O Homem Baile

Chiclete

Almah apresenta um punhado de músicas colantes no Hell In Rio e sai como um das boas surpresas do festival. Fotos: Nem Queiroz.

Almah em ação: o baixista Raphael Dafras, o guitarrista Diogo Mafra e o vocalista Edu Falaschi

Almah em ação: o baixista Raphael Dafras, o guitarrista Diogo Mafra e o vocalista Edu Falaschi

Não é sempre que o sujeito se dirige a um festival de heavy metal para ver uma banda de heavy metal e se depara com uma música que faz lembrar… Coldplay. E que, depois do fim do tal festival, e no dia seguinte, segue com aquela melodia grudenta na cabeça, como se só aquele “ôôô” fizesse sentido em meio a tantas outras bandas que tocaram no mesmo evento. Mas foi exatamente isso que aconteceu no último sábado, na edição de estreia do Hell In Rio, no Terreirão. A banda se chama Almah, e a música, que seguramente se o esperto Chris Martin escutar por aí, vai chamar de sua – e ele é bom em se apropriar do trabalho de terceiros - é “Speranza”, tocada já na parte final do show, com pompa e circunstância.

A apresentação, que antecede a do headliner Sepultura (veja como foi), contudo, não se encerra nessa ótima canção, mas se espalha em boas músicas que mostram a preocupação da banda, liderada por Edu Falaschi, com serviços prestados no Angra, em compor boas músicas, coisa nem sempre comum no metal, onde o cuidado com arranjos e com o entorno prepondera. E não é de hoje que isso acontece, uma vez que o repertório inclui músicas de vários álbuns da banda que, reunidas, formam um belo conjunto e lhe fornece a pecha de um dos melhores shows do festival. Uma agradável surpresa em meio a tantos nomes consagrados no elenco do Hell in Rio.

Edu Falaschi, que já foi do Angra, recebe o atual vocalista, Fabio Leoni, no show do Almah

Edu Falaschi, que já foi do Angra, recebe o atual vocalista, Fabio Leoni, no show do Almah

Mas é mais prudente dizer que “Higher”, que se vale de um riff de abertura matador, possui um daqueles refrães, em cima do próprio título, de atiçar até o menos familiarizado com a música, ainda mais quando os integrantes se aproximam da beirada do palco em boa evolução instrumental. Ou que “Age Of Aquarius”, que abre o show no gás, traz um Edu cheio de variações vocais e um ótimo solo de Diogo Mafra, em mais um exemplo de boa composição. As duas e também “Speranza” estão no novo álbum da banda, “E.V.O.”, lançado este ano, e que, a julgar por esta amostra, promete. O show também serve, de certa maneira, para mostrar que o Almah está longe de ser um reles derivativo do Angra, como muito se diz por aí, e já são cinco álbuns em uma carreira de uns 10 anos.

Mas o Angra também está no currículo de Falaschi, e, além do guitarrista Marcelo Barbosa ser o substituto imediato de Kiko Loureiro, convocado para o Megadeth, a banda recebe Fabio Lione para a execução de “Nova Era”, em um dos grandes momentos do festival, que a plateia adora e aplaude de montão. Outra do Angra no repertório é “Heroes Of Sand”, com o vocalista indo a incríveis limites vocais. Nem precisava nada disso, mas não quer dizer que não tenha sido bom. Porque outras músicas do Almah seguram muito bem o show. Caso de “Wings Of Revolution”, que tem a mesma vibe de “Speranza” e seduz o público com um belo solo de Barbosa; e de “Raise The Sun”, cujo refrão se espalha lindamente pela plateia. Em suma: ótimo show.

Hibria: o vocalista Iuri Sanson e o baixista hipster Ivan Beck em um show que foi crescendo aos poucos

Hibria: o vocalista Iuri Sanson e o baixista hipster Ivan Beck em um show que foi crescendo aos poucos

Mais cedo, espremido entre a agressividade do Claustrofobia e a retórica do Dead Fish, o Hibria fez um show que começou discreto e foi crescendo ao longo do set de cerca de 50 minutos. Por isso o público, até certo ponto contemplativo, só participa com mais interesse em “Blinded by Faith”, que desencadeia um pula-pula generalizado e leva o vocalista Iuri Sanson a descer no fosso que divide o palco do povão. A música termina com um belo duelo melódico entre os guitarristas Abel Camargo e Renato Osório. A novidade, entretanto, é “Leading Lady”, que faz parte do EP “XX”, lançado este ano, e tem um belo clipe em rotação na web. A canção aproxima o grupo, oriundo do metal melódico, ao classic rock contemporâneo e agrada geral.

Outros bons momentos aparecem em “Pain” e “Shoot Me Down”, que – aí, sim – tem o público pirando. O único senão fica para Sanson, que se filmava o tempo todo no palco, em vez de atuar como o bom vocalista que é. Como segunda banda do dia, e enfrentando um aguaceiro cruel, o Perception até que fez um bom papel, ainda mais como única identificada com o prog metal no festival. O grupo mandou quatro músicas, com destaque para o esforço do vocalista Dan Figueiredo na boa e pesada “Magnitude 666”, do disco mais recente, “Once And For All”, que saiu este ano; e “Surrender”, do anterior, quando o grupo tinha outro cantor. O show acabou sendo uma amostra um tanto tímida do trabalho do quinteto.

O esforço do vocalista do Perception, Dan Figueiredo: grupo enfrentou um aguaceiro cruel no sábado

O esforço do vocalista do Perception, Dan Figueiredo: grupo enfrentou um aguaceiro cruel no sábado

Set list completo Almah:

1- Age Of Aquarius
2- Wings Of Revolution
3- Beyond Tomorrow
4- Raise The Sun
5- Nova Era
6- Living And Drifiting
7- Solo bateria
8- Higher
9- Heroes Of Sand
10- Birds Of Prey
11- Speranza
12- Believer

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Perc3ption em novembro 9, 2016 às 13:53
    #1

    Orgulho em fazer parte da história desse grande evento, vida longa ao Hell in Rio!!!

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