Bola é Bola Mesmo

Acerto da História

Espanha se despede com a pior campanha de um campeão em todas as Copas e confirma que volta a ser coadjuvante no mundo da bola. Foto: Divulgação FIFA.

espanhachileNa tarde do dia 30 de junho de 2013, um belo domingo, o técnico argentino Jorge Sampaoli se prostrou em frente à TV e viu o time do Brasil faturar a Copa das Confederações demolindo sem dó a seleção da Espanha com um placar de três a zero. Uma, digamos, semigoleada.

Assim que sorteio indicou que a seleção que iria dirigir nessa Copa – o Chile – caíra no mesmo grupo da Espanha, tratou de requisitar a chamada fita do jogo e se pôs a estudar. Ontem, no mesmo Maracanã em que a Espanha consolida uma histórica freguesia, Sampaoli pôs em prática tudo de novo.

Não deu outra. O Chile marcou forte, não deixou a Espanha fazer a única coisa que saber – trocar passes – e, com a relativa habilidade de certo jogadores, mandou duas bolas para a rede e resolveu a parada ao garantir, de forma antecipada, sua classificação para as oitavas de final. A Espanha, como aconteceu contra o Brasil, não conseguiu se livrar da armadilha e sucumbiu copiosamente.

Vejam. Não é que a Espanha, a chocha campeã de 2010, foi eliminada na primeira fase como aconteceu com a França em 2002 e com a Itália em 2010. A Espanha foi eliminada por antecipação, já na segunda rodada da fase de grupos, sem marcar um ponto sequer com um gol a favor e sete contras, e saldo negativo de meia dúzia em apenas dois jogos. Recorde absoluto de fracasso.

Não é que tenha acabado agora esse horripilante futebol de toque para o lado. Ele acabou na tal final da Copa das Confederações – título que os espanhóis não têm, diga-se -, dado sempre omitido na hora de os espanhóis e dos adeptos do enfadonho tic-taca se vangloriarem dos títulos que conseguiram. Sabe-se que um título só é menosprezado por aqueles que não o conquistaram. É assim o futebol.

Me lembro, nesse grande momento – mais um – da Copa no Brasil, de uma entrevista antes do jogo, em que o meia Xavi reafirmou, com certa soberba, que “a Espanha ganhou tudo jogando assim” e que “vamos continuar jogando assim seguir para ganhando”. Contra o Chile, o bom jogador amargou 90 e tantos minutos no banco. Tempo suficiente para aprender que, no futebol, não há esquema de jogo que vença para sempre.

Xavi é símbolo de uma gigantesca geração de armandinhos que produz o futebol espanhol a custa dessa visão equivocada de se jogar bola que agora cai em desprestígio. David Silva, Mata, Cazorla, Navas, Iniesta, a lista não tem fim. Reparem que, de lá, não saem, por exemplo, centroavantes. No campeonato deles, um Gre-Nal superfaturado, só quem brilha fazendo gols são estrangeiros como Messi, Cristiano Ronaldo e até Diego Silva, um jogador de várzea que demonstrou pouca inteligência ao trocar o Brasil pela Espanha.

Por isso não cabe colocar a culpa na imponderabilidade do futebol e se apegar na ponderação de que “se o David Silva tivesse feito aquele gol contra a Holanda quando o jogo estava um a zero a favor, tudo poderia ser diferente”. Porque jamais o meia, grande armandinho – repito – faria aquele gol. A vocação dele e dessa Espanha vexatória é tocar a bola e nada mais.

Não sei se os amigos perceberam, mas foi depois do sucesso desse jeito abjeto de jogar que, nas transmissões, passou-se a dar valor, com mais ênfase, a tal da “posse de bola”. No imaginário futebolístico o dado passou a servir de hipotético critério de desempate em busca de um placar justo que o futebol – sabemos todos – jamais terá.

Agora só falta a confirmação da falência do treinador Pepe Guardiola na tarefa de acabar com a força do futebol alemão para as coisas voltarem à normalidade no mundo da bola. Quanto à Espanha, seu título mundial com uma campanha de vitórias apertadas, empates e derrota, será sempre lembrado como aquela exceção, aquele ponto fora da curva. Sim, a Fúria voltou, meus amigos.

O jogo da Holanda provou que a seleção deles não é essa Coca-Cola toda. O rei e a Rainha viram de perto. Tanto que a Austrália, com marcação apenas razoável, vendeu caro a derrota, com um gol de pênalti discutível e um inapelável golaço de Cahill. Os holandeses têm um time jovem comandado, do meio para trás, pelo viril De Jong. A tarefa deles é jogar bola para o trio de veteranos Van Persie, Sneijder e Robben deitar e rola lá na frente. Só isso. Quem impedir essa ação e conseguir marcar na meta oposta leva o jogo. Parece fácil, mas não é. A Austrália quase consegue.

Falava-se que o time de Camarões era ruim, mas a Croácia mostrou que eles são “mais ruins”, como diz o narrador da Fox Sports, do que se pensava, e são, também, desequilibrados. O que aponta para uma vitória tranquila do Brasil na próxima segunda. Não precisa ser de goleada, mas uma vitória que dê mais confiança para encarar o que vem por aí já nas oitavas de final. Chile, nosso freguês de longa data, deve ser o preferido, mas eles seguramente vão vender muito caro essa classificação. Se bobear, com pênaltis e tudo. Podem anotar.

Até a próxima que o Felipão vai chamar o Robinho para encarar o Chile!

Resultados de 18/6/2014
Austrália 2 x 3 Holanda
Espanha 0 x 2 Chile
Camarões 0 x 4 Croácia

Tags desse texto:

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado