O Homem Baile

Crescidinhos

No Rio, Bring Me The Horizon volta bem maior do que da outra vez e agrada geral ao público do Slipknot. Fotos: Vinicius Pereira.

Momento bate cabeça do vocalista falastrão do Bring Me The Horizon, o abrasileirado Oliver Sykes

Momento bate cabeça do vocalista falastrão do Bring Me The Horizon, o abrasileirado Oliver Sykes

É quase o final do show, mas, em vez de um grande sucesso, a banda, nem tão longeva assim, mas com quase 20 anos nas costas, manda uma das músicas mais recentes. E funciona porque, a julgar pela reação do público, agitando mais do que vinha fazendo até então, se trata de um clássico precoce, mas madurinho. E olha que a apresentação é majoritariamente para o público da atração de fundo, e acaba parecendo que a junção das duas em uma noite só funciona que é uma beleza. É assim que o Bring Me The Horizon encaminha o encerramento do show, tocando “Obey”, em meio a uma agitação dos infernos, na abertura para o Slipknot (veja como foi), na Jeunesse Arena, no Rio, na última quinta, 15/12.

A música é uma das cinco do álbum mais recente da banda, “Post Human: Survival Horror”, lançado em 2020, e “Obey”, além de um refrãozão daqueles de cantar junto e também sozinho na hora de dormir, foi gravada com a participação do cantor britânico Yungblud, no maior estilo “feat” nesses tempos tão estranhos. Outras das recentes que chamam a atenção são “Teadrops”, carregada nas bases eletrônicas de Jordan Fish, um dos diferenciais da banda no meio ao qual ainda pertence, o post hardcore, e com os vocais limpos à Linkin Park de Oliver Sykes; e “Kingslayer”, de forte sotaque pop, cuja participação do Babymetal na gravação do disco aparece pré-gravada, nesses tempos tão estranhos parte dois. No fundo, no fundo, as duas colam nos ouvidos da gente é pelos – de novo – refrães colantes e até com um sedutor cantarolar.

O faz tudo Jordan Fish: toca teclados, insere programações e ainda segura a onda nos vocais

O faz tudo Jordan Fish: toca teclados, insere programações e ainda segura a onda nos vocais

O fato é que é notório o crescimento do BMTH rumo ao estrelato pop, e que a banda hoje é muito maior do que quando esteve por essas plagas em 2016, e tocou o Rio em um Circo Voador bem cheio (relembre) ou mesmo em 2019, no Lollapalooza, em apresentação prejudicada pelas evacuações por ameaça de tempestade e raios. Muito pelo fator eletrônico de Fish, mas também pelas conexões de Sykes, que, além de tudo, tem um relacionamento sério com uma brasileira e, segundo consta, porta até um CPF (!). Talvez por isso ele agora desanda a falar algumas palavras e expressões em português tosco o tempo todo durante o show, subtraindo assim a força do próprio repertorio da banda. Uma pena.

O show é roteirizado com a apresentação, no telão gigante da turnê do Slipknot, de uma programadora de computador virtual tipo essas assistentes de venda virtuais do Magazine Luiza e afins, o que dá um élan futurista até interessante, mas que se esvazia em meio ao “fala-fala” de Oliver Sykes. O grupo sabe aproveitar bem o palcão se dividindo em plataformas, com o batera Matthew Nicholls de um lado e Jordan Fish com um kit lindão do outro, e a ótima movimentação de Sykes. Outra faceta é o didatismo débil que exibe as letras das músicas no telão para ensinar a cantar quem já sabe as letras de cor e salteado. E sabem mesmo, visto a cantoria desenfreada de clássicos como “Happy Song”, com cantarolagem e efeito pula-pula, e “Throne”, escolha certeira para um encerramento que só não foi melhor porque inventaram de – adivinhem - brincar de “senta-levanta”, que nem faz em todo show o Slipknot. Tem coisa que não é mesmo para aprender com os mais velhos.

Sykes e o baixista Matt Kean no ar, e Fish, o guitarrista Lee Malia e o batera Matt Nicholls no fundo

Sykes e o baixista Matt Kean no ar, e Fish, o guitarrista Lee Malia e o batera Matt Nicholls no fundo

Set list completo:

1- Can You Feel My Heart
2- Happy Song
3- Teardrops
4- Mantra
5- Dear Diary,
6- Parasite Eve
7- Shadow Moses
8- Kingslayer
9- Drown
10- Obey
11- Throne

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