O Homem Baile

Doce barulho

Com um duo da pesada, ex-guitarrista do Superguidis mostra composições certeiras na noite de abertura do Festival Casarão, em Porto Velho. Foto: Douglas Diógenes/Divulgação.

medialunascasarao121Fora do Superguidis, o guitarrista Andrio Maquenzi não deu mole e montou sua própria banda, o Medialunas. Ou quase, uma vez que a sociedade com a baterista Liege Milk (também Loomer e Hangovers) carrega o problema característicos dos “duos tipo White Stripes”: a falta de uma banda completa para dar vazão aos arranjos que cada música pede.

Foi o que ficou evidente na noite de estreia da 13ª edição do Festival Casarão, ontem, em Porto Velho. Mas não foi só isso que se salientou. Primeiro porque Liege, diferentemente de Meg e afins, sabe tocar bateria e senta a mão pra valer. Difícil acreditar que aquele pouco mais que metro e meio de fofura abraça a caixa da bateria com as pernas e impinge o andamento ultra pesado que as músicas, em sua maioria, pedem.

A banda, no entanto, é de Andrio e possivelmente é ele quem compõe boa parte das músicas, muito embora se vê uma pegada anos 90 – no sentido Pavement/Pearl Jam - em algumas, e outra mais indie – que deve ter a ver com o habitat de Liege. Ela, inclusive, chega a anunciar um “bloco grunge” no meio do show, como se fosse possível perceber onde ele terminaria. A mistura desses universos muitas vezes resulta num sotaque indie pop pesado do tipo Sugar meets My Blood Valentine. Para melhorar o cenário, Liege também canta, realçando outro contraponto do grupo – ops – duo. É a pitada de açúcar que batiza a muralha de guitarras duramente imposta por Andrio e seus pedais mágicos. Até linhas de baixo – dizem – foram ecoadas das geringonçazinhas.

Mesmo para uma banda de duas pessoas só, o lugar que abre pela segunda vez uma edição o Casarão é acanhado demais. Não é possível atravessar esse Brasilzão, de Porto Alegre a Porto Velho, para tocar num local sem palco e com o público tendo que “pedir licença” aos músicos para ir ao banheiro. Dá para melhorar. Numa espécie de recomeço, Andrio não estava nem aí para esse tipo de coisa e despejou suas boas composições, cantadas “em várias” línguas, com os vocais usados “como mais um instrumento”. Ele continua um expert no ofício de juntar esporro e boas melodias, produzindo composições certeiras até para os ouvidos menos iniciados. É por isso que as viúvas do Superguidis – e não são poucas - estão adorando.

A abertura ficou por conta do local Expresso Imperial, que toca no festival pela terceira vez seguida. Se a novidade no ano passado era a estreia, em pleno Casarão, de um percursionista, agora a inclusão de teclados sampleados, em uma ou duas músicas, é que deram um novo élan ao som instrumental do quarteto. Cada vez mais distante do rock progressivo que marcou os shows da banda nas outras edições, embora o baixista Ramon Alves evoque as entranhas de um certo Geddy Lee, até “por instinto”, o Expresso amplia o rol de referências com sua vocação instrumental. agora, o desafio é achar a medida certa entre a canção e o vasto arranjo musical que lhe dá entorno.

Marcos Bragatto viajou à Porto Velho à convite da produção do Festival Casarão.

O Festival Casarão segue hoje e vai até sábado. Saiba mais aqui.

Tags desse texto: , ,

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado