Condecorações aos veteranos
Em apresentação visceral, Titãs volta a ser banda de rock, revive ‘Cabeça Dinossauro’ e apresenta música nova para Circo Voador lotado. Fotos: Luciano Oliveira.
O destaque maior é para “Polícia”, talvez a música símbolo da época – regravada até pelo Sepultura -, na qual uma roda de pogo gigante mostra que, se em cima do palco a forma física dos veteranos é boa, no salão também. É comovente ver Tony Bellotto, com lenço servindo de máscara e tudo, esmerilhando a guitarra sem dó, perseguido por um inesperado Paulo Miklos, mais guitarrista que nunca. Em músicas em que Liminha – produtor do “Cabeça”, considerado na época como o nono Titã – participa, são três guitarras enlouquecidas num sistema de ida e volta com a plateia que – diga-se de passagem– só o Circo Voador pode proporcionar. Sim, os fantasmas do rock estavam todos lá, mantendo aquela aura mais viva do que nunca. Outros destaques são “Bichos Escrotos” e o grito de “vão se fuder” mais forte de que se tem notícia; “Porrada”, com outro show particular de Bellotto; e “Homem Primata”, que reforça o rouco Sergio Britto como - talvez - o melhor vocalista da banda.
Aproveitando a queda para o rock do show, o repertório dos outros 50 minutos é composto por músicas que são uma porrada só. Como esquecer que a colante “Será Que é Isso Que Eu Necessito” é de “Titanomaquia”, o disco grunge dos Titãs, gravado em Seattle e produzido por Jack Endino, produtor do Nirvana? E da imensa roda de pogo que tomou conta da Praça da Apoteose, no Hollywood Rock de 1988, ao som de “Lugar Nenhum”? As duas têm grande participação do público, sendo que, a segunda, acaba com guitarras solando como se não houvesse amanhã. O repertório é mais ou menos o mesmo das inacreditáveis sete noites que a banda fez no mês passado, em São Paulo, e tem espaço para a nova “Fala Renata”, repleta de guitarras melódicas, com um groove colante e pesado. “Comida” e “Saia de Mim” bem que poderiam ter entrado, mas nem tudo é perfeito mesmo.Há quem reclamasse que essa formação, com apenas metade dos integrantes da que se tornou clássica, desabonasse um espetáculo de tom revivalista. Mas não é que o grupo, como banda de rock de verdade, ficou bem melhor? Até a popérrima “Sonífera Ilha”, anterior à fase “Cabeça”, ganhou uma introdução com um belo e pesado riff de Bellotto. E, à exceção do figuraça Arnaldo Antunes, os demais desertores, ao menos nesse show, não fazem a mínima falta. O baterista Mario Fabre segura muito bem a onda, Nando Reis hoje se sai melhor como integrante eventual do Jota Quest, e Marcelo Fromer certamente ou estava encarnado em Paulo Miklos, ou se sacudia junto com os tais espíritos do rock que habitam o Circo. Numa palavra? Imperdível.
Set list completo:
1- Cabeça Dinossauro
2- AA UU
3- Igreja
4- Polícia
5- Estado Violência
6- A Face do Destruidor
7- Porrada
8- Tô Cansado
9- Bichos Escrotos
10- Família
11- Homem Primata
12- Dívidas
13- O Que
Intervalo
14- A Verdadeira Mary Poppins
15- Amor por dinheiro
16- Nem Sempre Se Pode Ser Deus
17- Aluga-se
18- Diversão
19- Vossa Excelência
20- Televisão
21- A Melhor Banda De Todos Os Tempos Da Última Semana
22- O Pulso
23- Fala Renata
24- Será Que é Isso Que Eu Necessito?
25- Lugar Nenhum
26- Flores
Bis
27- Sonífera Ilha
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Pô, acho mancada falar de Nando Reis, Charles Gavin dessa forma.
Sem dúvida, os caras fazem falta. Trilharam outros caminhos, longe de lembrarem Titãs, mas, se voltassem ao grupo, seria maneiro.
Mas as dribladas, as inovações dos Titãs atual, sem dúvida, são muito competentes. Grande Sergio Britto, Branco Mello, Paulo Miklos e Tony Bellotto!
Show imperdível. Fiquei maravilhada com o que assisti. Sempre fui louca pelos Titãs e eles não poderiam dar presente melhor para os seus fãs que um show baseado no Cabeça Dinossauro.
Amei e ficou com gostinho de bis. Dia 9 de junho está chegando, quem vai perder?
Titanomaquia faz 20 anos e ali estao 3 dessa fase no setlist!
Nando Reis é chato pra caralho. Tanto na música quanto a pessoa!!