Precipitação
Apesar do bom show, vocalista do Disturbed mostra impaciência com o público e saca arsenal de covers no Maximus Festival. Fotos: Alessandra Tolc.
Mas é muito mais que isso. Dada as poucas intervenções solo para uma banda identificada com o metal e adjacências, o quarteto pega pesado pra valer em riffs, andamentos e evoluções de guitarra. Mais que isso, tem o dom de fazer grandes composições que conquistam as paradas na terra do Tio Sam, extrapolando os tais limites de um subgênero como heavy metal e suas ramificações. Mais ainda, tem justamente na peculiaridade do jeito de cantar de Draiman um de seus grandes trunfos. Um modo que consiste em soltar as palavras com o ritmo e a cadência (ou falta dela) que cada uma das composições exige. Uma marca registrada, desde sempre, dele e do Disturbed.
Ocorre que entre o sucesso gigante nos Estados Unidos e a quantidade de fãs no Brasil há um abismo considerável, e, por isso mesmo, David Draiman parece impaciente com a recepção do público, de modo que desde o início do show, tal qual um bedel ginasiano, passa a dar certos pitos, como quem diz “Como é? Vocês não vão agitar no meu show?”. Acontece, por exemplo, em com mais ênfase, em “Prayer”, quando ele próprio puxa aquele grito de torcida “Olê, olê, olê, Disturbed”, mas a reação do público é bem tímida, como em quase todo o festival, diga-se de passagem. Daí talvez o grupo ter sacado o tal medley desgovernado como arma secreta, o que, de fato, resultou em um ânimo maior, sobretudo da desinteressada turma do entorno; sim, o fenômeno chegou à música pesada.Não precisava e tampouco faz tanta diferença assim. Porque, guardadas as devidas proporções, o Disturbed tem, sim, estofo para encarar grandes plateias, aqui e em qualquer lugar. É o que se vê na dobradinha “Another Way to Die” + “Stupify”, a primeira com um belo solo bissexto de Dan Donegan, e a segunda, marcada e colante, hit do primeiro álbum da banda, “The Sickness”, lançado em 2000. A sequência poderia se completar com a porrada “Inside the Fire”, mas, entre elas, o grupo caprichou na versão de “The Sound of Silence”, de Simon & Garfunkel, com um arranjo de cordas ao vivo no palco, o que dá ares de orquestração completada pelos tambores gigantes do ótimo batera Mike Wengren. Montar set list não é a dos caras, ao que parece.
É a primeira vez do Disturbed no País, descontando um show perdido na Grande São Paulo em 2011, e talvez por isso não se tenha dado ênfase no álbum mais recente, o bom “Immortalized”, lançado no ano passado depois de a banda voltar de um recesso de uns quatro anos. Dele, foram escolhidas “The Light”, no momento “levante o seu celular acesso” do show, e a ótima “The Vengeful One”, a primeira a desencadear um bater de cabeças com o andamento pesado demais e arrastado. Mas o público curtiu mesmo sucessos como “Indestructible”, com os vocais de Draiman se destacando ainda mais, e “Stricken”, do álbum “Ten Thousand Fists”, de 2005, cuja faixa-título abriu a noite muitíssimo bem. Taí uma banda que precisa vir mais ao Brasil, até pra estreitar a relação de interação durante o show. Né, não, Mr. David?Set list completo:
1- Ten Thousand Fists
2- The Game
3- The Vengeful One
4- Prayer
5- Liberate
6- Another Way to Die
7- Stupify
8- The Sound of Silence
9- Inside the Fire
10- I Still Haven’t Found What I’m Looking For/Baba O’Riley/Killing in the Name
11- The Light
12- Stricken
13- Indestructible
14- Voices
15- Down With the Sickness
Tags desse texto: Disturbed, Maximus Festival
David Draiman impaciente? Você realmente estava lá ou isso é um comentário pessoal seu? Literalmente você não deveria expor tanta coisa ridícula. Pelo que eu vejo nos demais shows da banda, o David sempre fica andando de um lado para o outro, isso não quer dizer que ele esteja impaciente.