O Homem Baile

Talhada para o rock

Repertório variado e rock’n’roll na veia de Lzzy Hale garantem o ótimo show do Halestorm no Maximus Festival. Fotos: Alessandra Tolc.

A vocalista e guitarrista do Halestorm, Lzzy Hale, atuando mais como cantora no início do show

A vocalista e guitarrista do Halestorm, Lzzy Hale, atuando mais como cantora no início do show

O troféu de melhor show da edição de estreia do Maximus Festival só um júri especial formado pela produção decidiria quem leva. Mas o de Miss Simpatia pode ser entregue de antemão para Lzzy Hale. A moça, sócia proprietária, guitarrista e vocalista do Halestorm, encara o público como se fosse o próprio rock, sob roupa justa de couro, com a guitarra em punho e um sorrisão de óculos escuros de frente para o sol. E olha que o astro rei pouco deu as caras na tarde nublada do Autódromo de Interlagos, em São Paulo, no último Dia da Independência. O suficiente para o quarteto brilhar, dentro do possível e dos limites de tempo, como aconteceu há cerca de um ano, no Rock In Rio (relembre).

Ou, por outra, um show um pouco menor, encerrado dentro dois mínimos 50 minutinhos a que o grupo teve direito, mas de roteiro bem parecido, se considerarmos o repertório, todo embaralhado, embora iniciado com a ótima “Love Bites (So Do I)”. Não só pelo apelo que a canção tem até para o marinheiro de primeira viagem, mas – e sobretudo por isso – pelo approach da dupla Lzzy + Joe Hottinger e suas guitarras envenenadas na beirada de palco. Se nem quem está lá atrás vindo do bar resiste, imagina a turma da grade? E os dois ainda seguem duelando de verdade em “Mz. Hide”, dotada de um riff seguramente pescado das profundezas do heavy metal. Assim como “Freak Like Me”, dessa vez adiada para a parte final do set, funcionando muito bem.

Flagra da ótima dupla de guitarrista, Lzzy e Joe Hottinger, detonando na beirada do palco

Flagra da ótima dupla de guitarrista, Lzzy e Joe Hottinger, detonando na beirada do palco

Para não ficar para trás, o outro sócio proprietário tem direito a um solo de bateria dentro de “I Like It Heavy”, espécie de rock aplicado na veia do povão que não se faz de rogado e a entrega é linda. Só um mimo para Arejay Hale, irmão de Lzzy, que nem precisa do artifício, já que senta o braço sem dó em praticamente todas as 10 músicas escolhidas para o bonito entardecer. Metade delas está no disco mais recente deles, “Into The Wild Life”, apenas o terceiro de uma carreira que ainda tem muito a frutificar, lançado no ano passado. Uma delas é “I Am the Fire” (como tem “I” nos títulos!), que segue a vocação das baladaças de terminar numa pauleira daquelas.

Outro advance para Lzzy é a voz rascante que dá a entender que a moça já nasceu talhada para o rock e o rock para ela. No início, dá a entender que ela não vai aguentar cantando e gritando até o fim, mas faz parte do conjunto da obra a rouquidão, inerente, aliás, a grandes nomes do rock ao longo do tempo. Assim, quando chega a vez de “Mayhem”, pedrada sinistra, ela exige os “chifrinhos de Ronnie James Dio para cima” e desanda a vomitar a letra da música, que deságua em um cantarolar entregue para a cumplicidade do público. Hottinger, parceiro fiel, mas não acovardado, impinge um dos melhores solos de guitarra da noite, que Lzzy completa sem cerimônia alguma. Eis um grande momento do show, que o Rock In Rio não viu.

Lzzy e o brother Arejay, que tem direito a um momento solo, embora espanque os tambores o tempo todo

Lzzy e o brother Arejay, que tem direito a um momento solo, embora espanque os tambores o tempo todo

Mas viu, assim como o Maximus, que ajudou cantando, logo no início, o bom refrão de “Apocalyptic”, grudento que só ele, que faz da música, espécie de blues pesadão dos quintos dos infernos, algo fortemente palatável. E é mais ou menos assim que segue o show do Halestorm, com flertes aqui e acolá com o rock, o hard rock e o metal, numa boa demonstração de que um segmento só pode ter muitas e boas variações. E que é possível fazer isso com certo equilíbrio e bom gosto. O desfecho engrandecedor vem com um verdadeiro show instrumental no hit “I Miss The Misery”, com os músicos – não esqueçam o baixista Josh Smith – duelando entre si. Promissora banda liderada por grande frontwoman.

Set list completo:

1- Love Bites (So Do I)
2- Mz. Hyde
3- Apocalyptic
4- Amen
5- I Like It Heavy
6- I Am the Fire
7- I Get Off
8- Freak Like Me
9- Mayhem
10- I Miss the Misery

Empunhado a guitarra com muita propriedade, Lzzy Hale comanda o show do Halestorm do início ao fim

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