Classicou
Em show animado no Rio, L7 mostra poucas novidades e brilha com clássicos do auge da carreira. Fotos: Daniel Croce.
Impossível não lembrar da clássica roubada de cena do L7 diante de um Nirvana mal das pernas e de um outro Red Hot Chili Peppers em noite ruim no Hollywood Rock de 1993, e lá se vão 30 anos! Mas, agora que banda volta com um novo álbum debaixo do braço, o satisfatório “Scatter the Rats”, lançado em 2019, a expectativa é por um espírito de renovação que dê fôlego para uma carreira contínua (a banda ficou uns 14 anos fora de cena e só voltou em 2015), certo? Qual nada. Como um grupo de classic rock, e já se pode chamar o grunge assim, o repertório é basicamente o mesmo da turnê de cinco anos atrás, que arrebatou um Circo Voador lotado (veja como foi), com a inclusão de apenas duas faixas do disco novo, além uma meia dúzia de outras músicas das antigas não tocadas no show de 2018.
Das novas, é “Stadium West” que levanta o público com aquele pula-pula generalizado e até braços erguidos em coreografia na beirada do palco, mantendo a vibe de um início matador que tem nada menos que “Andres” e “Everglade”, uma das melhores músicas do quarteto, embora não figure entre os principais sucessos comerciais. A outra é “Fighting The Crave”, riffônica e suja, que, mais lenta, ajuda a compor o elenco. “Mr. Integrity”, com bom riff e uma batida surf music ultra dançante, e “Can I Run”, embora menos empolgante do ponto de vista da participação do público, são outras duas boas novidades no set, que não por acaso privilegia o álbum “Bricks Are Heavy”, de 1992. O disco é o que melhor capta o sucesso e o auge da banda, e por isso mesmo cede nada menos que nove das suas 11 faixas ao show.Além da boa presença de palco e da flagrante expressão de satisfação de cada uma, impressiona a boa forma da banda, de um modo geral. A magérrima Donita Sparks que o diga, cantando muito bem entre trocas de guitarra flying V e um e outro gole de cerveja. Todas, aliás, contribuem com vocais em quase todas as músicas, outra característica do quarteto, sendo a descalça baixista Jennifer Finch, como de hábito, a mais animada da turma. Suzi Gardner, a outra guitarrista, se reveza entre solos e ritmo com Sparks e vai muito bem cantado em “Slide” e “Shove”, enquanto a batera Demetra Plakas não está em aí para as 63 primaveras que irá completar em poucos dias e segura muito bem a onda durante os 90 minutos de bola rolando com pressão total.
O que contribui decisivamente para a participação do público, sobretudo nas músicas menos conhecidas, lembrando que, incialmente, esta seria uma noite de ode ao hardcore com a estreia do Black Flag no Rio. Mas o que o povaréu quer mesmo são os clássicos da época em que o L7 não saía da telinha da MTV, e é assim que todo mudo se esbalda em “Pretend We’re Dead”, o maior delas que, vamos e venhamos, nem tem vocação pra hit; “Monster”, associado por Donita Sparks às comemorações do Halloween americano, e que a turba curte de montão; “Shitlist”, que encerra a noite até com maior penetração do que prometia; e, por razões óbvias, a boa “Fuel My Fire”. Ainda que não tenha mostrado muito material novo (ou seria por isso mesmo?) outra vez o L7 convence com um ótimo espetáculo de rock. Que sigam assim!Set list completo
1- Deathwish
2- Andres
3- Everglade
4- Scrap
5- Stadium West
6- Shove
7- Can I Run
8- Human
9- Bad Things
10- One More Thing
11- Mr. Integrity
12- Slide
13- Fighting the Crave
14- Drama
15- Non-Existent Patricia
16- Wargasm
17- Monster
18- Fuel My Fire
19- Dispatch From Mar-a-Lago
20- Pretend We’re Dead
21- Shitlist
Bis
22- American Society
23- Fast and Frightening
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