Não importa o dia, o palco ou horário, se Os Paralamas do Sucesso estiver escalado para tocar no Rock In Rio, a diversão é garantida. Mas com um público quase família, formado pela juventude que lotou os arredores do Palco Mundo para ver o Imagine Dragons, muitos com os pais só pra dar segurança, melhor ainda. Porque se a música do trio, cuja carreia foi catapultada na edição de estreia do festival, em 1985, atravessa gerações com muito sucesso, é natural que várias dessas gerações estejam lá de pé para curtir um sem número de canções. E é exatamente o que aconteceu no domingo, dia 6/10, o último dia dessa edição.

Não teve a famosa palmeirinha roubada do camarim como há quase 35 anos, mas os telões do palco são bem usados com os recortes de clipes da turnê de 30 anos do grupo, que rodou o Brasil e virou DVD. Em “Alagados”, por exemplo, cenas do clipe de “A Novidade”, gravadas na barca que fazia o trajeto Rio-Niterói na época são mostradas. A música, um dos maiores hits do trio, e que faz tudo acabar em festa em um show paralâmico, dessa vez foi tocada logo no início, e o público deu a primeira demonstração de satisfação. Era a época em que a fonte de inspiração vinha de modo pioneiro da juju music e das guitarras paraenses, e é uma pena que o Paralamas não tenha sido lembrado no show que homenageou a música do Pará, dias antes, nesse mesmo Rock In Rio, no Palco Sunset.

No bloco que trata da violência, com a dobradinha “O Calibre” e “Selvagem”, ainda com um trechinho de “O Beco”, são exibidas imagens de líderes como Chico Mendes, Nelson Mandela, Marcelo Yuka e Cacique Raoni, entre outros. “O Calibre” tem introdução com um minissolo de Jimi Hendrix, e o riffaço bem marcado de “Selvagem” ecoa alto no vale em que reside a Cidade do Rock. Herbert Vianna mostra em todo o show que segue como bom guitarrista, solando muito em músicas como “Caleidoscópio”, na qual ele reforça a inspiração blueseira, e na ótima “Lanterna dos Afogados”, que a antecede, e ganhou fama na gravação de uma ainda não tão famosa Cássia Eller. E “Melô do Marinheiro”, que resgata um lado mais divertido e brincalhão da banda, tem bom eco no público.

Embora seja sedutora a formação de trio que realça como tocam bem o baixista de Bi Ribeiro (a linha de “Meu Erro” segue irresistível) e especialmente João Barone, um dos maiores bateristas do Brasil, em vários números a participação do tecladista João Fera e do naipe de metais parece indispensável. Como, por exemplo, em “Uma Brasileira” e em “Ska”, que seguramente não existiria sem um saxofone, e o público vibra de montão. Ou em “Meu Erro”, com a inclusão de teclados que não há na gravação original, em disco. Em meio a tantos sucessos deu pra apresentar a faixa-título de “Sinais do Sim”, o disco mais recente, de 2017, mas o arremate é com “Vital e Sua Moto” e “Óculos”, a música tema do verão de 1985, com as imagens de Herbert e os óculos de aro vermelho da época. Grande show.

Set list completo:

1- Sinais do Sim
2- Meu Erro
3- Alagados
4- Lourinha Bombril
5- Cuide Bem do seu Amor
6- O Calibre
7- Selvagem/O Beco
8- Aonde quer que Eu Vá
9- Gostava Tanto de Você/Você
10- A Novidade
11- Melô do Marinheiro/Marujo Dub
12- Lanterna dos Afogados
13- Caleidoscópio
14- Uma Brasileira
15- Ska
16- Vital e Sua Moto
17- Óculos

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