Bola é Bola Mesmo

Inimigo íntimo

Jogador do Liverpool, Luiz Suárez comanda a raça uruguaia que praticamente despacha uma briosa Inglaterra de volta pra casa. Foto: Divulgação FIFA.

suarezinglaterraQuando o goleiro Hart foi para a área uruguaia em busca de um milagre que desse o gol de empate aos ingleses estavam com ele a Rainha da Inglaterra, os Beatles e os Sex Pistols. Não deu certo. No dia em que Wayne Rooney, um clássico jogador de clube, não de seleção, fez seu primeiro gol em Copas, na sua terceira competição, a sorte estava do lado do Uruguai.

Ou, por outra, foi a boa e velha garra uruguaia. Porque não há quem me convença que um chutão do goleiro Muslera que dá uma casquinha na zaga inglesa e sobra para Suárez fuzilar Hart seja uma jogada ensaiada e realizada com perfeição. O passe de Cavani para o primeiro gol, sim, muito embora a cabeçada do mesmo Suárez, naturalmente o craque da partida, tenha sido fortuita. E isso numa noite em que Muslera funcionou sem ser numa disputa de cobranças de pênaltis e que o lateral Álvaro Pereira desacatou os médicos e voltou ao campo depois de perder os sentidos.

Gostam os mais antigos de exaltar e temer a chamada mística uruguaia. Uma espécie de capacidade que nossos vizinhos do sul têm de se superar quando as condições lhe são mais adversas. Por isso temem os uruguaios, bicampeões numa época em que o mundo era outro mundo e que nem sempre comparecem às Copas. E, quando participam, como nessa, garantem o passaporte em cima da hora, disputando incríveis repescagens intercontinentais.

Muitos atribuem a vitória de 1950 sobre o favorito Brasil nesse mesmo Maracanã a essa gana, essa raça uruguaia. Só ela pode, então, explicar como os celestes venceram a Inglaterra em um jogo pau a pau. Porque se a Inglaterra também só tem o triunfo único de 1966 para por na mesa, tem revelado jogadores classudos que impõem respeito, em princípio, e em seus clubes, mas, em Copas, não conseguem empurrar sua seleção ao título. Não há quem diga que a Inglaterra - que belíssimo uniforme! - tenha jogado mal contra Itália e Uruguai, mas perdeu as duas partidas e segue na disputa por um fio. Assim é o futebol.

E Luizito Suárez, inimigo íntimo como craque do Liverpool, sai notoriamente como o herói uruguaio e vilão para os britânicos. Há cerca de um mês, estava prostrado sobre uma cadeira de rodas, depois de ter o joelho revisado por especialistas. Não jogou a partida de estreia e adentrou o campo em São Paulo para decidir. E decidiu. Aos ingleses, o consolo da luta, diferentemente dos espanhóis entregues no Maraca na quarta (saiba mais), neste que já pode ser incluído na lista de melhores jogos da Copa do Mundo no Brasil, incluindo as equipes com seus uniformes tradicionais; já pode chamar de Copa das Copas?

Por vezes esquecemos que além de essa ser a Copa no Brasil, é também a Copa sul americana e nossos vizinhos estão aí com tudo em cima, incluindo apaixonadas torcidas. Até agora, só um confronto – Equador versos Suíça – não teve a vitória sul americana, o que vale a lembrança de que jamais um europeu venceu em nosso continente. Isso inclui a Colômbia, que para cima da Costa do Marfim conseguiu apenas a sua segunda vitória seguida em Copas, mas garantiu a classificação.

Mesmo sem Falcão García, cortado por contusão, os colombianos foram muito melhores que uma pouco inspirada Costa do Marfim, que não consegue fazer a bola chegar em Drogba. Mesmo porque o matador só entra no segundo tempo. Curiosamente o grandalhão Ya Ya Toure também não vai bem na seleção como no Manchester City, e depender de Gervinho, que até fez um belo gol, não dá mesmo.

A Colômbia vê em James Rodriguez e em Cuadrado a saída para a ausência de seu grande craque e pode chegar longe na Copa, dependendo de quem vem do embolado grupo da Itália, Uruguai e do azarão Costa Rica. Pelo visto ainda vai ter muita dancinha treinada pelo Professor Pablo Armero pra gente ver nessa Copa.

Sim, Grécia e Japão voltaram a protagonizar uma péssima partida, a exemplo de Nigéria e Irã. Outro zero a zero merecidíssimo para times que não têm um destaque sequer. O Japão com um apagado Kagawa e a Grécia com o tradicional antifutebol que ainda conta com remanescentes da Eurocopa de 10 anos atrás, vencida como zebraça. E segue o jogo. Só tá faltando o padrão FIFA na segurança do Maracanã. O palco da grande final não pode ser invadido com tanta facilidade, meus amigos.

Até a próxima que tem alemão no samba!

Resultados de 19/6/2014
Colômbia 2 x 1 Costa do Marfim
Uruguai 2 x 1 Inglaterra
Japão 0 x 0 Grécia

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