O Homem Baile

O maior espetáculo da terra

De volta ao Rio depois de 26 anos, Kiss oferece aos fãs tudo aquilo que eles queriam e mais um pouco; pancada de chuva atrapalha, mas são subtrai grandiosidade do show. Fotos: Christy Barley/Divulgação.

Kiss versão 2009: Gene Simmons (ampliado no telão), Eric Singer (no alto), Paul Stanley e Tommy Thayer

Kiss versão 2009: Gene Simmons (ampliado no telão), Eric Singer (no alto), Paul Stanley e Tommy Thayer

Embora tenha um repertório amplo com sucessos em todas as épocas, é comum atribuir ao Kiss, ao vivo, um espetáculo que deixa a música em um plano inferior. A avaliação caiu por terra ontem à noite, na Praça da Apoteose, quando o grupo mascarado (e devidamente paramentado) tocou 18 músicas cantadas em uníssono por cerca de 17 mil pessoas. E olha que boa parte do repertório foi retirada de um único álbum - o clássico “Kiss Alive”, lançado há 25 anos, tema dessa turnê. Não que o fator espetáculo não contribua – não há uma única música que não receba uma explosão aqui, uma labareda acolá, um estouro de fogos de artifício e assim por diante.

São efeitos, em geral, de conhecimento público, mas que, ao serem executados, ao vivo, ali na frente de todos, causa alegria, surpresa e – por que não? - felicidade. Como não se assustar com tiros de canhão em volume altíssimo? Ou arregalar os olhos com o calor do fogo cuspido de uma plataforma ao teto do palco? Ou ainda vibrar com a simples beleza de uma nuvem de papel picado lançada ao ar que durou mais cinco minutos? Era exatamente isso que uma banda, cujo refrão do principal sucesso é “quero rock’n’roll a noite toda e festa todos os dias”, tinha a oferecer.

Paul Stanley fez biquinho, rebolou e ganhou sutiãs e calcinhas

Paul Stanley fez biquinho, rebolou e ganhou sutiãs e calcinhas

Se são elogiáveis a ousadia e cara de pau para alguém se apresentar com legítimas fantasias de monstrengos lá nos anos 70, imaginem agora, com os integrantes da formação original – Gene Simmons e Paul Stanley – com quase 60 anos. E eles não vacilam, se movimentam bem o tempo todo e não deixam escapar um mínimo detalhe executado há mais de três décadas. A dança metálica que acompanha o riff de “Deuce”, na abertura; Stanley tocando com a guitarra entre as pernas e rebolando para ganhar o sutiã(!) de uma incauta, em “Let Me Go Rock N Roll”; Simmons cuspindo fogo em “Hotter Than Hell”; Eric Singer sendo erguido ao topo do palco, com bateria e tudo; a guitarra de Tommy Thayer jorrando faísca a cada acorde, durante o solo – estava tudo lá, para delírio dos fãs e de curiosos em geral.

Tecnicamente, Thayer mostrou desenvoltura em pequenos solos desde o início do show, ou mesmo em passagens marcantes como as de “Detroit Rock City” (que Paul chamou de “Rio Rock City”), “Nothin’ To Loose” e “C’Mon And Love Me”. Mas os melhores momentos acontecem quando os três se aproximam da beira do palco e repetem as coreografias que hoje são quase “exercícios obrigatórios” no meio da música pesada. “Black Diamond”, a única que se aproximou de uma verdadeira balada hard rock, com citação de “Starway to Heaven”, é outro grande momento, assim como “I Was Made For Loving You”, clara tentativa do Kiss de pegar carona na onda disco americana do final dos anos 70.

Gene Simmons cuspiu fogo, vomitou sangue... só não fez chover. Ou será que fez?

Gene Simmons cuspiu fogo, vomitou sangue... só não fez chover. Ou será que fez?

A perfeição da parafernália pirotécnica montada pelo Kiss também teve lá suas agruras. A estrutura provou não ser à prova d’água, e a forte pancada de chuva que durou cerca de 20 minutos foi o bastante para trazer pane aos dois telões de alta definição erguidos no alto do palco – que depois voltaram ao normal até pifarem de vez no final do bis. Pior: com os cabos de aço encharcados e cobertos de graxa e papel picado, Paul Stanley desistiu de sobrevoar o público até um mini palco durante “Love Gun”, que acabou sendo limada do repertório. Em compensação, foi possível ver de perto (ou nos telões) o vampirão Simmons, depois do solo de “baixo-machado”, vomitar sangue, antes de emendar “I Love It Loud”, o grande hit do grupo no Brasil em 1983, época do histórico show do Maracanã; e Paul Stanley destruir implacavelmente sua guitarra no final de “Rock N Roll All Nite”, num dos momentos – esse sim – inesperados.

No bis cheio hits de outras épocas – não só pré “Kiss Alive” – até a fraca “Lick It Up”, que marcou o início da pior fase do grupo, sem as máscaras, nos anos 80, ganhou um novo élan, graças à citação de “Won’t Get Fooled Again”, do The Who, que havia sido usada antes do início do show. Era o encaminhamento para o exuberante final, com “Detroit Rock City”: a bateria de novo sendo erguida, ladeada por buscapés giratórios e faíscas espirrando para tudo que era lado. Como anunciado no início dos shows do Kiss desde sempre, cumpriu-se a promessa: os fãs queriam o melhor e tiveram o melhor.

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Comentários enviados

Existem 3 comentários nesse texto.
  1. Karla em abril 10, 2009 às 0:11
    #1

    SHOWZÃO IMPERDÍVEL!!

  2. Carol Lima em abril 10, 2009 às 0:27
    #2

    O SHOW FOI GENIAL!

  3. Laura em abril 10, 2009 às 13:54
    #3

    MUITOOOOO bom.

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