O Homem Baile

Festa vespertina

Arisco, Bullet For My Valentine reencontra público jovem e fiel no Maximus Festival. Fotos: Alessandra Tolc.

Os guitarristas Michael Paget e Matthew Tuck e suas palhetadas revitalizam o thrash metal original

Os guitarristas Michael Paget e Matthew Tuck e suas palhetadas revitalizam o thrash metal original

Um festival de música pesada que se preze tem que ter roda de dança. Nem que seja uma juvenil, de agressividade zero e até com pedido de desculpas. Pois é exatamente o que acontece ainda com o dia claro, quando o Bullet For My Valentine inicia o show, tocando “No Way Out”, um de seus números mais recentes, mas que desde cedo caiu nas graças dos fãs. Ou seja, já nasceu hit. Por incrível que pareça, o Palco Rockatansky, no Maximus Festival, não repete os problemas técnicos enfrentados mais cedo por outras bandas, e o som, distorcido e alto pra chuchu, tem impacto agressivo e imediato na plateia. Se você gosta das palhetadas do thrash metal, a hora é essa, e qualquer semelhança com o Metallica está longe de ser coincidência.

Porque o guitarrista Michael Paget pode não estar nem aí para comparações, mas faz de sua flying V a morada de riffs e marcações precisas que, sim, rementem à Bay Area californiana oitentista. Que o diga “Your Betrayal”, logo no início, que desencadeia um apanhado de bater de cabeças e punhos cerrados em coreografia, bem ali na frente, entre a grade que separa o público do palco e a tal roda do bem. Ou mesmo “Scream Aim Fire” (precedida por um solo de bateria apenas ok), pedrada das boas que sabidamente mistura altas doses de velocidade com a cadência thrash, permitindo o momento pula-pula relaxante. No palcão do Maximus, os integrantes do BFMV parecem mais ariscos, e o vocalista e guitarrista Matthew Tuck, de semblante mais, digamos, simpático, mostra boa forma subindo e descenso na plataforma da bateria.

Novo no BFMV, o baixista Jamie Mathias manda muito bem, inclusive nas vocalizações de apoio

Novo no BFMV, o baixista Jamie Mathias manda muito bem, inclusive nas vocalizações de apoio

O show é mais ou menos igual ao que os brasileiros viram em julho do ano passado (relembre), só que formatado para festival, isto é, com quatro músicas a menos. Nesse meio tempo, saiu o quinto disco da banda, “Venom”, e dele, entram “Worthless” e a faixa-título, não antecipadas daquela vez. Nem uma nem outra causa grande furor junto ao público, mesmo porque “Venom” é uma baladaça das boas que, numa hora dessas, serve mais para descansar as conexões dos neurônios do que para manter o ritmo. E a melódica “Worthless”, de tonalidades dramáticas, mas também com andamento assentado, mantém o pique morno antes do sprint final dos tempos olímpicos. Por isso, no quesito músicas novas realçam mesmo a lapidar “You Want a Battle? (Here’s a War)”, com aquele corinho matreiro pré-gravado no início, e a já torneada “No Way Out”.

Outra artimanha que se salienta mais nesse show de festival do que em outros é a boa participação do baixista Jamie Mathias, que entrou para a turma só no ano passado, e a coisa funciona muito bem entre ele e Tuck. O arremate mais que perfeito para a tarde de festa infanto-thrash metal é com a certeira “Waking the Demon”, um pulo com os dois pés nos cornos da plateia, e ainda assim – ou por isso mesmo – muitíssimo bem recebida. Antes, “Tears Don’t Fall”, sombria, mas não menos grudenta, faz o papel de preparação para o final, com Michael Paget investindo em nuances climáticos e também esmerilhando a guitarra na hora certa – e como ele faz isso bem! Mais um motivo para o bater de cabeça seguir sem amanhã em rodas de dança com ou sem agressividade.

Dono de um solo apenas ok, o baterista Michael Thomas imprime a velocidade inerente ao som do quarteto

Dono de um solo apenas ok, o baterista Michael Thomas imprime a velocidade inerente ao som do quarteto

Set list completo:

1- No Way Out
2- Your Betrayal
3- 4 Words (To Choke Upon)
4- You Want a Battle? (Here’s a War)
5- The Poison
6- Scream Aim Fire
7- Alone
8- Venom
9- Worthless
10- Tears Don’t Fall
11- Waking the Demon

Veja como foi o show do Marilyn Manson no Maximus Festival

Veja como foi o show do Disturbed no Maximus festival

Tags desse texto: ,

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

trackbacks

There is 1 blog linking to this post
  1. Rock em Geral | Marcos Bragatto » Blog Archive » Espetáculo destacado

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado