O Homem Baile

Experiências

Boogarins mostra maturidade internacional no Queremos! Festival; Letrux abre o evento mostrando que é mais banda que cantora e Cut Copy arremata com pista de dança. Fotos Divulgação Queremos!: Diego Padilha (1), Ariel Martini (2), Wesley Allen (3) e Elisa de Paula (4).

O vocalista e guitarrista do Boogarins, Dinho: cada vez mais experimentação e psicodelia ancestral

O vocalista e guitarrista do Boogarins, Dinho: cada vez mais experimentação e psicodelia ancestral

Ainda há bastante tempo para a banda tocar, mas o número que se apresenta do Palco Rosa do Queremos! Festival parece ser o arremate do show do Boogarins. Explica-se que o guitarrista Dinho deixa seu instrumento reverberando sobre um dos amplificadores e desanda a cantar em meio a um esporro daqueles bonitos de se ver. A rigor, trata-se da única atração de rock de um festival talhado para a diversificação, daí a ansiedade para que o show não termine tão cedo assim, e vem a confirmação de que há tempo de sobra para mais uma ou duas músicas, muito embora, no fim das contas, a banda deixe o palco um pouquinho mais cedo do que reza o quadro de horários distribuído para o público.

O difícil é saber que músicas são essas, já que, cada vez mais um show do Boogarins se confirma como experiência única, não só pelo caráter experimental que a música do quarteto assume, mas pela rodagem adquirida em inúmeras turnês internacionais. É o que fornece a cancha para que os músicos fiquem à vontade para toda a sorte de improvisações que realçam no show. De todo o modo, o público da banda, bastante generoso – percebe-se -, se diverte o tempo todo, especialmente nas reconhecíveis “6000 Dias” e “Doce”, muito embora as vocalizações de Dinho apareçam cada vez mais soterradas de efeitos, mesmo em um festival marcado, no geral, pela ótima qualidade do som, em ambos os palcos.

A bela presença de palco da cantora Letícia Novaes, do Letrux, que brilhou na abertura dos trabalhos

A bela presença de palco da cantora Letícia Novaes, do Letrux, que brilhou na abertura dos trabalhos

Boa parte das músicas vem do álbum mais recente da banda, “Lá Vem a Morte”, lançado no ano passado, e que parecem bem familiarizadas entre o público. Destaque para “Corredor Polonês” e para uma das partes da faixa-título, já bem assimiladas. Nota-se, também, mais pelo conjunto da obra do que ponto a ponto, que há cada vez mais referências à psicodelia ancestral do Pink Floyd fase Syd Barret, e menos do que se vê em grupos contemporâneos como Tame Impala e similares. As imagens nos telões, distorcidas, e por vezes da própria banda tocando ao vivo ad infinitum no melhor estilo “capa do ‘Ummagumma’” fortalecem esse conceito de experiência singular que é cada vez mais um show do Boogarins.

No acender das luzes, o Letrux inaugurou o Queremos! Festival em tarde de climão, com a performance da cantora Letícia Novaes fazendo toda a diferença, até pela estatura/estampa da moça. O som é recheado de teclados e efeitos – às vezes são três tecladistas simultaneamente -, o que não o fusca o trabalho da guitarrista Natália Carrera, que também faz das suas. Por isso, a atmosfera remete aos anos 80, ou ao revival do rock 00, mas com bastante peso, e em clima tenso. Para Letícia, contudo, o que parece importar de verdade é a palavra, de modo que o show é salpicado de citações poéticas e tiradas dela própria. As melhores músicas nesse animado início de festival são “Que Estrago” e “Além de Cavalos”.

O rock eletrônico do Cut Copy converteu o festival em pista de dança, já na madrugada de domingo

O rock eletrônico do Cut Copy converteu o festival em pista de dança, já na madrugada de domingo

O revival eletrônico 00s + 80s citado ali em cima é a praia – um oceano inteiro – do Cut Copy. O grupo australiano segurou muito bem a bucha de tocar depois do BaianaSystem e da consequente debandada de boa parte da plateia. O combo tem como plus um baterista de batida pesada, mas o demérito de tocar com três tecladistas na maior parte do tempo, ocasionando muitas repetições evitáveis. O que não impediu que o público se esbaldasse, feito pista de dança pueril, em músicas como “Free Your Mind” e “Hearts On Fire”. Descolado no mesmo Palco Azul, bem mais cedo, Rubel encontrou pouco eco para um apanhando de canções que parecem rescaldo do Los Hermanos fase mpb, com pitadas de um samba/bossa que ainda precisam ser melhor desenvolvidas. De todo o modo, os arranjos da banda, com naipe de metais e teclados, parecem mais refinados que as canções em si. A acompanhar.

Set list (não necessariamente) completo Boogarins:

1- Intro
2- Foi Mal
3- 6000 dias
4- Truques
5- Avalanche
6- Doce
7- Elogio à Instituição do Cinismo
8- Onda Negra
9- Lá Vem a Morte
10- Corredor Polonês
11- Benzin

A pegada quase bossa nova de Rubel e sua banda leva um quê de bucólico à tarde da Marina da Glória

A pegada quase bossa nova de Rubel e sua banda leva um quê de bucólico à tarde da Marina da Glória

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