às 12:39
    #2

    Maneiro esculhambar a parada toda e ter um bom e velho espírito punk vacilão por parte dela. Achei lindo!

  3. Icaro em novembro 21, 2011 às 17:26
    #3

    Essa mulher é uma piada. Essa banda foi e sempre será uma grande bosta.

  4. Rafael em novembro 21, 2011 às 17:33
    #4

    Fica faltando só o talento, né Paca?

  5. Dave em novembro 22, 2011 às 11:26
    #5

    O Hole em estúdio pra mim, sempre funcionou. Várias músicas legais (e bem produzidas), mas ao vivo sempre deixou a desejar. E este show, meu Deus, vergolha alheia.

  6. Rowse em novembro 29, 2011 às 14:31
    #6

    Achei muitos comentários totalmente desnecessários nesse texto. O show não foi realmente lá grandes coisas. Mas nada disso foi supresa pra quem já conhece Courtney. Se eu estivesse lá e não fosse o Duran Duran tocando ao mesmo tempo em outro palco, eu curtiria, com certeza!

  7. Daniel K em dezembro 1, 2011 às 7:12
    #7

    Eu até hoje não sei quem contou pra ela que ela era uma cantora ou que tinha algum talento para a música. Esse sim é o culpado por essa porcaria.

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