O Homem Baile

Mau uso

Mesmo com som embolado e sem peso, The Used agrada boa parte dos fãs do Evanescence, banda principal da noite. Foto: Bruno Eduardo.

theused12-1A tarefa não era das mais fáceis, mas os rapazes encararam. Fazer o show da abertura da turnê do Evanescence pela América Latina, diante de fãs dos mais dedicados. A julgar pelo show de sábado, no Rio, até que o The Used se saiu bem, descobrindo que a interseção de fãs de uma e de outra banda é maior do que se esperava. Sim, havia muita gente com a camiseta da banda na HSBC Arena, cantando as letras das músicas como se fosse dela o show principal. Afora uma troca de dedos do meio erguidos e algumas cusparadas na grade – teve quem gostasse – a recepção foi bastante razoável.

Mas, o show, não. Primeiro que, por boicote ou falta de um bom técnico de PA, o som estava embolado, abafado e sem pressão. Depois, uma banda de post hardcore – eu disse hardcore – não pode tocar tão sem peso com os meninos do The Used fizeram. À exceção de Dan Whitesides, que espancava os tambores e pratos de sua bateria sem dó, muitas vezes sem ser ouvido por causa do som ruim, os demais integrantes não conseguiam tirar dos instrumentos o peso que a música exige. Um solo de Quinn Allman, por exemplo, só ganhou a luz do dia em “Pretty Handsome Awkward”, a penúltima música da noite. E o baixista Jeph Howard, que deveria fazer a base, forte, sucumbiu mesmo à bateria e só apareceu graças às cordas fluorescentes de um de seus instrumentos. Precisam escutar a discografia do Black Sabbath com urgência.

Uma pena, porque, boas músicas e refrões de se cantar junto, os caras têm. E o vocalista Bert McCracken bem que fez a sua parte. Gritou, jogou o boné para o público, prometeu voltar em turnê só deles, manteve aquele diálogo de amor e ódio com a turma do gargarejo com esportividade. “Listening”, por exemplo, faz todo mundo na frente do palco pular, e “Pull Me Out”, quase metal, teve uma das melhores performances ao vivo. A música foi a única do novo álbum, “Vulnerable”, a ser incluída num repertório espertamente feito com músicas “das antigas”. “All That I’ve Got”, uma dessas, também colou o refrão no ouvido do público, que respondeu cantando tudo certinho.

Os generosos 40 minutos a que o grupo teve direito chegaram ao fim com a clássica “A Box Full of Sharp Objects”, do disco de estreia, turbinada com a introdução de “Smell Like a Teen Spirit”, do Nirvana. “Essa é a melhor música já composta”, gritou Bert. Resta saber a qual das canções ele estava se referindo, no desfecho de uma apresentação apenas razoável e que precisa ser corrigida com a tal turnê solo que o vocalista prometeu fazer logo, logo pelo Brasil. No aguardo, desde já.

Clique aqui para ler a resenha do show do Evanescence.

Set list completo
1- Take It Away
2- The Bird and the Worm
3- Listening
4- Put Me Out
5- I Caught Fire
6- The Taste of Ink
7- All That I’ve Got
8- Blood on My Hands
9- Pretty Handsome Awkward
10- A Box Full of Sharp Objects

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