O Homem Baile

Pontapé inicial

Ricardo Koctus, do Pato Fu, abre oficialmente o Festival Casarão, em Porto Velho, Rondônia; décima edição do evento deve começar pra valer hoje. Fotos: Érica Pascoal/Divulgação.

Ricardo Koctus e a banda local

Ricardo Koctus e a banda local

Começou ontem, em Porto Velho, a décima edição do Festival Casarão, com dois shows no Piratas Pub. A noite, tida para marcar o pontapé inicial do festival, reuniu um público reduzido – boa parte produtores, organizadores, imprensa e convidados - para ver o baixista do Pato Fu, Ricado Koctus, apresentar seu trabalho solo, com uma banda montada na própria cidade. A abertura coube à banda local Versalle, bastante apoiada pelo público, mas que sofreu com a equalização do som.

Com Fernanda Takai deslanchando como cantora solo e John Ulhoa produzindo e tocando na banda dela, era natural que Koctus também fizesse um trabalho pra chamar de seu. Mas enganam-se os que pensam que seria ele o patinho feio do Pato Fu. Koctus tem um vozeirão daqueles, composições próprias e moldou sua apresentação de intérprete tal qual um crooner canastrão, com um repertório romântico, no limite do brega. Não por caso sacou pérolas como “Impossível Acreditar Que Perdi Você”, do também mineiro Márcio Greyck, redescoberto ainda por Tony Platão, e “Como 2 e 2”, de Caetano Veloso. Ricardo deixa a timidez de lado e se revela um inesperado entertainer, contando histórias e brincando com os músicos de sua banda entre uma música e outra. Em um dado momento, levou riffs das músicas “Black Night” e “Smoke On The Water”, do Deep Purple, e improvisou uma versão para o clássico “La Bamba”, famosa na voz de Richie Valens, que um casal havia pedido. Brega pra você? Nem tanto.

Versalle: revelação de Porto Velho

Versalle: revelação de Porto Velho

Ricardo Koctus também tem as suas composições. A que abriu o show, “Por Você e Ninguém Mais”, já resumiu o romantismo do repertório. Por vezes, é difícil saber se a postura do músico é para emocionar de verdade ou se o jeitão canastrão não passa de um personagem criado para pura tiração de sarro. De um modo ou de outro, o show vale - é diversão garantida, quando cantor faz as vezes de Elvis Presley e cita o piegas “Ghost – Do Outro Lado da Vida”, ou mesmo quando se compenetra para sacar do fundo do baú “Killing Moon”, do Echo And The Bunnyman. Ricardo Koctus bem que queria ter tocado outras canções de seu repertório, mas o avançar da hora fez com que o público fosse minguando aos poucos, e ele se retirou depois de levar um blues de improviso, finalizando cerca de hora e meia de apresentação. Na alta madrugada de uma quinta-feira, em Porto Velho, nem precisava.

Na abertura, o Versalle mostrou o interesse e cuidado com as guitarras, num show salpicado de covers. Bandas como Queens Of The Stone Age e Placebo são exemplos das fontes em que os rapazes bebem. O problema é que o som, que funcionou no show principal, atrapalhou o grupo. Embolado, potencializou a timidez do vocalista Criston, que precisa mais firmeza para soltar a voz de verdade e deixar de lado clichês consagrados por Rodrigo Amarante (Little Joy). Formado há menos de um ano, o grupo ainda tem uma longa estrada pela frente, mas o potencial é bom, sobretudo no trabalho da dupla de guitarras.

Marcos Bragatto viajou à Porto Velho à convite da produção do Festival Casarão.

O Festival Casarão segue hoje e vai até sábado. Saiba mais aqui.

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