O Homem Baile

Comando para mudar

Em gravação de DVD, Pitty reencontra platéia participativa que contribui para habitual catarse; banda toca quase a íntegra do novo álbum, ignora o segundo e desenterra músicas do primeiro. Fotos: Luciano Oliveira.

Pitty solta a voz em noite em que recebe o 'de acordo' do público para tudo que propõe

Pitty solta a voz em noite em que recebe o 'de acordo' do público para tudo que propõe

Pitty e sua banda voltaram a lotar o Circo Voador, no Rio, ontem à noite, para a gravação de um novo DVD. E encontrou uma platéia sedenta para participar, jogando confetes, segurando balões de gás, agitando bandeiras e lançando serpentinas. O resultado foi uma catarse coletiva que só não foi maior porque a produção tentou enquadrar a manifestação dos fãs para o formato de TV – medida altamente impopular, diga-se. Mas nada parecia atrapalhar o estado de espírito do público, nem mesmo o fato de o repertório, em princípio, ter ignorado os hits do passado e até “Anacrônico”, o segundo álbum, inteirinho. Tá pra nascer um artista com o público tão na mão.

Pitty canta com o figuraça Hique Gomes

Pitty canta com o figuraça Hique Gomes

Antes, um parêntese. Havia um tempo em que a gravação de um álbum ao vivo era fruto do lançamento de uns quatro, cinco álbuns e suas respectivas turnês. Hoje, o mercado exige novos DVDs a toda hora, e cabe ao artista se virar para não se tornar repetitivo. Para este quarto vídeo (são só três discos!) Pitty e sua banda se prepararam e criaram roteiro, cenário e repertório próprios, de modo a não cair na armadilha de insistir “nas mesmas músicas de sempre”. O preço a pagar é ver o público pedindo os grandes hits (são vários) enquanto o artista tenta mostrar, inclusive, músicas novas.

Fechado o parêntese, Pitty se dá bem porque tem uma banda excelente, que já toca junto há bastante tempo e lhe dá estofo para tirar da cachola um repertório incomum, incluindo sobras do último disco, “Chiaroscuro”. Dele, apenas a pobrezinha “A Sombra” não foi apresentada. Um exagero, já que só discos clássicos têm músicas boas de cabo a rabo. Se de um lado as ótimas “Rato na Roda”, com um final sinistro, “Fracasso” e “Me Adora”, próxima do pop perfeito, tiveram grande destaque, de outro faixas do tipo “para compor o elenco” decepcionaram. Caso de “Trapézio” e “Só Agora”, na qual a própria cantora diz que é a “hora de tomar uma água”. “Água Contida”, de seu lado, salvou pela participação no violino de Hique Gomes, figuraça do Tangos & Tragédias que tirou Pitty para dançar.

O baixista Joe e Pitty interagem no palco

O baixista Joe e Pitty interagem no palco

Mas foi o outro convidado que deu um up grade no show. Além de cantar em “Senhor das Moscas”, uma das mais pesadas da noite, de sua banda, Fábio Cascadura ajudou Pitty a levar “Sob o Sol” a um final surpreendente. Já a adição de teclados, uma das novidades que mais motivava Pitty durante os ensaios, praticamente passou despercebido. O trabalho de Bruno Cunha, do Caixa Preta, só realçou em algumas músicas, como em “Rato na Roda” (parecia Pink Floyd na nervosa “On The Run”) e na boa “Medo”. Pitty, de seu lado, embora tivesse domínio da situação, parecia nervosa em alguns momentos, preocupada em olhar para uma das câmeras e em acionar um pedal o tempo todo – seria efeito de sustentação de voz? Nada, entretanto, que prejudicasse o show como um todo.

De música nova, só uma: “Comum de Dois”, tocada ao vivo pela primeira vez. Embora tenha sido lançada esta semana na internet, não houve tempo de o público aprender a cantar, mas a diversão continuou. Musicalmente, trata-se de um flerte descarado com o rock dos anos 00, chupado dos 80 – leia-se o indie dançante de Franz Ferdinand e adjacências. Como a letra é inspirada na estapafúrdia transformação do cartunista Laerte, o resultado, no público, foi a exaltação da cultura gay, cuja comunidade, representada por ambos os sexos, compareceu em bom número. Convenhamos: tudo que Pitty não precisava, a essa altura, era de um hino gay. Outro momento de saliência aconteceu em “Desconstruindo Amélia”, que, por sua vez, é tema da libertação feminina. Foi só a música começar, ainda no início do show, para que dezenas de mocinhas subissem nas costas dos rapazes para sacar as blusas, exibindo belos sutiãs. Pitty aprovou.

A participação de Fábio Cascadura foi um dos pontos altos da noite

A participação de Fábio Cascadura foi um dos pontos altos da noite

Com esse DVD a ser lançado em março, Pitty deve fechar um ciclo. A ausência do álbum “Anacrônico” e a inclusão de músicas “old school” de “Admirável Chip Novo” acabou expondo um abismo entre duas épocas distintas, reforçando ainda mais o caráter de transição de “Chiaroscuro”, que, afinal, foi a vedete do show. De um lado, o peso dos anos 90, referência translúcida de Pitty e sua banda; de outro, o pop rock leve e, com sorte, colante, turbinado pelo caminho apontado por “Comum de Dois”. Incertezas que seguramente não passaram pela cabeça da platéia, que, ao cantar, em coro, no intervalo do bis, ganhou de presente os blockbusters “Admirável Chip Novo” e “Máscara”. Eles bem que fizeram por merecer.

Pitty mira o público e aposta em mudanças

Pitty mira o público e aposta em mudanças

Set list completo:

1- 8 Ou 80
2- Fracasso
3- Desconstruindo Amélia
4- Água Contida
5- Emboscada
6- Trapézio
7- Rato na Roda
8- Só Agora
9- Medo
10- Comum de Dois
11- Só de Passagem
12- Pra Onde Ir
13- Sob o Sol
14- Senhor das Moscas
15- O Lobo
16- Se Você Pensa
17- Todos Estão Mudos
18- Me Adora
Repetição para o DVD
19- Só de Passagem
20- Sob o Sol
21- Comum de Dois
Bis
22- Admirável Chip Novo
23- Máscara

Clique aqui para ler mais sobre a Pitty

Leia entrevista completa com a Pitty

Veja todas as fotos do último show no Circo Voador, em agosto

Leia a resenha do show de lançamento do álbum “Chiaroscuro”, no ano passado

Clique aqui para ouvir a música nova, “Comum de Dois”

Veja a como é a letra da música “Comum de Dois”

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Comentários enviados

Existem 8 comentários nesse texto.
  1. Michael Meneses/Parayba Records em dezembro 19, 2010 às 10:41
    #1

    Aproveito a resenha para mercionar e agradecer as centenas de compactos e posters em edição especial vendidos no Stand da Parayba Records, de fato a platéia foi participativa!

  2. Marcella em dezembro 20, 2010 às 8:15
    #2

    Resenha escrota.

  3. Samira em dezembro 20, 2010 às 10:57
    #3

    “A Pitty não precisava a essa altura de um hino gay”. Deplorável. Essa música não é para chamar a atenção dos gay, lésbicas e travestis, foi apenas uma inspiração que ela teve para compor o personagem da música, com a história de Laerte.
    “Comum de Dois” não foi tocada pela primeira vez ao vivo. Ela já havia apresentado em outro show.
    Meu amigo, acho melhor se informar antes de sair publicando o que lhe vem a cabeça. Com certeza a Pitty não leu sua resenha porque, senão, nunca colocaria link no twitter.

  4. {G.} Henryke em dezembro 20, 2010 às 16:07
    #4

    Resenha simplesmente deplorável, não houve uma base, ele nem se quer sabe do que se trata e falou o que lhe veio a mente. Nem se quer leu o twitter da Pitty, onde ela deixou claro que não é um hino gay, não se trata de uma forma de chamar atenção ou conquistar esse publico.

  5. Yasmin Ribeiro em dezembro 20, 2010 às 17:38
    #5

    Não gostei da resenha, tive de ler duas vezes para entender algumas coisas sem nexo, e não é falta de inteligência e muito menos preguiça, até porque a mais interessada nesse caso sou eu, a leitora, fã de Pitty, que por alguns bons motivos não pôde comparecer à gravação do DVD.

    “Mas foi o outro convidado que deu um up grade no show. Além de cantar em “Senhor das Moscas”, uma das mais pesadas da noite, de sua banda, Fábio Cascadura ajudou Pitty a levar “Sob o Sol” a um final surpreendente.”

    Não é bem isso que eu ouvi dos fãs presentes, muitos até fãs também do grande Senhor Fábio Cascadura.

    “Outro momento de saliência aconteceu em “Desconstruindo Amélia”, que, por sua vez, é tema da libertação feminina. Foi só a música começar, ainda no início do show, para que dezenas de mocinhas subissem nas costas dos rapazes para sacar as blusas, exibindo belos sutiãs. Pitty aprovou.”

    Antes de você fazer essa resenha, deveria ter se informado melhor de como são os shows de Pitty e o que acontece neles, por vontade do público! Desde o ano passado, no show do Kazebre, “Desconstruindo Amélia”, tem esse “momento de saliência” que Pitty não precisou aprovar para acontecer ou deixar de acontecer, não é nada novo, inclusive é um “velho” momento conhecido pela banda.

  6. felipe em dezembro 20, 2010 às 21:02
    #6

    Resenha escrota, escrota é pouco

  7. Jonass em dezembro 29, 2010 às 15:30
    #7

    Ótima resenha. Fala dos pontos altos e baixos do show, normal.
    Bando de fã chiliquento.

  8. Fabio em janeiro 10, 2011 às 14:09
    #8

    Pitty é fraquinha!
    E bobinha demais… fica se esforçando pra mostrar a língua enquanto canta pra todos verem que ela tem um piercing lingual…

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