Aprovado com louvor
Calouro, Måneskin faz o rock dialogar com o público mais jovem e sai como um dos melhores shows do Rock In Rio. Fotos Divulgação Rock In Rio/I Hate Flash: @annekarr
Porque, para o grupo italiano, o negócio é rock e diversão, e Victoria De Angelis e Thomas Raggi, a duplinha citada ali em cima, desce toda hora na grade que separa o palco do público, sem parar de tocar, para interagir se jogando sobre a massa. Não é forçação de barra, não, é o rock pela festa, como deve ser. E não é para qualquer artista novo subir um em palcão como o do Rock In Rio e ter o total domínio da situação. Primeiro a bateria montada mais para a frente já reduz o tamanho e dá um toque de intimidade. Depois, a disposição também do vocalista Damiano David para ir de lado a outro, encarando o público como se estivesse numa espelunca romana onde a banda se formou há cerca de seis anos. E, o mais importante, tudo com um frescor que pouco se viu nessa edição do festival.
E olha que “Close to the Top”, a trilha da sensacional cena, embora muito boa música, e turbinada pela performance ao vivo, nem está entre os destaques do repertório apresentado pelo grupo. Entre essas, e para ajudar a decifrar o som do deles, estão o sotaque ledzeppeliano de “Zitti e Buoni” e “In Nome Del Padre”, que abrem o show no gás; a balada power “Coraline”, que só entrou no show por pedidos dos fãs brasileiros, e termina pesada e lotada de solos de Raggi; “For Your Love”, com outro showzinho particular da duplinha Victoria/Raggi; e “Mammamia”, com total referência ao rock dançante pós 00 de Franz Ferdinand e afins. Tudo agitando o público por si só. Não há nenhum efeito especial de palco; só aparece o nome da banda no telão, parado e mudando de cor em algumas passagens.Bolas fora? Até tem, mas tudo acaba passando batido pela performance cheia de energia e redondinha da banda, que também não para de agitar e se movimentar o tempo todo. A ideia de homenagear o Rock In Rio cantando “Love Of My Life”, do Queen, canção emblemática na edição de estreia do festival, em 1985, positivamente não funcionou. Assim como o cover de “My Generation”, do Who, que de tão modificado quase não foi reconhecido, não ficou legal. E é normal a inclusão de covers para uma banda nova – dois álbuns só – com repertório, embora cheio de sucessos, ainda insipiente. E vale o registro da indumentária mezzo desleixada deles, sobretudo a de Victoria De Angelis, que – ainda tem mais essa – é replicado pelas moças por toda a Cidade do Rock.
O show, com cerca de 70 minutos, podia terminar no espetáculo caótico que foi “I Wanna Be Your Dog” dos Stooges, a música que é símbolo da autodestruição, mas teve ainda o desfecho já tradicional com “Lividi Sui Gomiti”, quando uma comitiva de fãs participa em pleno palco, e Damiano destrói o pedestal do microfone. O que sugere o quebra-quebra dos instrumentos à Nirvana, mas parece que a conta bancária deles, apesar de todo o sucesso, ainda não permite tal extravagância. A guitarra surrada de Thomas Raggi que o diga. No fim das contas, a impressão que fica do Måneskin é a melhor possível, de uma banda jovem que dialoga com fãs da mesma idade dos integrantes, coisa rara nos últimos tempos. Sem dúvida um dos melhores momentos deste Rock In Rio 22.Set list completo
1- Zitti e Buoni
2- In Nome Del Padre
3- Mammamia
4- Beggin’
5- Coraline
6- Close to the Top
7- Love of My Life
8- Supermodel
9- For Your Love
10- Womanizer
11- Touch Me
12- My Generation
13- We’re Gonna Dance on Gasoline
14- I Wanna Be Your Dog
15- I Wanna Be Your Slave
16- Lividi Sui Gomiti
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