Só melhora
Em mais um palco maior que ele, Royal Blood evolui e brilha sem apelação na abertura para o Pearl Jam no Rio. Fotos: Vinicius Pereira.

O baixista guitarrista do Royal Blood, Mike Kerr, se apoia sobre o pedestal entre uma música e outra
Fácil de explicar. Sem guitarra, Mike Kerr toca baixo como se fosse guitarra, toca baixo como se fosse baixo ou as duas coisas ao mesmo tempo em uma única música. Para tanto, usa instrumentos possivelmente modificados, e uma pedaleira ultra turbinada que muda o foco do show para a engenharia eletrônica, e haja troca de instrumento a cada número. Com tanta coisa pra pensar, talvez a música perca um pouco de prioridade naquela cabecinha, com o entorno prestes a realçar mais que o conteúdo. Ou não, se considerarmos que, como músicos, Kerr e o marrento baterista Ben Thatcher apresentam sensíveis melhoras nesses apenas menos de três anos, um tempaço para quem é jovem como eles, em numa fase da vida onde as coisas realmente acontecem.
Nitidamente mais encorpado e objetivamente mais pesado, distorcido e o escambau, o som dos caras está mais garageiro do que nunca, e só ouvindo ao vivo mesmo para sacar. Por exemplo, “Out Of The Black”, que encerrava os shows com a citação de “Iron Man”, do Black Sabbath, e pirava o público, hoje consegue efeito semelhante sem apelação alguma. Segue encerrando o show com a dupla botando pra quebrar até um ao lado do outro, no praticável da bateria, e com Thatcher descendo no fosso que separa o palco do público para exibir sua - de novo – marra; dessa vez, contudo, nada de stage diving. “Little Monster”, também da safra inicial, tem o riff renovado que agrada aos fãs do Pearl Jam, tudo gente boa. O inusitado é o bom solo de guitarra, só que executado no baixo.Como são só dois discos, cabem cinco músicas de cada um em pouco menos de uma hora de show. Dentre as novas, “Hole in Your Heart” chama a atenção pelo uso de teclados por Mike Kerr, dando um toque a mais de retrô, por assim dizer, no som da dupla. Em “Lights Out”, a segunda da noite, o duo mostra que sabe compor uma boa canção, não é só riff e distorção, não, e “Hook, Line & Sinker”, que vem depois de um solo de bateria(!) é uma pedrada das boas, com Kerr tirando um som extremamente agudo para um baixo, como se vangloriasse do tipo de música que, decerto modo, ajuda a inventar. No frigir dos ovos, eis um grupo que nunca foi ruim, já melhorou muito e pode ficar ainda melhor, ainda mais se partir para uma formação de banda de verdade. É só perguntar ao Jack White que ele dá o caminho das pedras rapidinho.
Set list completo:1- Where Are You Now?
2- Lights Out
3- Come on Over
4- I Only Lie When I Love You
5- Little Monster
6- Hook, Line & Sinker
7- Hole in Your Heart
8- Loose Change
9- Figure It Out
10- Out of the Black
Tags desse texto: Lollapalooza, Royal Blood
Fala Bragatto, tudo bem? A camisa que o baterista Ben Thatcher usou nessa gig com o Pearl Jam é a da minha banda, a Nuclei, de rock, também aqui do underground carioca, já temos um EP lançado e o segundo tá pra sair agora em maio (som disponível no YouTube, Spotify, Deezer e Apple Music). Nosso baixista Thales é grande fã dos caras e soube de um amigo que eles ficariam hospedados no Sheraton aqui no Rio, então foi lá com alguns presentes. O Mike Kerr gostou da camiseta e fez questão de usá-la pra tirar foto. Não bastante, eles deram entradas pro Thales conferir o show do Maracanã e o baterista Ben Thatcher resolveu usar a camiseta em pleno show, depois de uma leve customização! Além de ter proporcionado uma enorme alegria pro Thales como fã lá no Maraca, foi algo extremamente gentil e de enorme camaradagem e que revela que de ‘marrento’ o Ben não tem nada, pelo contrário, divulgou a nossa banda pra milhares de pessoas sem ter pedido nada em troca.
Enfim, dividimos essa história bacana com alguns portais, sites e páginas de música de diferentes alcances, mas infelizmente a maioria nos ignorou por completo, mesmo com o Royal Blood sendo uma das bandas mais elogiadas da nova geração. Fica aí o registro.