O Homem Baile

Depressa demais

Na primeira vez no Rio, Avenged Sevenfold promove raro espetáculo de interação com uma platéia fanática; cerca de 6 mil pessoas encheram o Citibank Hall, mas o show foi curto demais. Fotos: Luciano Oliveira.

Um dos melhores frontman da atualidade, M. Shadows é quase metade do Avenged Sevenfold

Um dos melhores frontman da atualidade, M. Shadows é quase metade do Avenged Sevenfold

Prometida desde outubro quando a banda esteve no SWU, até que a turnê solo do Avenged Sevenfold não demorou a chegar ao Brasil. Ontem, o grupo fez a primeira de quatro apresentações no País, no Rio, com um excelente comparecimento de público no Citibank Hall. A movimentação ao redor da casa de shows, que fica no subsolo de um shopping, começou cedo e longas filas se formavam no estacionamento. Cerca de 6 mil pessoas - a maioria jovens de pouca idade e adolescentes – cantaram cada música do grupo, num espetáculo de rara interatividade entre público e banda. Pena que o show foi curto demais. Não dá para entender que garotos de vinte e poucos anos façam um show menor que veteranos como Ozzy Osbourne ou Iron Maiden, só pra ficarmos em artistas de heavy metal que estão no País nesse momento.

Shadows e o ilumidado guitarrista Zacky Vengeance

Shadows e o ilumidado guitarrista Zacky Vengeance

Curiosamente a música no PA que antecede à entrada do grupo é “Sounds of Silence”, de Simon & Garfunkel, que é interrompida bruscamente pela faixa-título do disco mais recente, “Nightmare”. O figurino grunge de M. Shadows é o mesmo do show do ano passado: a indefectível camisa de lenhador do interior dos Estados Unidos - que Zacky Vengeance também usa – óculos Ray Ban e boné virado pra trás, com a mesma estampa da camisa(!). O visual da turnê realçou mais num palco maior em relação ao do SWU (veja como foi): os panos de fundo apareceram com a iluminação. Os efeitos visuais incluíam uma pirotecnia cenográfica que não chegou a assustar, de modo que as luzes brancas, direcionadas para a platéia, é que garantiram a melhor parte da noite, em que o público é que deu um grande show, participando ativamente de cada uma das (só?) 12 músicas do repertório.

O palco do Avenged tem três praticáveis colocados na beirada o palco, onde os músicos, sobretudo Shadows, sobem o tempo todo. O show começou com Synyster Gates empunhado a guitarra bem no centro do palco, dando a senha de que seria o ele o protagonista de solos e evoluções que nada ficam devendo aos ases do heavy metal. Explica-se que Synyster é um heavy de última hora; assim como o AS, sua origem é a mistura de punk e hardcore alternativo com metal, passando mesmo pelo embrionário emo há quase uma década. Hoje, não. O guitarrista era visto a toda hora duelando com Zacky, este quase sempre no papel de coadjuvante. Como é canhoto, Zacky e Synyster formavam uma dupla de guitarras em “V” de arrepiar, bem no centro do palco. Foi assim, só para se ter uma ideia, em “Critical Acclaim” e “Afterlife”, numa maratona melódica de fazer inveja o Helloween – e isso é bom.

A dupla de guitarristas e os melódicos solos em 'V'

A dupla de guitarristas e os melódicos solos em 'V'

Antes de “Welcome to the Family”, M. Shadows conversa com o público. “Está muito bonito isso aqui, vocês nos fazem sentir muito bem”, diz o vocalista, que depois pergunta quem já tinha ido a shows do grupo em outras cidades. Antes de “Beast and the Harlot”, ele cita um pesquisa na qual a banda foi bem votada para tocar no Rock in Rio, mas lamenta que o grupo não tenha sido chamado. Vale lembrar que ainda há seis atrações a serem anunciadas para o festival, sendo uma no “Dia metal” e outras três na noite de encerramento, junto com o Guns N’Roses. “Não faz mal, fica para o ano que vem”, disse Shadows, evitando clima de derrota numa noite fadada a entrar para a história do grupo.

É em “Welcome to the Family”, cuja introdução é um mini solo de bateria, que o novo batera, o impronunciável Arin Ilejay, diz ao que veio. Franzino, ele some atrás dos tambores e não deixa a peteca cair. Percebe-se que há um cuidado dos demais integrantes (sobretudo o baixista Johnny Christ) para que tudo dê certo. Em “So Far Away” aparece o fundo com os integrantes abraçados, imagem que virou símbolo da homenagem ao baterista Jimmy “The Rev”, morto em 2009. “Afterlife” é uma das que o público mais canta o refrão, como se fosse possível apontar só uma canção em que isso acontece. É nessa música que a banda mostra um verdadeiro coletivo de referências a subgêneros do metal, dede o peso extremo do Pantera até a melodia açucarada do metal melódico. Synyster deita e rola o tempo todo. No palco, ele divide com M. Shadows as atenções. O vocalista é sem dúvida um dos melhores frontman da música pesada na atualidade, e tem sua melhor performance em “Buried Alive”, o ponto alto da noite.

O batera Arin Ilejay: aprovado ou em teste?

O batera Arin Ilejay: aprovado ou em teste?

A lentinha “Fiction” abriu o bis, mas a iniciativa só se justificaria caso o grupo mandasse mais umas duas ou três músicas – afinal deixou o palco depois de uma horinha só de show. Em compensação, tocou “Save Me”, com seus dez minutos de duração. A música, que fecha o disco “Nightmare”, só havia sido levada ao vivo no show da última quarta, no México. Parece que ela foi preparada para dar um elam na turnê pela América Latina. Mas que eles ficaram devendo um show de umas duas horas, ah, ficaram. O Avenged Sevenfold toca hoje em São Paulo, no Credicard Hall, depois segue para Curitiba (Master Hall, dia 6) e Porto Alegre (Casa do Gaúcho, dia 7) – veja os detalhes aqui. Depois, a banda segue para Buenos Aires, na Argentina, e Santiago, no Chile, antes de voltar para os Estados Unidos. Veja abaixo o set list do show do Rio:

1- Nightmare
2- Critical Acclaim
3- Welcome to the Family
4- Beast and the Harlot
5- Buried Alive
6- So Far Away
7- Afterlife
8- God Hates Us
9- Bat Country
10- Unholy Confessions
Bis
11- Fiction
12- Save Me

M. Shadows ergue faixa jogada no palco pelos fãs, que não pararam de agitar e cantar em todo o show

M. Shadows ergue faixa jogada no palco pelos fãs, que não pararam de agitar e cantar em todo o show

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Comentários enviados

Existem 4 comentários nesse texto.
  1. DanXP ##A7X## em abril 3, 2011 às 17:52
    #1

    Eu queria ter ido nesse show. Tô com raiva de mim por não ter tido dinheiro pra ir. Mas no próximo eu vou, nem que eu fique de castigo depois mas eu vou.

  2. Izabela Cunha em abril 3, 2011 às 21:17
    #2

    Realmente, o show passou num piscar de olhos…

  3. Izabela Cunha em abril 3, 2011 às 21:21
    #3

    ”num espetáculo de rara interatividade entre público e banda.” Não achei não hein.

  4. Alexandre em abril 4, 2011 às 2:07
    #4

    Só faltou relatar que a bandeira do Brasil que jogaram para o M. Shadows tinha no centro o rosto do “The Rev”, em forma de caveira! Eu tava lá queria uma foto dessa cena: o Shadows sem entender de início e depois uma surpresa ao ver a imagem da lembrança do amigo. Quem tava na Pista Premium disse que rolou umas lágrimas, que ele escondeu, dando as costas ao público, e logo retornou ao show!

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