O Homem Baile

Punho forte

Comandado por Josh Homme, Queens Of The Stone Age ’supera desconfianças’ e conquista plateia do Lollapalooza com hits e uma amostra do novo álbum. Foto: Bruno Eduardo.

qotsa2Poderia ser um desastre. Uma banda dada a uma eterna promiscuidade musical que há tempos está em estúdio conclui um novo disco e é chamada para tocar em um festival brasileiro, com o advance de estrear justamente aqui um novo baterista, que, segundo consta, não participou das tais gravações. Mas o Queens Of The Stone Age tem um sujeito chamado Josh Homme, simplesmente a personificação do rock dos últimos tempos, junto com Dave Grohl e Jack White - a ordem fica a gosto do freguês - e um punhado de hits que já há tempos fazem parte do cotidiano do rocker brasileiro. E eles - os hits e os rockers - estavam todos lá.

É com punho forte que Homme explora o próprio domínio que tem do rock, de sua banda e de uma guitarra surrada que parece ter vida própria. Ou, por outra, é uma desambiguação do próprio músico, ato contínuo evoluções, solos, riffs e levadas que atropelam de supetão até os mais acostumados a solavancos do que a quietudes monótonas. Em “Little Sister”, por exemplo, Josh se aproveita de um riffizinho minimalista acoplado ao refrão e emenda solos sobre solos sem parar, parece criança num dia depois do Natal. Na seguinte, “Better Living Through Chemistry” - o título é esquisito, mas você conhece - ele parece ainda insaciado e vai fundo mais uma vez, se acabando em dedilhados e distorções como forma de enlouquecer a plateia, todinha na mão.

O repertório conta com 14 músicas, assim como no show de 2010, no SWU (veja como foi), mas apenas nove foram mantidas. Uma das cinco que entraram é nada mais nada menos do que a novíssima “My God Is The Sun”, que faz parte do novo álbum, “…Like Clockwork”. Sim, foi no Brasil que o QOTSA mostrou pela primeira vez a faixa que tem tudo para ser o primeiro single no novo trabalho. Isso porque a música é uma porrada das boas, na linha do Queens, com alternâncias de andamento e - o mais importante - um refrão dos mais colantes. Um bom sinal, já que não é só de participações de uma galera sinistra que se faz um bom disco; é preciso boas músicas.

O show também serviu para apresentar - repita-se - o novo baterista, Jon Theodore, que era do Mars Volta, sendo que as baterias do álbum - você sabe - foram gravadas por Dave Grohl. Theodore esbanjou saúde e competência na hora de sentar o braço. É sabido que não é fácil mandar bem em “Go With The Flow”, uma das mais pungentes músicas dos últimos tempos. Mas ele não estava nem aí e a música, uma das preferidas da casa, foi a penúltima do set, subtraído, sabe-se lá o porquê, em cerca de 10 minutos. Fato que seguramente passou desapercebido pelo público, que chegou a 55 mil no sábado, segundo a produção do festival.

Outras em que o público se esbaldou foram “Sick Sick Sick”, “No One Knows” e “A Song For The Dead”, responsável por aberturas de rodas na plateia e por um final exuberante, daqueles que não tem fim, e, ao mesmo tempo, arrematam o show várias vezes. E pensar que o Queens Of The Stone Age desembarcou no Brasil pela primeira vez totalmente desacreditado como atração secundária de um festival. Fica a lição de parte a parte: para o público, para a banda e para o Rock In Rio. Agora é esperar o disco novo e a turnê subsequente, que não vai deixar o Brasil de fora. Pode apostar.

Set list completo:

1- The Lost Art of Keeping a Secret
2- No One Knows
3- First It Giveth
4- Sick, Sick, Sick
5- Burn the Witch
6- Monsters in the Parasol
7- Hangin’ Tree
8- Make It Wit Chu
9- My God Is the Sun
10- Little Sister
11- Better Living Through Chemistry
12- Do It Again
13- Go With the Flow
14- A Song For The Dead

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