A grande festa do rock
Em espetáculo magnético, Kiss encanta plateia carioca com muitos efeitos especiais, mas, sobretudo, com boas músicas. Fotos: Michael Meneses.
É uma pena também que nenhuma música de “Sonic Boom”, o álbum que marcou a volta o grupo aos lançamentos com músicas inéditas, de 2009, tenha sido tocada, em que pese o apreço dos mais jovens que cantaram “Psycho Circus”, de 1998, a plenos pulmões. Mas no quesito “músicas que fizeram falta” a lista é robusta por si só: “Deuce”, “Strutter”, “Forever”, uma das mais pedidas pelo público”, “Do You Love Me”, “Hard Luck Woman”. Seria cruel, no entanto, exigir mais de 90 minutos de show de sexagenários como Stanley e Gene Simmons, que fazem muito em prosseguir pintando o rosto e se equilibrando em gigantescos saltos, além de serem erguidos por cabos de aço em insuperáveis efeitos cênicos que funcionam há quatro décadas.
À bem da verdade, um show do Kiss não é lá para se pensar muito. O impacto visual quando a cortina cai e Simmons, Thayer e Stanley surgem tocando “Detroit Rock City” sobre uma plataforma que desce em direção ao palco é de impressionar. A quantidade de luzes piscando, fogos estourando – com sonoplastia e tudo – é de um magnetismo infalível. O telão de altíssima definição ao fundo e mais projeções nas laterais do palco mostram detalhes do show cujos efeitos começam a se intensificar em “Hotter Than Hell”, quando Gene Simmons cospe fogo com a “espada de Excalibur” empunhada. Antes da ótima “God Of Thunder”, ele tem seu melhor momento, quando interpreta – de verdade, dá pra ver no close dos telões – o vampirão que vomita sangue e voa para uma plataforma altíssima, quase no teto da Arena. Canta toda a música de lá mesmo, e desce na escuridão do palco enquanto o público está vidrado em outros efeitos.Antes dele, Tommy Thayer e o baterista Eric Singer, duplinha que, segundo Simmons, salvou o Kiss, duelam em solos que acabam em chafariz de faíscas saindo da guitarra de um, e tiros de bazuca na direção contrária de outro, ambos alçados em plataformas individuais fumegantes. Cabe a Paul Stanley, com voz claudicante – diga-se – fazer as honras da casa, anunciando as músicas e mexendo com o público ao pedir gritos para Tommy Thayer, fazer comparações com o show de São Paulo, em troca de vaias, e exigir uma barulhão daqueles do público, para tocar o bis. Em “Love Gun”, ele “voa” sobre o público até uma plataforma no fundo da Arena, para delírio generalizado. Stanley, fanfarrão que inicia o palco com uma palheta colada na língua à mostra e recebe calcinhas e soutiens das moças, toca um pedacinho de “Sairway to Heaven”, do Led Zeppelin, para que o público peça “a Kiss song!” antes de “Black Diamond”, cantada por Eric Singer, na tradição do grupo, encerrando o set.
O solo e as viradas de bateria de “Won’t Get Fooled Again”, do The Who, enriquecem “Lick It Up”, na abertura do bis, e fazem a canção, um típico hard rock, contagiar a plateia. Coisa que, com tanto magnetismo, carisma e boas músicas, nem é tão difícil assim, e até a “disco” (por que não?) “I Was Made for Lovin’ You” tem o refrão cantando por toda a arena. O desfecho traz aquele misto de momento mais esperado com a sensação de “que pena, já vai acabar”. É a hora da nevasca de papel picado – a maior de todos os shows de rock – em “Rock and Roll All Nite”, o também maior hit “festivo-ode ao rock-que se dane todo o resto” em todos os tempos. Com todos suspensos em plataformas, cabe a Paul Stanley, no solo, o grand finale: a cruel, porém necessária destruição da guitarra, que, sem piedade, acaba espatifada no palco. Numa palavra? Showzaço.Na abertura, coube ao reunido Viper tocar algumas das músicas que marcaram época no metal nacional. O grupo vem de uma turnê de reunião (saiba mais) tocando a íntegra dos dois primeiros álbuns, de modo que meia horinha foi pouco, mas serviu como uma honesta abertura. A ênfase foi no clássico álbum “Theater Of Fate”, que teve quatro das sete músicas do set, muito bem tocadas, em que pese a displicência do baixista Pit Passarel e a boa condição vocal de Andre Matos. No final, na batida marcada da bateria em “We Will Rock You”, do Queen, o público não resistiu e puxou o coro de “I Love It Loud”, que o Kiss tocaria mais tarde. Perfeita transição.
Set list completo Kiss1- Detroit Rock City
2- Shout It Out Loud
3- Calling Dr. Love
4- Hell or Hallelujah
5- Wall of Sound
6- Hotter Than Hell
7- I Love It Loud
8- Outta This World
9- God of Thunder
10- Psycho Circus
11- War Machine
12- Love Gun
13- Black Diamond
Bis
14- Lick It Up
15- I Was Made for Lovin’ You
16- Rock and Roll All Nite
Set list completo Viper
1- Knights of Destruction
2- To Live Again
3- A Cry from the Edge
4- Prelude to Oblivion
5- Living for the Night
6- Rebel Maniac
7- We Will Rock You
Tags desse texto: Kiss
Fantástico… Um show do KISS é muito mais que música… é um verdadeiro espetáculo…
Bacana as fotos, belo show. Afinal estamos falando do Kiss…
KISS não é banda de rock…é uma ENTIDADE !!!
Simmons e Stanley estão no nivel de Super-Herois.