Quem ficou surpreso com a mocinha que roubou a cena ao cantar e tocar Led Zeppelin com os feras do Hollywood Vampires, no Palco Mundo (veja como foi) é porque chegou mais tarde na Cidade do Rock, na quinta. dia 24, e não viu o bom show da banda que ela comanda. A vocalista e guitarrista se chama Lzzy Hale, e a banda dela e do irmão, o baterista Arejay Hale, é o Halestorm, que fez bom papel na tarde no Palco Sunset. O som da banda, não associado a outras correntes da música pesada representadas no festival, flerta com o hard rock e o classic rock contemporâneo, o que lhe confere uma sonoridade bastante própria, realçada obviamente pela voz e pela presença de palco de Lzzy.

É o que se percebe logo de cara, na abertura, com “Love Bites (So Do I)”, a escolha perfeita não só por se tratar de um dos grandes hits da banda, mas porque a canção tem urgência ímpar, refrão pegajoso, solo no tamanho certo e dá logo o recado que tem que ser dado: de agora em diante, o bicho vai pegar. Em “Sick Individual”, realça a sonoridade explorada do blues da qual Jack White adora se apropriar, e não por acaso o guitarrista Joe Hottinger, figura das mais importantes no quarteto, empunha um modelo semi-acústico para mandar um solo dos mais interessantes, muito mais rock do que metal. A música é uma das sete do novo álbum do grupo, “Into the Wild Life’, lançado em abril, a entrar no set. Selvagem, pois não?

Lzzy Hale não se destaca só por cantar e tocar guitarra e por ser mulher em mundo dominado por varões sem noção em cima de um palco. Ela toca bem vários instrumentos, tem presença de palco e a voz, rouca, rascante e um pouco esganiçada, é talhada para cantar rock. Em “Mayhem”, outra das mais nervosas, a música engrena quando Lzzy força a voz sobre uma base metálica bem conduzida por Hottinger. Já na colante “Mz. Hyde”, uma das mais antigas, realça um sotaque do poppy punk à Green Day que se encontra com um riff típico do hard rock, conduzido por vocalizações agora mais doces da moça. Tudo isso sem perder o contexto do show, que, se não é um dos mais esperados da tarde, de outro lado não decepciona quem chegou mais cedo na Cidade do Rock.

O grupo entra no palco à toda, com a impressão de quer aproveitar a horinha que tem para mostrar o máximo possível do seu trabalho, sem caô de cover ou algo que o valha. Só escapa um mini solo do baterista Arejay Hale, mas o cara é irmão da dona, e aí não tem jeito. Por isso, 15 músicas são tocadas, todas com vigor inerente à juventude e ao rock. Outras que se destacam são “Apocalyptic”, que inicia com uma bela evolução de guitarras antes de Lzzy rasgar a boca, e chega ao ápice com os braços erguidos pelo público, em “I Miss the Misery”, guardada par um final digno de uma banda de rock pra valer. A música, uma das melhores do grupo, já começa com um cantarolar e reserva o peso para um refrão grudento que conquista o mais descrente no meio do povão. Um duelo final entre os músicos é a cereja no bolo. Com tudo isso, só um reparo precisa ser feito. Coraçãozinho, não, Lzzy. Chirinho, sim.

Set list completo:

1- Love Bites (So Do I)
2- It’s Not You
3- Freak Like Me
4- Amen
5- Sick Individual
6- Scream
7- I Am the Fire
8- I Like It Heavy
9- Drum Solo
10- Mayhem
11- I Get Off
12- Apocalyptic
13- Mz. Hyde
14- Here’s to Us
15- I Miss the Misery

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