No Mundo do Rock

Sete perguntas para a Pitty

Cantora volta ao Circo Voador na sexta para o lançamento do DVD gravado no mesmo local, em dezembro; veja como será o show. Foto: Luciano Oliveira.

pittydvd-7Na próxima sexta (27), Pitty volta ao Circo Voador para o lançamento do novo DVD, gravado ali mesmo, há cinco meses. “A Trupe Delirante no Circo Voador” tem como carro chefe o clipe para a música “Comum de Dois”, que já bomba diariamente na web. A faixa é a única inédita do vídeo, e aponta caminhos para sonoridade da banda, que deve partir para gravar um novo álbum de inéditas.

Depois de muita conversa longa, dessa vez batemos um papo rápido com a Pitty, no esquema “cinco perguntas para…” (ok, acabaram sendo sete) a fim de descobrir como vai ser o show de sexta, as razões para o sucesso instantâneo de “Comum de Dois” e o que podemos esperar da sequência da carreira da cantora e sua banda. Confira:

Rock em Geral: Como será esse show de lançamento do DVD, na sexta, no Circo Voador? Alguma coisa diferente em relação ao repertório do DVD?

Pitty: Acredito que sim, ainda não montei o set list. Vai ter mais a ver com o DVD do que não, mas é possível que a gente troque uma ou duas músicas. Vamos decidir na hora.

REG: Esse show vai ser o primeiro no formato “lançamento do DVD” ou já têm sido assim nos shows pelo interior? Você percebe uma reação diferente do público ou o pessoal não está nem aí?

Pitty: O show é sempre adaptável a todas as condições diferentes que a gente encontra pelo caminho. Agora estamos meio que na transição entre o “Chiaroscuro” e o DVD, e o repertório dos dois anda bem mesclado. Penso sempre em priorizar o disco e as músicas da turnê em questão, mas se rola de tocar numa cidade onde não vamos há muito tempo, incluo as músicas mais conhecidas. A reação para com a turnê nova e as músicas do DVD têm sido excepcionalmente boas.

REG: A música “Sob o Sol” foi gravada para o DVD, mas acabou ficando de fora na edição final. Foi uma opção técnica ou artística?

Pitty: As duas coisas. A execução não ficou legal na hora, e, além disso, quando vimos o show montado, ela não encaixou tão bem quanto a gente imaginava no meio daquele repertório. Acontece.

REG: O conteúdo do DVD é idêntico ao do CD; ou seja, ficou muito espaço sobrando. Isso se deve ao excesso de DVDs que hoje um artista popular tem que gravar por exigência do mercado, e acaba não tendo mais o que colocar, ou você queria algo mais “enxuto” mesmo?

Pitty: Não achei que ficou espaço sobrando, achei que ficou redondo. Mais do que isso, pra mim, seria encher linguiça. Não entendo porque existe essa cobrança tola por quantidade; números. As pessoas se preocupam mais com quantas faixas tem um disco do que se as que tem são boas de verdade. Pra cumprir essa obrigação, nego acaba completando as obras com músicas completamente irrelevantes. Isso acontece em show também. Às vezes ouço: “ah, tal banda faz três horas de show, etc”, como se a duração fosse o mais importante de tudo. Pois eu fui num show do Mars Volta que durou quarenta minutos e valeu mais do que muito show de três horas. Intensidade vale mais que quantidade.

REG: O clipe da única música nova do DVD, “Comum de Dois”, bateu um milhão de views no web. Você atribui isso à música propriamente dita (que é um chiclete dos bons) ou à mobilização dos fãs, que resultaria nesse número, fosse qual fosse a música escolhida?

Pitty: Talvez tenha a ver com a música. Porque os fãs se mobilizam e apóiam, e sempre tem um resultado bacana; mas quando a música extrapola esse nicho e atinge outras pessoas o resultado é ótimo. Tenho visto comentários de gente que nem era tão ligado na banda, e que chegou mais perto por causa dessa música.

REG: Se “Chiaroscuro” se impunha como uma transição na sua carreira, “Comum de Dois”, que flerta com o revival oitentista dos anos 00, abandona de vez as suas origens noventistas. É mais ou menos isso que podemos esperar do próximo trabalho?

Pitty: Se nem eu sei o que esperar do próximo trabalho, imagina você (risos). Olha, eu não sabia o que seria “Comum De Dois”. Essa sua sensação com a música, inclusive, me surpreende. Não tinha notado isso, mas tem a ver mesmo. Eu saio fazendo as músicas ao meu bel-prazer, não fico racionalizando. Por isso não sei exatamente o que vai permear o próximo disco, as influências ou os sabores. Deixa chegar mais perto.

REG: “Comum de Dois” tem um trânsito amplo na comunidade gay. Você fez a música já pensando nisso? Você circula bem bem por esse nicho ou é tudo novidade pra você?

Pitty: Não fiz a música pensando nisso, nem em nada parecido. Fiz essa letra porque fiquei encantada com a história do Laerte e isso me inspirou a escrever. A busca pela liberdade, a aceitação das diferenças e diversas possibilidades, esse tema me cativa desde sempre, desde “Máscara”. Nessa música um outro exemplo foi usado para discutir o mesmo assunto, apenas. Mas transito bem em todos os nichos; aliás, não faço distinção entre “nichos”, pra mim todo mundo é todo mundo. Não tem essa de comunidade gay e comunidade hétero; pra mim é tudo pessoa, gente. Na minha cabeça não existe esse apartheid.

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Comentários enviados

Existem 8 comentários nesse texto.
  1. Márcia Queiroz em maio 24, 2011 às 12:07
    #1

    Eu achei legal o que a Pitty falou, ”Intensidade vale mais que quantidade.” Tanto é que postei no meu twitter @ma_queirooz. Eu gostaria muito de participar desse DVD, que com certeza ela vai botar pra quebrar, como sempre.

  2. phil meneses em maio 24, 2011 às 12:11
    #2

    Muito massa! Falou bonito, hein Pitty?

  3. Gislaine em maio 24, 2011 às 13:22
    #3

    Pitty é Diva sempre… por que ela tem mais massa cinzenta do que muita gente que se acha! =D

  4. joao paulo em maio 24, 2011 às 13:58
    #4

    Pitty diva sempre diz o que eu penso, rainha do rock!

  5. Samira em maio 24, 2011 às 14:01
    #5

    “Na minha cabeça não existe esse apartheid”. É isso ai, Pitty como sempre, foda!

    Me orgulho muito de ser fã!

  6. Andreza em maio 24, 2011 às 14:52
    #6

    Olha, tenho orgulho de ser dessa nova geração que fala o que quer e faz o que tem vontade! Sem discriminar ninguém… essa geração Pitty!

  7. Sara k. em maio 24, 2011 às 15:17
    #7

    A Pitty arrasou na entrevista e o que ela falou foi certo, ter tantas músicas não significa que o show vai ser bom ou não, o importante é que todas as músicas sejam boas!

  8. nando em maio 24, 2011 às 22:46
    #8

    Perfeita como sempre! Acabei de ler uma entrevista dela em outro site! Ela é otima! “… pra mim é tudo pessoa, gente. Na minha cabeça não existe esse apartheid.”

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