Que em um festival gigante como o Rock In Rio a máxima de montar um show cheio de hits pra não correr risco algum é quase sempre adotada não se discute. Mas, em sua segunda vinda ao Brasil, justamente no mesmo palco, e depois de seis anos, bem que o Nickelback poderia ter ousado um pouco mais na noite de domingo (6/10). Poderia ter optado pela inclusão de músicas mais recentes, ou mesmo ser mais criativo na escolha das antigas – não é nada, não é nada, já são quase 25 anos de carreira -, ou, ainda, evitado algumas baladas chochas que fizeram do show de 2013 algo bem açucarado, para dizer o mínimo (relembre). Mas não: acabou fazendo mais ou menos o mesmo número, e com o decréscimo de o vocalista Chad Kroeger estar em um “dia de stand up”, por assim dizer.

Nesse período o grupo laçou dois álbuns, sendo o mais recente, o bom “Feed The Machine”, há mais de dois anos. E é justamente com a faixa-título, dotada de um belo riff de guitarra, que a apresentação começa, o que dá a entender que o couro iria comer. Só que – e ainda tem mais essa – o som do Palco Mundo, muito bom na maior parte do tempo, custa a ser bem equalizado e oscila até o meio da música, subtraindo o impacto do início do show, considerando ainda que o público, bastante numeroso por conta do Imagine Dragons, que tocaria depois, mostra desconhecer completamente o material mais recente. Tudo muda com “Gotta Be Somebody”, uma das 10 músicas – de um total de 13 – repetidas em relação ao show anterior, cujo refrão é cantado fortemente na Cidade do Rock.

E aí vem Kroeger, que começa falar com o público, o que se repetiria a cada intervalo entre uma e outra música. Primeiro, ele diz que está de ressaca porque bebeu muito em festa com os integrantes do Imagine Dragons e do Muse, que fecharia a noite de domingo (veja como foi). Depois, conversa e discute com outros integrantes, avisando antes o que vai fazer, em vez de simplesmente fazê-lo, em uma perda de tempo que poderia ser aproveitado com a inclusão de mais músicas. Tempo que também é perdido com uma versão meia boca (só a metade da música mesmo) de “Sad But True”, do Metallica, uma prática antiga no Nickelback, mas que não faz mais sentido dado a estatura que a banda tem hoje. De todo modo, foi reconhecida e cantada pelo público.

Público enorme que é também bastante participativo, renovando a ideia de grandeza e abrangência do grupo no Brasil, ainda que distante da época de ouro do pós-grunge, quando brilhava intensamente, sobretudo nos Estados Unidos. Ainda mais em grandes sucesso como “Hero”, na verdade um single de Chad Kroeger, gravado para a trilha sonora do primeiro filme do Homem Aranha, fato ressaltado pelo cantor; “Rockstar”, mesmo em uma versão de bandinha de sarau; e no blockbuster “How You Remind Me”, grudenta que só ela, na qual Kroeger personaliza uma boa interpretação, já perto do final do show. Outra legal é “Someday”, uma das poucas não tocada antes, até pela pegada mais pesada. O que falta agora é a banda voltar para um show no Brasil fora de festival, de preferência com Chad Kroeger em um dia melhor.

Set list completo:

1- Feed the Machine
2- Gotta Be Somebody
3- Photograph
4- Savin’ Me
5- Far Away
6- Someday
7- Hero
8- Sad But True
9- Animals
10- Rockstar
11- When We Stand Together
12- How You Remind Me
13- Burn It to the Ground

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