A receita é a seguinte. Um boa banda de músicos desconhecidos toca rock no fundo do palco, e, nos holofotes, os atores Jack Black, famoso por filmes como “O Amor é Cego”, “Escola de Rock” e “Alta Fidelidade” (os dois últimos com tema musical), e Kyle Glass, esse nem tão conhecido assim, fazem esquetes de humor em meio as músicas. Ou tocam músicas em meio a esquetes de humor, como queiram. E isso acontece em pleno Palco Mundo do Rock In Rio, na noite do último sábado, 28/9, sob aquela chuvinha intermitente que marcou o final de semana. E funciona que é uma beleza, muito por conta do impagável Black, cujas tiradas fazem o público rir do nada, e do próprio público do festival, sempre disposto a uma salva de palmas.

Diz-se que a banda, formada antes da fama de Jack Black, lá pelos idos de 1994, foi criada justamente para fazê-lo entrar no meio dos atores em Hollywood e deslanchar a carreia, mas a situação hoje é inversa, ao menos em um olhar daqui pra lá: a fama dele nos cinemas é que faz o Tenacious D ter vida. Mais que isso, o jeito figuraça de ser de Jack Black, que conquistou o mundo com “Escola de Rock” e que é inerente a qualquer performance que ele faça. E Glass é a escada perfeita para ele brilhar, em um belo entrosamento que, ao mesmo tempo, sugere que tudo é feito de improviso. Assim, eles discutem no palco sobre a atuação de um dos integrantes da banda, “se demitem” um ao outro e se reconciliam, e, mesmo falando inglês o tempo todo, se fazem entender, ao menos a julgar pela reação do público, que parece se divertir na maior parte do tempo.

O show é conduzido como se fosse a apresentação, ao vivo, de uma trilha sonora de um filme, com Black meio que explicando o que acontece. Como os discos mais antigos são mais pesados, as músicas deles, colocadas mais na parte final, engrenam o show, sendo que o trio que acompanha os humoristas se identifica com o metal/hard rock. Como o próprio Jack Black, aliás, que até já participou de documentários de bandas de rock, incluindo “Beyond The Lighted Stage”, do Rush. E ainda há homenagens a Ronnie James Dio, apontado por Black como “o maior cantor de metal de todos os tempos”, em “Dio”, e ao próprio heavy metal, em “The Metal”, uma ode canhestra ao gênero. O legal é que a dupla de humoristas, que enrola nos violões, canta razoavelmente bem, e consegue se impor inclusive em notas mais altas.

O roteiro do show só é modificado com a inclusão de “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana, para forçar a participação do brasileiro Júnior Groovador, cujo vídeo tocando baixo e dançando bizarramente viralizou na web a ponto de Jack Black, segundo consta, tê-lo convidado para o show. O vigilante de Natal, que toca em banda de forró na horas vagas, também participa em “Sax-a-Boom” e retorna no final em “Double Team”, se transformando e mais uma celebridade fake, tal qual o Júlio Cesar de Sorocaba no show da Kate Perry, no Rock In Rio de 2015, ou a Katilce de Volta Redonda, no do U2, em 2006. Da mesma forma que o Tenacious D amplia o leque de atrações bizarras do próprio Rock In Rio. O próximo, por favor.

Set list completo:

1- JB JR RAP
2- WOMAN TIME
3- SAVE THE WORLD
4- POST-APOCALYPTO THEME (REPRISE)
5- Rize of the Fenix
6- Low Hangin’ Fruit
7- Sax-a-Boom
8- Smells Like Teen Spirit
9- Dude (I Totally Miss You)
10- Kickapoo
11- Beelzeboss (The Final Showdown)
12- The Metal
13- Dio
14- Tribute
15- Double Team
16- Fuck Her Gently

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