O Homem Baile

Pelo metal

Com apresentação concisa e vigorosa, Korzus brilha em um dos melhores shows do Hell In Rio. Fotos: Nem Queiroz

O vocalista do Korzus, Marcelo Pompeu, mostra boa forma no ótimo show do domingo no Hell In Rio

O vocalista do Korzus, Marcelo Pompeu, mostra boa forma no ótimo show do domingo no Hell In Rio

Quer fazer um festival de heavy metal nacional de sucesso? Então não deixe de chamar o Korzus para o elenco, que não tem erro. Em um dia difícil para o Hell In Rio, que aconteceu nesse final de semana, no Terreirão, no Rio, repleto de atrasos e problemas com o equipamento de som, o grupo subiu no palco e detonou um set matador sem a menor cerimônia. Veterano na cena e liderado por Marcelo Pompeu, que segue com ótimos preparo físico e presença de palco, o quinteto esbanja confiança e entrosamento em uma formação que já dura quase 10 anos – o último a entrar é o guitarrista Antônio Araújo, em 2008 – e tem muito repertório para mostrar, fruto de mais de 30 anos de estrada.

Por isso pode parecer que o grupo entra no palco cedo demais, mas, de certo modo, a coisa funciona muito bem, já que se trata da primeira apresentação depois do entardecer e com a presença de público, que chegou a quatro mil no domingão, segundo os produtores, em seu maior momento. O show segue lançando o disco mais recente do grupo, “Legion”, que saiu em 2014 e tem três faixas tocadas. A que lhe dá título, deixada para o encerramento, mais lenta e arrastada, se converte em um thrashão moderno com poucos precedentes, ao mesmo tempo em que reforça um refrão colante até para os menos iniciados no material mais recende do Korzus. Não por acaso sobressaem os punhos cerrados em coreografia, a despeito das intermináveis rodas de dança.

O guitarrista Antônio Araújo, que detém os melhores solos da noite, ao lado do baixista Dick Siebert

O guitarrista Antônio Araújo, que detém os melhores solos da noite, ao lado baixista Dick Siebert

Para se entender o som do Korzus é preciso conhecer o Slayer, referência maior para a banda paulistana, sem que isso soe como um reles decalque como acontece nesses novos tempos. Ainda mais quando – coisa rara – se consegue uma boa transição entre letras em inglês e português, realçada aqui em um bloco sui generis. Primeiro, com “Vampiro”, do álbum novo, uma pedrada em que o batera Rodrigo Oliveira impinge uma velocidade abissal e Pompeu se supera nos vocais, se fazendo entender com o som, enfim, bem equalizado. Depois, com “Correria”, já conhecida de boa parte do público, e que por conta disso incrementa ainda mais as rodas de dança, a essa altura uma de cada lado da grade central, não só do lado direito como no sábado. E a paradinha só com o baixista Dick Siebert e a bateria é sensacional.

Mas o grande momento para quem vem de longe é com “Guerreiros do Metal”, resgatada do início da carreira, quando o Korzus participou da histórica coletânea “SP Metal II”, lançada em 1985. Reinserida nos shows este ano, a música ganha um up grade instrumental consistente, com Araújo solando que é uma beleza, e os quatro integrantes agitando na beirada do palco em ótima performance. O guitarrista – diga-se – assume boa parte dos momentos solo nas músicas (o outro é Heros Trench), como em “Truth”, por exemplo, antes da qual Pompeu manda um discurso sobre os haters que infernizam a banda, taxada até – acredite se quiser – de white metal. Se é pra reclamar de um show quase perfeito cujo maior defeito é durar menos de uma horinha, faltou tocar “Agony”, o inesquecível clássico noventista do álbum “Mass Illusion”. Fica para a próxima.

O Hatefulmurder na abertura dos trabalhos no domingão do Hell In Rio, com a vocalista Angélica Burns

O Hatefulmurder na abertura dos trabalhos no domingão do Hell In Rio, com a vocalista Angélica Burns

Na abertura do domingão, o Hatefulmurder faz a limonada ao receber o parco público que chega cedo, trazendo – graças aos céus! – um tímido brilho de sol. A situação adversa exige garra para fazer bonito e é o que acontece, mesmo porque há ali no meio quem cante uma ou outra música da banda, caso da ótima “Scars to God”, no desfecho do show. O grupo segue avançando na nova fase, com a vocalista Angélica Burns, que entrou há cerca de um ano e se adapta rapidamente ao que ela mesmo chama de “baile” (relembre o show de estreia). Outras músicas que se sobressaem são a nova “My Battle”, já da fase atual, que tem um bonito clipe em rotação na web, e “Fear My Wrath”, que resulta em boa interação com o público. Ressalte-se, contudo, que a banda carece de guitarras mais agressivas e impetuosas para o tipo de som que produz.

Menos sorte tem o Eros, que tocou logo em seguida. Ou, por outra, não é sorte o que falta, mas pegada mesmo. O grupo, oriundo dos anos 1980, parece ter voltado à ativa recentemente, sem o ensaio necessário para tocar em um festival desse porte. Assim, o som que sai das caixas não tem o peso esperado para um festival de heavy metal, e os músicos, sobretudo o guitarrista/vocalista Themys e o baixista Thomas, parecem fora de forma, demonstrando dificuldade na execução das músicas. O repertório é voltado para o thrash metal, mas até as palhetadas e a distorção inerentes ao gênero soam chochas demais. Precisa – repita-se – ensaiar e atualizar o som para os dias de hoje.

De volta à ativa depois de muito tempo parado, o Eros demonstra falta de forma ao encarar um festival

De volta à ativa depois de muito tempo parado, o Eros demonstra falta de forma ao encarar um festival

Set list completo Korzus:

1-Intro
2- Guilty Silence
3- Raise Your Soul
4- Never Die
5- Bleeding Pride
6- What are You Looking For
7- Vampiro
8- Correria
9- Truth
10- Guerreiros do Metal
11- Legion

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