O Homem Baile

Em espetáculo bem ensaiado, Evanescence coloca sucesso à prova e supera expectativas

Cerca de 15 mil pessoas vibraram com a banda de Amy Lee ontem à noite, no Rio Centro. Luxúria mostrou força na abertura, e Silicon Fly passou batido. Fotos (do show de São Paulo): Marcelo Rossi/Divulgação Media Mania.

O Evanescence entrou no palco a mil por hora

O Evanescence entrou no palco a mil por hora

Um dos shows mais esperados dos últimos anos passou pelo Rio ontem. O Evanescence fez mais ou menos aquilo que se esperava: arrastou uma multidão de adolescentes que não estão nem aí para a choradeira emo (muito embora a emoção tenha sido a tônica do espetáculo) e preferem a curiosa mistura de gothic metal com nu-metal – ou, se preferirem, gothic metal à americana. E ainda, sobretudo, o carisma de Amy Lee, tida e reconhecida como a dona da banda, e não que isso seja um injustiça.

Amy Lee: uma 'uninvited guest' que dá conta do recado

Amy Lee: uma 'uninvited guest' que dá conta do recado

A moça detém as atenções do público em todo o show, seja soltando a voz, tocando piano ou saracoteando de um lado a outro do palco com uma boa desenvoltura. Simpática, conversa com o público com intimidade de amigos de longa data e compensa a falta de vocação para o posto de ocupa com muita simplicidade, e, claro, com uma voz afinada. Amy sabe que é uma espécie de “uninvited guest”, está ali quase por acaso, não planejou para si o sucesso mundial, não paga de sensual, exibe uns quilinhos a mais difíceis de serem mantidos e faz disso tudo um trabalho muito bem cumprido. Atrás dela uma banda de anônimos muito bem ensaiada, que garantem o peso necessário à música da banda, sem cometer exageros.

John LeCompt foi mais discreto, mas fez bases fundamentais para o desempenho do Evanescence

John LeCompt foi mais discreto, mas fez bases fundamentais para o desempenho do Evanescence

O show começa sem grandes introduções (como é comum no gênero), com Amy andando para a borda do palco e cantando “Sweet Sacrifice”, a que abre o último disco, “The Open Door”. Talvez de olho na manutenção das colossais vendagens do álbum anterior, mais da metade das músicas são deste, e nenhuma do primeiro, sepultado definitivamente nesta turnê. Antes de “Going Under”, o primeiro grande hit do repertório, Amy dá um simpático boa noite e o público delira. O riff thrash de “The Only One” fecha a primeira parte do set realçando as guitarras de Terry Balsamo e John LeCompt, e o verdadeiro massacre imposto pelo baterista Rocky Gray. Um piano é montado para Amy na frente do palco e o show dá uma caída que poderia ter sido evitada se o artifício fosse realizado mais tarde – em “Good Enough” ela até “coçou” a voz.

Amy Lee em posição de ataque solta o vozeirão

Amy Lee em posição de ataque solta o vozeirão

Nesse sentido, “Haunted” faz o show retornar ao normal com um certo alívio por parte do público, que volta a participar decisivamente. A dobradinha do segundo disco com “Tourniquet” se sai muito bem ao vivo, e Amy Lee evolui rodopiando pelo palco enquanto o Terry faz um solo espetacular em “The Haunted”. Mas é o maior hit da carreira da banda, “Bring Me To Life” que faz o público explodir. A versão é um pouco diferente da original, mais pesada, com ênfase no pára-continua típico do nu-metal. Nem uma falha no início de “Whisper” atrapalha o clima do show, e Amy até faz piada. Algumas músicas de “The Open Door”, ao vivo, ganham muito em peso e dramaticidade, como “All That I’m Living For” (que inicia com Amy verificando o calor do Rio: “é quente aqui ou o quê?”) e “Lacrymosa” que proporcionou um final de show excelente, com precisamente uma hora de palco.

Terry Balsamo fez solos surpreendentes e mandou bons riffs

Terry Balsamo fez solos surpreendentes e mandou bons riffs

Na volta, emocionada, Amy conclui que o “Brasil rocks!” e toca, ao piano, “My Immortal”, outro hit, e ainda “Your Star”, encerrando a noite precocemente, com pouco mais de 70 minutos. Muito pouco se consideramos a estrutura trazida ao Brasil: um palco gigante com panos de fundo e laterais, cortinas, canhões de luz específicos para Amy Lee e luzes verticais. Foi praticamente um set desses para os grande festivais europeus, onde o Evanescence não é headliner. Mostrou, contudo, uma correção técnica impressionante, que, somada à involuntária desenvoltura de Amy, fazem valer o desempenho do Evanescence mundo afora.

Na abertura, o Luxúria provou de seu sucesso e foi muito bem recebido pelo público, que cantou junto em praticamente todas as músicas, especialmente nas que tiveram execução nas rádios comerciais. A vocalista Meg não amarelou ante a multidão, e o saldo foi bem positivo. Já o Silicon Fly, desconhecida banda uruguaia, passou praticamente desapercebida, e encerrou o show antes do previsto, para não pagar um mico ainda maior.

EM SÃO PAULO, AS MESMAS MÚSICAS, MAS NO RIO O SHOW FOI MELHOR

Em São Paulo a animação do público foi maior, mas o show do Rio, com som e palco superiores, foi melhor

Em São Paulo a animação do público foi maior, mas o show do Rio, com som e palco superiores, foi melhor

Sobre o show em São Paulo, bem… O do Rio foi melhor. Os mais engraçadinhos dirão “claro, estava cheio de paulistas!”, mas não é (só) isso. Por sinal, a platéia paulistana estava bem mais animada que a do Rio, mais gente vibrando e cantando as músicas, e, por incrível que pareça, um público mais velho. Foi um contraste com a criançada que foi ao show no Rio, levando os pais (coitados) arrastados, tornando o público um pouco variado demais e atrapalhando o trânsito na hora de ir embora - uma van escolar foi vista buscando um grupo, pasmem. Ainda assim, o show no Rio foi melhor. O som em São Paulo estava muito baixo, era possível ouvir a voz da belíssima vocalista Amy Lee e do público entusiasmado, quase na mesma altura. Além disso, o palco em São Paulo era mais baixo que o do Rio, dificultando a visão total da banda.

O set list foi igualzinho, assim como em todos os quatro shows realizados no Brasil, não mudaram nem a ordem. Um show ensaiado com rigor inglês, mesmo a banda sendo americana. O público permaneceu empolgado na grande maioria das músicas, cantando tão ensaiado quanto a banda, sobretudo em músicas como “Lithium” e “Good Enough”, ambas do novo disco, nas quais Amy Lee entrava apenas com piano e voz. Além disso, entre “Lacrymosa” e “My Immortal”, tanto no Rio como em São Paulo, aconteceram tentativas (frustradas) do público de cantar musicas antigas da banda, na expectativa de influenciar no repertório. Em São Paulo foi “Anywhere”, do primeiro álbum, “Origin”, mas as 25 mil pessoas não acompanharam a meia dúzia que se esforçou. No Rio a escolhida foi “Missing”, lançada no CD/DVD “Anywhere But Home”, em 2004, mas também não deu certo.

Quanto às 25 mil pessoas, esperava-se mais para um show de tão grande porte, mas serviu para impressionar Amy Lee. “I wasn’t expecting so many of you”, disse ela, entre um sorrisinho doce e um olhar comovido. Bem, nós estávamos esperando por ela. (Júlia Bragatto)

Set list completo:

Amy cantou muito, mas dezesseis músicas não foram o bastante para uma banda de tanto sucesso

Amy cantou muito, mas dezesseis músicas não foram o bastante para uma banda de tanto sucesso

1- Sweet Sacrifice
2- Weigth Of The World
3- Going Under
4- The Only One
5- Lithium
6- Good Enough
7- Haunted
8- Tourniquet
9- Call Me When You’re Sober
10- Imaginary
11- Bring Me To Life
12- Whisper
13- All That I’m Living For
14- Lacrymosa
Bis
15- My Immortal
16- Your Star

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Comentários enviados

Existem 4 comentários nesse texto.
  1. Jessica em outubro 5, 2011 às 23:16
    #1

    Bom, sei que o comentário veio um pouco tarde, mas antes tarde do que nunca! É preciso fazer algumas correções na matéria acima… são elas: 1ª- as fotos dos guitarristas estão com as legendas trocadas, a primeira foto é o John (o da guitarra com chamas verdes) e o Terry (o cabeludão) aparece na segunda… 2º- as fotos acima são do show em São Paulo, no show do Rio a Amy estava com outra roupa… 3º- a ordem do track list está errada… 4º- as músicas cantadas pelos fãs também estão erradas, “Missing” foi em São Paulo e no Rio foi “Anywhere”… bom, aparentemente é só isso… o restante parece estar ok! =)

  2. Marcos Bragatto em outubro 7, 2011 às 19:11
    #2

    Oi, Jessica, obrigado pelas correções!

    Corrigimos as legendas, e as fotos são mesmo do show de São Paulo, avisamos lá no subtítulo (não tínhamos fotógrafo no Rio na época). Quanto às demais correções, preferimos deixar como está, afinal foi tudo apurado na época e não leambramos mais.

  3. Igor Cunha em novembro 21, 2011 às 18:05
    #3

    Olá, tem mais um erro. Vocês escreveram o nome de uma música errado. Vocês escreveram “The Haunted” e o nome da música é “Haunted” ;)

  4. Marcos Bragatto em novembro 21, 2011 às 18:13
    #4

    Corrigio, Igor, obrigado!

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