O Homem Baile

Encontro marcado

Royal Blood se vê diante de grande quantidade de fãs e garante a festa do riff no Lollapalooza. Fotos Divulgação Lollapalooza: Camila Cara/MRossi (1 e 2) e MRossi/MRossi (3).

O baixista Mike Kerr e o baterista Ben Thatcher botando pra quebrar em um dos shows mais concorridos

O baixista Mike Kerr e o baterista Ben Thatcher botando pra quebrar em um dos shows mais concorridos

Quando o baixista Mike Kerr se deu conta, uma gigantesca multidão estava devidamente aboletada nas montanhas para acompanhar um dos shows de médio porte mais concorridos do Lollapalooza desse ano. E era justamente o de sua banda, o Royal Blood, na tarde de sexta (23/3), o que fez o jovem mancebo espremer a língua – e não foi a primeira vez - entre os dentes, dada a apreensão. Mal sabia ele que era só tocar seu baixo com som de guitarra, implementar um riff pesado e distorcido atrás do outro, que estava tudo resolvido. E com a contribuição parceiro e cúmplice Ben Thatcher, cuja função geralmente é bem cumprida espancando tambores e pratos da bateria, no outro extremo do palco.

Dito e feito. Porque aquele mundaréu de gente, sobretudo os alojados na parte mais próxima do palco, só queria saber de mandar um pula-pula matreiro como se fosse ele consequência direta do riff de guitarra (ops… baixo) de cada uma das músicas do Royal Blood. E já começa assim, em “Where Are You Now?”, uma das novas, do segundo disco da dupla, “How Did We Get So Dark?”, lançado no ano passado, mas que parece clássico. Porque aqui o que vale – repita-se – é o poder do riff. Em “Come on Over”, hit do disco de estreia, a coisa se alastra mais e mais, e, de repente, instalam-se elegantes rodas de dança na frente do palco, ao menos uma de cada lado do corredor central que divide o público em dois.

A apreensão faz Mike Kerr morder a língua, mas logo tudo se resolve na base do riff distorcido

A apreensão faz Mike Kerr morder a língua, mas logo tudo se resolve na base do riff distorcido

Kerr – já sabemos todos – tira som de guitarra de seu baixo a custa de assimilações eletrônicas que envolvem todo o seu equipamento. De cima do morro – o palco fica na parte mais baixa da região – é possível ver amplificadores conectados em paralelo e uma pedaleira dos diabos, e o músico ainda troca de instrumento em praticamente todas as músicas. Talvez venha daí o interesse a mais pelos riffs que ele produz, além da já tradicional sentença “São só dois caras fazendo essa barulheira toda!”, proferida a todo o momento em meio à multidão. Ajuda também, na abordagem do riff, o groove realçado em músicas como “I Only Lie When I Love You”, ou a citação de “Foxy Lady”, de Jimi Hendrix, em “Hole in Your Heart”.

O repertório é ligeiramente diferente do show do Rio, na abertura para o Pearl Jam (relembre), com uma música a mais, mas segue dividido quase que igualmente entre os dois discos. Permanece o solo de bateria de uns dois minutinhos no final de “Little Monster”, mas Thatcher economiza na caminhada pela beirada do palco em tom de desafio. O desfecho segue com a dobradinha “Figure It Out” e “Out of the Black”, só que com a plateia completamente enlouquecida, ao ver Mike Kerr empoleirado no praticável da bateria, os dois interagindo com técnica, peso e muita distorção. No final, Kerr anda “toca” a bateria com a mãos no prenúncio de um encerramento apoteótico que realmente acontece. Certamente o melhor show da dupla por essas plagas.

Paisagem: vista do lado de dentro do palco, com a multidão no belo entardecer do Lollaplooza

Paisagem: vista do lado de dentro do palco, com a multidão no belo entardecer do Lollaplooza

Set list completo:

1- Where Are You Now?
2- Lights Out
3- Come on Over
4- You Can Be So Cruel
5- I Only Lie When I Love You
6- Little Monster
7- Hook, Line & Sinker
8- Hole in Your Heart
9- Ten Tonne Skeleton
10- Figure It Out
11- Out of the Black

Tags desse texto: ,

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado