O Homem Baile

Despedida

Em fim de turnê, Evanescence mostra grande forma e emociona plateia, antes de entrar em anunciado recesso. Fotos: Luciano Oliveira.

Amy Lee: muita emoção e boa performance vocal, nas partes mais arrojadas e nas mais suaves

Amy Lee: muita emoção e boa performance vocal, nas partes mais arrojadas e nas mais suaves

Uma imagem tocante. Amy Lee se senta para tocar piano bem na frente do palco e faz o pedido especial para que todos cantem junto – “sei que vocês vão cantar de uma forma ou de outra” – o sucesso “My Immortal”. Uma chuva de papel picado cai sobre a plateia, que aos berros, é tomada pela emoção, quando a banda toda entra, no gás. Era o fim da apresentação do Evanescence, ontem, na cheia HSBC Arena, no Rio. Mais que isso, o tom era de despedida, dadas as últimas notícias (leia aqui) que apontam para um novo e indeterminado recesso da banda.

Amy Lee e a esvoaçante saia das Nações Unidas

Amy Lee e a esvoaçante saia das Nações Unidas

Uma pena. Porque no show de ontem é que esse novo Evanescence, cuja formação se configurou para o lançamento do terceiro álbum e se consolidou durante a turnê, mostrou que está realmente afiado. A diferença entre o show do Rock In Rio, um dos primeiros da turnê, há um ano, e o desta sexta, é brutal. A banda insegura, com vocalista hesitante ao mostrar as novas músicas se foi, e deu lugar a um grupo coeso que teve uma evolução monstruosa, daquelas que só o palco e a estrada podem dar. “Rodamos o mundo todo desde que estivemos aqui, no ano passado. É muito bom estar de volta em casa”, disse a animada Amy Lee, antes de mandar “The Other Side”. A música recebe um renovado trabalho de guitarras de Troy Mclawhorn e revela uma cozinha pesadíssima, capitaneada, sobretudo, pelo batera Will Hunt, em grande forma.

O repertório do show foi o mesmo da apresentação de Porto Alegre (veja aqui), que marcou o início dessa turnê pelo Brasil, com a ordem das músicas sendo alterada. O roteiro prevê, no primeiro terço do show, a colocação do piano no meio do palco, quando se destaca a dobradinha “Lost In Paradise”/“My Heart Is Broken”. A primeira, omitida da última vez, supera o limiar do brega e realça a performance vocal de Amy Lee; é de impressionar como a mocinha mantém a afinação, tanto nas partes mais arrojadas quanto nas mais suaves. Na segunda, de refrão pegajoso, é o público quem aparece, erguendo balões vermelhos em forma de coração que são estourados após o término da música. Em cada braço da vocalista uma bandeira, uma do Brasil e outra da Argentina, fichinha perto da saia com bandeiras de vários países, como se fosse o pátio da ONU.

A vocalista à frente do palco, enquanto, no fundo, o batera Will Hunt gira a baqueta entre os dedos

A vocalista à frente do palco, enquanto, no fundo, o batera Will Hunt gira a baqueta entre os dedos

Sete músicas do novo álbum (resenha aqui) foram incluídas no set, com a troca de “Sick” por “Oceans”, em relação ao show do Rock In Rio (veja como foi). O que não precisaria ser feito, caso o show se estendesse um pouco mais; convenhamos que uma hora e 20 minutos é pouco para quem tem uma carreira de sucesso como a do Evanescence. A compensação do vem com a intensidade com que as músicas são apresentadas. A prova disso está na própria “Oceans”, cuja evolução instrumental é grandiosa, causando surpresa até para fãs de longa data, que não se furtaram e cantar cada verso da letra, mesmo sob o peso cavalar imposto pela banda. A base pesada do guitarrista Terry Balsamo, escorado pelo baixista Tim McCord marcou a apresentação, graças à boa qualidade do som, uma constante, aliás, nos shows da Arena.

A tal música nova, “If You Don’t Mind”, uma das sobras do álbum “The Open Door”, de 2006, mal encaixada no bis, era para ser o destaque, mas pense: se nunca foi tocada, não deve ser lá grande coisa. Valeu a intenção de trazer algo inédito para o Brasil, mas a canção passou batida e poderia tranquilamente dar lugar a outra. Há sempre aquelas que fazem falta, ainda mais quando a banda tem a mania e fazer shows curtos; em 2007, no Rio Centro, também foi assim (relembre). Não dava para pensar nesse tipo de coisa, no entanto, com a porrada em que se transformou “Going Under”, a segunda da noite”; no refrão de “Whisper”, outra renovada pelo grande momento da banda; ou ainda no blockbuster “Bring Me to Life”, cantada a plenos pulmões, já no encerramento. Nem a melancolia do bis, em tom de adeus, maculou um noite para ser anotada no caderninho.

Amy Lee evolui no palco da Arena

Amy Lee evolui no palco da Arena

Set list completo
1- What You Want
2- Going Under
3- The Other Side
4- Weight of the World
5- Made of Stone
6- Lithium
7- Lost in Paradise
8- My Heart Is Broken
9- Whisper
10- Oceans
11- The Change
12- Lacrymosa
13- Call Me When You’re Sober
14- Imaginary
15- Bring Me to Life
Bis
16- If You Don’t Mind
17- My Immortal

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Raiana de Jesus Ferreira em outubro 8, 2012 às 3:06
    #1

    Só não concordo com duas partes. Sobre “If You Don’t Mind”, que era muito aguardada e não deixou em nada a desejar, e sobre a qualidade do som do Arena. Quem estava na grade do palco não ouvia nada além da bateria. Tentamos informar a produção desde o show do The Used, mas ninguém deu atenção. O restante da matéria está show de bola!

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