O Homem Baile

Consertado

Na abertura para o The Mission, Gene Loves Jezebel do Michael Aston limpa a barra do passado no Rio. Fotos: Daniel Croce.

Michael Aston, em melhor forma do que há 12 anos, com a parte que lhe cabe do Gene Loves Jezebel

Michael Aston, em melhor forma do que há 12 anos, com a parte que lhe cabe do Gene Loves Jezebel

Todo trabalhado nos lenços enrolados em volta do pescoço, mas com uma vistosa pochete atravessada na cintura, o sujeito é o último a adentrar o palco como quem chega em local ordinário. Talvez ele não se lembre, mas a noite pode lhe ser redentora, ou, por outra, a confirmação de um constrangedor declínio. Uma horinha e 11 músicas depois, ele deixa a grade onde cantou e interagiu com o público para recolher o apetrecho deixado atrás da bateria e rachar fora. É Michael Aston, com a parte que lhe cabe do Gene Loves Jezebel deixando o palco de cabeça erguida no show de abertura para o The Mission (veja como foi), neste domingo (23/10) na Sacadura 154, no Rio.

Explica-se que, há 12 anos, Aston protagonizou um espetáculo constrangedor ao tentar se apresentar sem banda, sem voz e sem público, em um local acanhado em Copacabana (relembre), e que, agora, tem a chance de desfazer a tal impressão. Reforça-se ainda que, já há algum tempo, existem duas bandas chamadas Gene Loves Jezebel. Uma, a de Jay Aston, irmão gêmeo de Michael, que tem outros integrantes históricos da banda original, famosa na década de 80, quando chegou a tocar no Canecão. A outra é essa que Michael Aston vai levando, por assim dizer, do jeito que dá. E dessa vez, honra seja feita, o cenário é outro, o que fica claro desde o início da noite.

Aston e o bom baterista Chad Stewart, que também canta muito bem durante o show

Aston e o bom baterista Chad Stewart, que também canta muito bem durante o show

Porque, agora, há uma banda, e das boas, junto com ele. A começar pelo ótimo guitarrista Nick Rozz, ligado ao hard rock americano, que consegue reproduzir com fidelidade as evoluções melódicas das músicas do repertório original do GLJ, e ainda conferindo a elas certo peso. Depois, porque todos - completam o time o baixista Chad MacDonald e o baterista e ótimo cantor Chad Stewart - ajudam a sustentar a base vocal (elemento fundamental), e, por último, o próprio Aston, historicamente detonado pelo tempo e “otras cositas más”, está mais inteiro para poder cantar com certo domino da situação, o que parecia impossível anteriormente. Aí, com um repertório curto - é show de abertura – fica fácil reunir boas canções e fazer bonito.

Porque – vamos e venhamos – música boa é o que não falta. Da abertura com “Heartache”, com a plateia ainda meio contemplativa; passando por “Beyond Doubt”, que vem com um acertado ajuste na parte vocal, e inclusive leva a plateia a responder o coro com certa animação; até o arremate mais que esperado com “Desire”, o grande sucesso da banda, ao menos por essas plagas, a apresentação é das mais honestas. Mais que isso, é o que dá pra fazer. E ainda teve espaço para ao menos uma música pós separação, a boa “Loving You Is the Best Revenge”, o que sinaliza que é possível olhar pra frente e não ficar só nos clássicos. Será?

Ótimo guitarrista, Nick Rozz reproduz as evoluções melódicas e acrescenta peso às músicas do GLJ

Ótimo guitarrista, Nick Rozz reproduz as evoluções melódicas e acrescenta peso às músicas do GLJ

Set list completo:

1- Heartache
2- Always a Flame
3- Downhill Both Ways
4- Cow
5- Bruises
6- Beyond Doubt
7- Suspicion
8- Loving You Is the Best Revenge
9- Twenty Killer Hurts
10- Gorgeous
11- Desire

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado