Bom humor
Canastra supera dificuldades e se diverte no palco da terceira noite do Festival Casarão. Fotos: Douglas Diógenes/Divulgação (1, 2 e 3) e Avener Prado/Divulgação (4).
A lotação não foi a esgotada de sexta, mas a animação nada ficou a dever. Ainda que não tenha um novo lançamento desde 2007, o Canastra detém um repertório raríssimo, de bom gosto e que cativa o mais desavisado dos sujeitos. E olha que as versões ao vivo nem sempre são fiéis às registradas em disco. “Meu Capuccino”, por exemplo, ganhou um trecho cantarolado. Outras que se destacaram foram “Motivo de Chacota”, quando o público dedica a canção a alguém; “Miss Simpatia”; “Diabo Apaixonado” (seria o mesmo que anda circulando em Porto Velho nos últimos dias?) e o final acrobático com “Royal Sraight Flush”. Com bom humor, o Canastra fez todo mundo dançar como nenhuma banda na noite de sábado.
O Di Marco quase chegou lá. O grupo, que é de Ji-Paraná, tem um bom fã clube na capital graças às boas composições e à mistura de guitarras e silêncio muito bem sacada. O problema é que, em relação ao show do ano passado, no mesmo Casarão, dois terços do trio foi trocado, restando só o vocalista/guitarrista Raphel Amorim. Talvez por isso, eles fizeram praticamente um show cover, tocado/citando umas seis músicas de outros artistas, numa apresentação que durou pouco mais de meia hora. Um desperdício para uma banda tão promissora, que precisa retornar ao seu próprio curso. Oxalá seja o mais rápido possível.As outras duas bandas de Rondônia da noite aproveitaram melhor suas oportunidades. O Versalle, por exemplo, desfez a má impressão de 2010, quando a estrutura de palco pouco ajudou – ok, que a energia do Pioneiros caiu bem no meio do show dos rapazes. O vocalista Criston mostrou mais desenvoltura e novas referências se evidenciaram, no som e nas letras, muitas delas de uma tristeza de dar dó. Carga dramática semelhante a de bandas recentes do cenário global, como White Lies e Killers, mas que ganha contornos próprio no Versalle. A outra foi o Expresso Imperial, aditivado pela entrada de um percussionista “tocador de tudo”. O som da banda, instrumental, também encorpou, realçando dessa vez referências à mpb, jazz e samba jazz, com uma pegada contemporânea. Tudo bem que era o primeiro show como quarteto e o novo integrante por vezes não era ouvido, mas a tendência é melhorar.
Com pompa de compositor, Djalma Lúcio, de São Luís, levou ao Casarão um trio cuja intenção parecia projetar o próprio Djalma. Tanto que, numa das músicas, o vocalista/guitarrista ficou sozinho no palco, como se fora um Lou Reed bossanovista de gosto duvidoso. O repertório não chega a ser ruim – uma das músicas, ao menos, tem refrão colante -, mas a flagrante falta de intimidade de Djalma com o palco joga tudo por água a baixo. Salva a performance do baixista prodígio e seus dedos ágeis. Com três guitarras, o Mezatrio, de Manaus, manda um rock pauleira experimental à anos 70, mas peca pela falta de boas composições. Se as guitarras dão potência ao som, na maior parte do tempo tocam as mesmas coisas. Ainda assim, as evoluções instrumentais, pesadíssimas, foram a melhor parte do show, marcado pela irregularidade.O Festival Casarão continua hoje. Clique aqui para ver a programação completa.
Marcos Bragatto viajou à Porto Velho à convite da produção do Festival Casarão
Veja também:
Cobertura da primeira noite
Cobertura da segunda noite
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