Modernizado
Show com repertório e banda renovados de Joe Bonamassa agrada geral na perna carioca do festival Best Of Blues & Rock. Fotos: Daniel Croce.
A apresentação faz parte de espécie de perna carioca da edição desse ano do já tradicional Best Of Blues & Rock, e o comparecimento do público justifica a realização do evento na Cidade. O aplauso de pé citado ali em cima se refere à configuração da casa com mesas e cadeiras, o que de modo algum prejudica a emoção contida na noite, que teve ainda o show de abertura com Eric Gales (veja como foi). Bonamassa traz uma superbanda que, além de Wynans (integrante da banda Double Trouble, de Stevie Ray Vaughan) tem o reforço das ótimas cantoras Jade McCray – que arrasa em trechos solos - e Danielle De Andrea. Um diferencial em relação as outras passagens do músico por aqui (relembre em 2013 e 2012), e que cai muito bem para o repertório do disco mais recente, “Blues Deluxe Vol. 2”, que, assim como o primeiro, lançado há mais de 20 anos, na maior parte das faixas põe o guitarrista reinterpretando/atualizando clássicos, ou nem tão clássicos assim, do blues de raiz.
Disco que cede quatro músicas ao show, sendo três delas logo de cara, na abertura. “Hope You Realize It (Goodbye Again)”, a primeira delas, uma das inéditas do disco, é um blues rock moderno e atraente, cheio de riffs e solos em que já se destacam as evoluções de Bonamassa, de Reese Wynans, dedilhando um Hammond com ternura, e dos demais músicos, o que seria uma constante em toda a noite. Não chega a ser – thank God - aquele tipo de virtuose exibicionista, mas a técnica deles e o tipo de som que tiram cada qual em seu instrumento é mais um diferencial no show. “Well, I Done Got Over It”, de autoria de Guitar Slim, guitarrista de blues dos anos 1940, é outro destaque quando Bonamassa se dirige às laterais do palco para mandar aqueles solos que valorizam mais o riff original da música do que qualquer ímpeto pessoal.Sempre na estica, com impecáveis ternos bem passados, Joe Bonamassa posa de ator canastrão ao flertar com o público sacando do rosto os óculos escuros, mas só fala na parte final do show, ao relembrar que estava há 11 anos ausente do País e para apresentar os músicos da banda. Em “Breaking Up Somebody’s Home”, de Al Jackson Jr., Eric Gales sobe ao palco para uma ótima improvisação, por assim dizer, em que até o guitarrista Josh Smith põe as manguinhas de fora, em sequências de mini duelos que mexem com o já receptivo público. “Love Ain’t a Love Song”, um blues rock pesado de Bonamassa, capricha nos riffs e nas idas e vindas instrumentais, em um desfecho realmente empolgante, incluído aqui a precisão e o bom gosto dos vocais de apoio – repita-se –, um ótimo diferencial na banda dessa turnê.
Outro é o repertório, com músicas mais recentes e praticamente inédito, em relação aos shows feitos pelo guitarrista no Brasil. Ou seja, sem os clássicos da carreia dele, mas que, dado tipo de som quem envolve o blues e o blues rock, e o fator cativação das músicas e performances, não representa problema algum – não tem quem peça essa ou aquela música -, muito embora o show seja mais curto; mas também é festival. A exceção é “Just Got Paid”, do ZZ Top e que de tanto ser tocada no arremate dos shows de Joe Bonamassa, atinge uma versão de mais de 14 minutos, com direito um tardio solo de bateria de Lamar Carter. A música meio que acolhe tudo que envolve as referências do guitarrista: blues, blues rock, southern rock, hard rock e por aí vai. Por isso recebe o aplauso geral, e de pé da plateia, satisfeita de verdade. Mas, pensando bem, até que o show poderia ser maior mesmo.Set list completo
1- Hope You Realize It (Goodbye Again)
2- Twenty‐Four Hour Blues
3- Well, I Done Got Over It
4- Love Ain’t a Love Song
5- Self-Inflicted Wounds
6- I Want to Shout About It N
7- Double Trouble
8- Breaking Up Somebody’s Home
9- The Heart That Never Waits
10- Just Got Paid
Tags desse texto: Best Of Blues & Rock, Joe Bonamassa