O Homem Baile

Music replay

Promovido ao Palco Mundo do Rock In Rio, Nile Rodgers repete o baile que o consagrou como um dos melhores shows da edição de 2017. Fotos: Vinicius Pereira.

Nile Rodgers empunha a guitarra durante o baile de sucessos que produziu ao longo de décadas

Nile Rodgers empunha a guitarra durante o baile de sucessos que produziu ao longo de décadas

Que a turma que escala as atrações do Rock In Rio adora repetir nomes a cada edição – só o Metallica já veio três vezes seguidas -, todo mundo sabe, mas pode uma banda ser chamada de uma edição para a outra e fazer basicamente a mesma apresentação? No caso de Nile Rodgers, não só pode como deve, mas também é provável que tenha sido chamado de volta justamente porque o bailão de hits de discoteca que ele mandou em 2017 (relembre) foi aclamado por público e crítica como um dos melhores shows do daquela edição. E dessa vez, promovido ao Palco Mundo, na última quinta (3/10), com som melhor e público maior, a repercussão tende a ser ainda mais intensa.

Com a bola rolando, contudo, não é bem assim que a coisa funciona. O que se ganha em grandiosidade, se perde de intimismo, e o que era novidade, agora já parece apresentação ordinária. Que como compositor e produtor Rodgers tem currículo extenso é ponto pacífico - e todas as músicas que entram no show têm algum dedo dele -, mas repetir basicamente o mesmo repertório não é uma atitude das mais simpáticas. É possível, entretanto, computar a ausência de “Like a Virgin”, que estava no show anterior e a entrada de “Notorious”, o quase funk eletrônico no ás da new romantic Duran Duran. A música aparece numa versão com graves reforçados, o que quase sempre acontece quando se tem um baixista como Jerry Barnes no pedaço.

Além de dele, Nile Rodgers volta com a bandaça que esteve aqui há dois anos, – aí, sim vê-se vantagem – que ele chama de “rhythm and blues disco funk soul band” entre suas falas, em geral, como antes, com uma empáfia daquelas. Banda que tem um ótimo naipe de metais, realça as vocalistas Kimberly Davis e Folami, com trajes e penteados de época (setentistas, no caso), e até o firme baterista Ralph Rolle, que se arrisca nos vocais em “Let’s Dance”, de David Bowie. Kimberly arrasa em músicas como “I Want Your Love” (principalmente essa) e “We Are Family”, que aparece colada em “He’s the Greatest Dancer”, do Sister Sledge, artifício usado em várias partes do show, como em um típico baile de música negra – quem não se lembra - dos anos 1970.

Nile cantando ao lado do bailar da ótima cantora Kimberly Davis, que se destaca em várias músicas

Nile cantando ao lado do bailar da ótima cantora Kimberly Davis, que se destaca em várias músicas

Tem o público delirando em “Le Freak”, e a lembrança de Rita Lee cantando “fricote, eu fiz xixi na música popular brasileira”, um dos versos de “Arrombou a Festa II”, é uma delícia; tem um mar de lanternas acesas erguidas a pedido de Rodgers em “Get Lucky”, do Daft Punk, que de um modo ou de outro todo mundo conhece; tem “Everybody Dance” para quebrar o gelo no início da noite; e tem o palco lotado no arremate do show, com “Good Times”. Só que, dessa vez, a turba de celebridades e bajuladores em geral dá lugar a pessoas colhidas no meio do público, muitas com camisetas do Panic! At The Disco e do Red Hot Chili Peppers (veja como foi), que tocariam mais tarde no mesmo palco. Valeu o replay, Nilão!

Set list completo:

1- Chic Cheer
2- Dance, Dance, Dance (Yowsah, Yowsah, Yowsah)
3- Everybody Dance
4- I Want Your Love
5- I’m Coming Out
6- Upside Down
7- He’s the Greatest Dancer/We Are Family
8- Lost in Music
9- Notorious
10- Get Lucky
11- Let’s Dance
12- Le Freak
13- Good Times

A populosa banda de Nile Rodgers, que garante o baile setentista dançante com ótimo nível musical

A populosa banda de Nile Rodgers, que garante o baile setentista dançante com ótimo nível musical

Tags desse texto: ,

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado