O Homem Baile

Desfecho ideal

Última noite do Festival Casarão, em Porto Velho, mostra trinca de ouro do novo rock nacional e dá vez às novas revelações de Rondônia. Fotos: Érica Pascoal/Divulgação.

Superguidis: popularidade gigante na capital de Rondônia

Superguidis: popularidade gigante na capital de Rondônia

Ficou para o final a maior festa da décima edição do Festival Casarão, que aconteceu de quarta até ontem, em Porto Velho, Rondônia. No dia em que a maior quantidade de público compareceu ao Kabanas, Móveis Coloniais de Acaju, Superguidis (foto) e Nevilton puxaram a fila de boas revelações do rock nacional - praticamente todos os shows agradaram e tiveram, de uma forma ou de outra, um “quê” de interessante, com destaque para três boas bandas do próprio estado de Rondônia, pela ordem: Di Marco, Sub Pop e Jam.

O Superguidis é praticamente local em Porto Velho, dada a receptividade calorosa do público. Com uma boa carga de shows nos últimos tempos, o quarteto, antes tímido e com síndrome de indie deprimido, hoje é quase uma banda de arena. É impressionante como, num set curto, tantas músicas chamam a atenção, vindas de um repertório de três álbuns. “Mais do Que Isso” e “Não Fosse o Bom Humor” (aquela mesmo, parente próxima de “Race For The Prize”, dos Flaming Lips), entre outras, mataram a pau, numa das melhores apresentações do festival e talvez até do próprio grupo. O headliner do Palco B foi o Nevilton, que voltou a impressionar pela destreza que tem para comandar o público, muito pela postura rock’n’roll no palco, fincada nos paradigmas que incluem saltos, coreografias e guitarras empunhadas; ou seja, agradou geral. Cada dia que passa “Máscara” se parece com um grande hit de FM, se isso ainda existisse como em outros tempos.

Público vibra com o agito dos Móveis

Público vibra com o agito dos Móveis

Rondônia não ficou atrás e mostrou que há mais coisa lá além do bom Hey Hey Hey, já há certo tempo destaque da região, que se apresentou na sexta, no mesmo local. Uma delas é o Di Marco, de Ji-Paraná, que investe num pop rock nervoso e cativante. O trio tem boas músicas que seduzem de cara até o ouvinte menos interessado no show. Não que não houvesse, já, um bom público conhecedor do trabalho do grupo – muita gente cantava tudo. De Vilhena, outra cidade do interior do estado, o Sub Pop vai na onda do rebuscamento da sonoridade oitentista que marcou o rock da última década. Além da típica batida da bateria, a novidade vem com um teclado (o único em todo o festival?) que contribui para um fundo quase tecnopop. Só a cover de “Quem Sabe”, da época em que o Los Hermanos fazia rock, destoou do conceito, embora muito bem feito.

A mais nova de todas é o Jam, formado por garotos de perfil ginasiano. O grupo vai fundo numa mistura de rock pesado com funk de raiz, tudo muito bem tocado. O que pega é ainda a falta de boas músicas (normal para gente tão nova) e a sonoridade, ainda muito parecida com a do Red Hot Chili Peppers. Mas nada que não se arrume, ainda mais quando há um guitarrista ousado que trafega com desenvoltura pelo funk e pelo rock pesado. Quem quebrou a sequência de boas bandas foi o Strep, acusado na região de querer “ser carioca” - o grupo, de Porto Velho, se mudou para o Rio. Mas os arrumadinhos têm lá um público cativo, conectado no fácil rock de playboy/“Malhação”, e mostram que até no quesito banda fabricada Rondônia está presente.

Nevilton: trio agita horrores

Nevilton: trio agita horrores

Duas outras bandas foram bem no Palco Principal, mas acabam rodando em círculos com repertório limitado e pouco atraente. O Ultimato, de Porto Velho, num estilo à Rage Against The Machine, foi o que se saiu melhor. O problema é que sobra conceito/estética, e faltam boas composições, ou algo que dê um mínimo de diferenciação em relação às bandas do desgastado nu-metal. O mesmo erro é cometido pelo Rhox, de Cuiabá. Mas este tem um som mais consistente e um vocalista carismático e que se mexe sem parar, embora fale tanto até encher o saco. Com letras em português, o grupo pode crescer se fizer alguns ajustes, pois tem uma bela base. O que falta, - repita-se – são músicas boas. Um papo com os caras do Hey Hey Hey ou do Di Marco, para não irmos muito longe, resolve a parada.

Nota: Assim que o Móveis Coloniais de Acaju iniciou o show que prometia ser do tipo arrasa-quarteirão, o Homem Baile teve que se mandar para não perder o vôo de volta ao Rio de Janeiro.

Marcos Bragatto viajou à Porto Velho à convite da produção do Festival Casarão.

Veja também:
Cobertura da primeira noite;
Cobertura da segunda noite;
Cobertura da terceira noite.

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Comentários enviados

Existem 3 comentários nesse texto.
  1. Gabriel Palarmini em junho 22, 2010 às 14:55
    #1

    O que seria uma banda fabricada? Abraços a todos!

  2. Raphael Amorim em junho 23, 2010 às 18:05
    #2

    Poxa, ficamos muito felizes com a citação feita a banda, esperamos corresponder ao que foi dito sobre a banda, valeu mesmo
    Abraços da Di Marco

    Se estiver afim de ouvir acessa aí:
    http://www.myspace.com/dimarcojp

    Valeu

  3. Caio Neiva em junho 24, 2010 às 1:09
    #3

    Agradeço a citação da Jam aqui no “Rock em Geral”, até porque sei que o site é muito visitado.
    A banda toda também agradeçe!

    http://www.myspace.com/bandafunkjam

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