O Homem Baile

Placidez

Em dia de plateia ‘calma’, Offspring saca arsenal de hits e acaba agradando geral no Rock In Rio. Foto: Adriana Vieira.

offspringrir22Definitivamente não parece um show do Offspring, mas é. Isso porque, em uma horinha cheia e 15 músicas executadas no talo, sequer uma roda de pogo foi vista no meio da multidão que se aglomerava alegremente na frente do Palco Mundo do Rock In Rio, na última quinta, dia 8/9. Fato seguramente inédito para a banda, que vem regularmente ao Brasil dede 1997 e já causou furor nas multidões no próprio Rock In Rio, nas edições de 2017, no Palco Mundo (veja como foi), e em 2013, quando fez o Palco Sunset parecer minúsculo, ante a uma turba enfurecida que se estapeava sem dó durante toda a apresentação (relembre). O que não quer dizer que o show por si só não tem sido bom. Tampouco que não tenha havido participação por parte da plateia.

Explica-se que, embora tenha-se o registro de que o show anterior, do CPM 22, teve mais agitação, com rodas e tudo (mais vazio?), o fato é que a noite era de outra turma, a dos fãs do Guns N’Roses e dos novinhos e curiosos pela apresentação da novidade Måneskin (clique aqui e aqui para ver como foram os shows). E, a bem da verdade, o Offspring é uma banda que nunca se sentiu à vontade em um palcão como esse, de modo a não saber muito o que fazer. Instigado pelo vocalista Dexter Holland, por exemplo, o guitarrista Noodles manda um “fuck yeah”, meio tentando comandar o público, de zoeira, em um momento hilário da noite.

O próprio Dexter, nos últimos tempos, passa a maior parte do show com a guitarra à tiracolo atrás do pedestal do microfone, posição em que se sente mais confortável, em vez de atuar como vocalista com microfone em punho como nos velhos tempos. E olha que na formação há outro guitarrista, Jonah Nimoy, que também toca teclados pra não ter erro, e segura as pontas, e é a primeira vez do cascudo batera Josh Freese, que já tocou no Guns, no Devo e na banda do Sting, entre outros. Ele substitui Pete Parada, que depois de 14 anos de banda, saiu por questões negacionistas da pandemia do Covid-19. Completa essa formação o discreto, mas firme baixista Todd Morse.

Com um disco novo debaixo do braço, o ótimo “Let the Bad Times Roll”, lançado no ano passado, o grupo tocou duas das novas, a agitada “The Opioid Diaries”, que agradou mais, e “Behind Your Walls”. Mas deu mole de não mostrar a faixa título, como fez em outras datas dessa turnê. A música é bem mais acessível e colante, e faria um ótimo par com “Hit That”, aquele skazinho sarapa que sempre tem vez na turma do poppy punk. Outra ausência notável é “All I Want”, música ideal para início de show deles, mas não se pode reclamar de uma apresentação curta, sim, mas com tantas músicas, tocadas no gás, praticamente emendadas umas nas outras.

Ainda mais quando o grupo saca um verdadeiro arsenal de sucessos, a grande maioria dos álbuns “Smash” (1994) e “Americana” (1998), que vendiam feito banana em feira quando o mundo era melhor. Tanto que até aqueles fãs que esperavam as bandas de fundo não se furtaram e cantar, a plenos pulmões, “Come Out and Play”, responsável pela explosão da banda, logo a segunda da noite, e a inefável “Pretty Fly (for a White Guy)”, praticamente um ícone no inconsciente coletivo generalizado. “Gotta Get Away” e “The Kids Aren’t Alright” são outras de grande participação da plateia, em um show com menos movimentação, sim, mas ótimo do mesmo jeito.

Set list completo:

1- Staring at the Sun
2- Come Out and Play
3- Want You Bad
4- The Opioid Diaries
5- Behind Your Walls
6- Hit That
7- Hammerhead
8- Bad Habit
9- Gotta Get Away
10- Why Don’t You Get a Job?
11- (Can’t Get My) Head Around You
12- Pretty Fly (for a White Guy)
13- The Kids Aren’t Alright
14- You’re Gonna Go Far, Kid
15- Self Esteem

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