Filho crescido
Patinho feio no Rock In Rio de 2001, Queens Of The Stone Age volta impondo respeito em bela apresentação, com boa interação com a plateia. Fotos Divulgação Rock In Rio: I Hate Flash.
Com essa expectativa é que o quinteto sobe no palco e, com os instrumentos plugados no talo, mandam uma versão nervosa de “You Think I Ain’t Worth a Dollar, But I Feel Like a Millionaire”, sem a menor cerimônia. E a reação do público é de banda grande, com todo mundo cantando tudo e reconhecendo o número seguinte nas primeiras notas, o que representa um feito e tanto para uma banda com os dois pés fincados no rock e no bom gosto desde sempre, em meio à diversidade do público de um festivalzão como o Rock In Rio. Sob luz cerrada, os quatro integrantes quase flutuam na frente do palco, sem dar um pio, enquanto o ótimo baterista Jon Theodore, o último a entrar, não economiza na braçada e dá ritmo ao show como poucos.
O show é o da turnê do álbum mais recente do grupo, “… Like Clockwork”, que saiu em 2103 e teve uma de suas músicas, My God Is The Sun” tocadas pela primeira vez, justamente no Lolla de 2013 (relembre). A canção, paulada das boas, entra logo na primeira parte do show, mas, curiosamente é quase andorinha só em um disco que, vamos e venhamos, não é tão bom quanto os anteriores. Por isso o set perde um pouco, não em animação, uma vez que a recepção é ótima, mas na concatenação das músicas. Por exemplo, a sequência “The Vampyre of Time and Memory”, com Homme iniciando com um tecladinho chulé, e “If I Had a Tail” e seu sotaque oitentista é de um anticlímax só. A sorte é que sempre tem uma música sagaz para ser tirada da cartola e tudo volta ao normal.E ainda porque, em muitas vezes, mesmo que bem ensaiado, o grupo parece improvisar pra valer no palco. É o que acontece em “Regular John”, quando os quatro integrantes de linha se voltam para a bateria e parece um esperando o outro dar mais de si antes de combinar em definitivo como será o desfecho da música. Em “Burn The Witch”, uma das preferidas do público, Josh Homme e Troy Van Leeuwense se revezam, emendando solos e evoluções de guitarra de dar gosto. Tudo – repita-se – com o som no talo, como um show de rock de ser. Em “Sick , Sick, Sick”, solitária representante do ótimo álbum “Era Vulgaris”, o entrosamento da banda se salienta de novo, dessa vez pelo peso e pelo volume desmedidos, numa peça até certo ponto regular deles.
O sprint final vem com “Go With the Flow”, de longe a melhor música do grupo em todos os tempos, e “A Song for the Dead”, que reserva um desfecho instrumental intenso, com todos se desafiando de parte a parte. Vale lembrar que o set list distribuído à imprensa tinha duas músicas a mais, que firam limadas: a ótima “3’s & 7’s” e “I Sat By The Ocean”, outra do disco novo. E, a lamentar, o fato de o grupo ignorar clássicos das antigas, dos álbuns “Queens of the Stone Age”, de 1998, e “Rated R”, de 2000; nem a emblemática “Feel Good Hit of the Summer”, queridinha de 10 entre 10 fãs teve espaço. Como nem tudo pode ser perfeito, nem tudo pode ser bacana, o negócio é torcer por um show solo do QOTSA, fora de festival, o mais rápido possível. E um disco de inéditas melhorzinho também, né, Josh?Set list completo:
1- You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire
2- No One Knows
3- My God Is the Sun
4- Burn the Witch
5- Smooth Sailing
6- In My Head
7- Regular John
8- Sick, Sick, Sick
9- The Vampyre of Time and Memory
10- If I Had a Tail
11- Little Sister
12- Fairweather Friends
13- Go With the Flow
14- A Song for the Dead

Vista lateral do palco do Queens Of The Stone Age: público cantou muitas das músicas, inclusive as novas
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