Bola é Bola Mesmo

Valeu muito

Bélgica vence Inglaterra pela segunda vez nessa Copa e conquista seu melhor resultado de todos os tempos. Fotos: Divulgação FIFA.

belgica14-7-18A bola sai da defesa com impressionante facilidade. De pé em pé, com quase todos os jogadores tocando nela de primeira, envolvendo o adversário como pouco se viu nessa Copa da Rússia que chega ao fim nesse domingo. Entre esses toques, dois de calcanhar, realçando uma habilidade destacada nesses caras desde antes de tudo começar, há um mês. O desfecho é um arremate de primeira de encher os olhos e uma defesa daquelas de entrar em listas.

Esse contra-ataque de almanaque, um dos lances mais bonitos da Copa, só poderia mesmo ter saído dos pés dos jogadores da seleção da Bélgica, habilidosos que só eles, e só poderia mesmo, senão no barbante, desejo universal, acabar em uma esplendorosa defesa do goleiro Pickford, uma das saborosas surpresas do Mundial. Não foi gol? Azar do gol. É bonito do mesmo jeito.

Foi, sim, em um jogo que muita gente defenestra, na disputa pelo terceiro lugar, contra a Inglaterra, mas o que é bonito é para se destacar, e eis aqui os nomes das feras, na ordem em que tocam na bola: Vertonghen, Harzard, Mertens, De Bruyne, Mertens, De Bruyne, Mertens, Meunier e o estraga prazeres Pickford. Tudo isso aos 34 minutos do segundo tempo, com a Bélgica vencendo por um a zero e tomando pressão dos ingleses.

Pressão assim, assim, mas pressão. Que gerou, inclusive, 10 minutos antes, uma chance de gol gigante nos pés de Eric Dier. Ele havia entrado desde o início em uma equipe já desfalcada pelo desgaste da semifinal, na qual os ingleses foram à prorrogação, vendendo caro a classificação da Croácia para a final. Pois Dier se viu frente a frente com o gigante Courtois, tocou lindamente por cima do corpanzil do goleiro e a bola ia entrando, não fosse a intervenção espetacular de Alderweireld, num canelaço pra escanteio.

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O um a zero fora construído já no primeiro tempo, quando este mesmo Meunier traçou uma veloz diagonal da direita para o meio, ultrapassando o trote preguiçoso do lateral Rose, para meter para as redes, meio de canela também, o cruzamento de Chadli, após lançamento precioso de Lukaku. Sim, o centroavante lança o meia/ala, que cruza para o lateral/ala do outro lado marcar. Assim são os belgas treinados por Roberto Martinez. E assim é o futebol.

Martinez que, com menos de 50 primaveras – fez aniversário esses dias – sai da Rússia como um dos melhores treinadores da Copa, um tremendo movimentador de peças, montando o time com os bons jogadores que tem, e de acordo com o adversário. Que não conseguiu superar os franceses, é verdade, mas que faz do jogo um evento fechado em si próprio. Com ele, é literalmente uma partida de cada vez.

Curioso que a Bélgica tenha vencido a Inglaterra duas vezes nessa Copa, em circunstâncias parecidas. No um a zero pela fase de grupos, as duas equipes estavam classificadas e jogaram com reservas em campo em um jogo de compadres interrompido pelo desaviado Januzaj (relembre). Ontem, uma partida desmerecida pela crônica, mas que valeu a melhor colocação da história para a Bélgica. Não vale nada uma ova.

Percebe-se, então, em contraponto à concentração tão exigida em jogos de alto nível, certa descontração que torna o jogo mais bonito e legal de se ver, com todas as suas vicissitudes, por assim dizer. Por isso, Hazard, um dos grandes nomes da Copa, voltou a jogar aquela bola redondinha que o fez ser escolhido, pela quarta vez em seis jogos, o jogador da partida.

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De Bruyne, de altos e baixos, teve dia de altos, e Lukaku, desconcentrado demais, a ponto de desperdiçar ao menos duas chances de tentar tirar Harry Kane do topo da artilharia, ainda assim iniciou a jogada do primeiro gol. Kane, embora seja muito mais que um simples centroavante, desperdiçou também, nessa partida, a oportunidade de disparar na frente, lembrando que tem, ao menos, se a Inglaterra lá chegar, outras duas Copas a disputar.

Com presença maciça de jogadores da Premier League – todos da Inglaterra e 11 do elenco belga -, a partida, ainda que sem razão de ser para os coveiros da bola, realça também aquele outro futebol jogado no Primeiro Mundo, em comparação ao de países como o Brasil. Sim, somos pentacampeões e chegamos em um honroso sexto lugar, mas lá na parte de cima do Globo o negócio é outro, e ter Martinez do lado de lá e Tite no de cá, faz diferença.

Como poderiam ter feito diferença a camisa canarinho que segue impondo respeito, ou os nossos craques que não param de surgir em tudo o que é canto. Mas eles não fizeram, ao menos não o suficiente para nos levar as semis, como aconteceu no quarto lugar da última Copa. E quando os craques não resolvem, meus amigos, só um time muito bem organizado pode fazê-lo. Só assim aponta-se sorte ou azar em lance ou outro.

Assim a organizada Inglaterra teve a sorte de estar do lado certo da chave das oitavas, e chegou a um inesperado quarto lugar que o próprio treinador contesta. Segundo o alinhado Gareth Southgate, logo após a derrota para os belgas, o time dele ficou em quarto lugar na Copa, sem ser a quarta melhor equipe do mundo. Assim como, hoje, na hora do almoço, podemos ter uma Croácia campeã. Porque assim é o futebol.

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Até a próxima que de hoje não passa!

Resultado de 14-7-2018:
Bélgica 2 x 0 Inglaterra

Top 64 jogos da Copa 2018:
1- França 4 x 3 Argentina
2- Brasil 1 x 2 Bélgica
3- Croácia 1 (2, ET) x 1 Inglaterra
4- Portugal 3 x 3 Espanha
5- Alemanha 2 x 1 Suécia
6- Nigéria 1 x 2 Argentina
7- França 1 x 0 Bélgica
8- Argentina 0 x 3 Croácia
9- Uruguai 2 x 1 Portugal
10- Bélgica 3 x 2 Japão
11- Brasil 2 x 0 México
12- Bélgica 2 x 0 Inglaterra
13- Bélgica 5 x 2 Tunísia
14- Inglaterra 6 x 1 Panamá
15- Argentina 1 x 1 Islândia
16- Alemanha 0 x 1 México
17- Uruguai 0 x 2 França
18- Irã 1 x 1 Portugal
19- Suécia 0 x 2 Inglaterra
20- Polônia 0 x 3 Colômbia
21- Bélgica 3 x 0 Panamá
22- Colômbia 1 x 2 Japão
23- Sérvia 0 x 2 Brasil
24- Brasil 2 x 0 Costa Rica
25- Coréia do Sul 2 x 0 Alemanha
26- Japão 2 x 2 Senegal
27- Espanha 2 x 2 Marrocos
28- França 1 x 0 Peru
29- México 0 x 3 Suécia
30- Uruguai 3 x 0 Rússia
31- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
32- Islândia 1 x 2 Croácia
33- Brasil 1 x 1 Suíça
34- França 2 x 1 Austrália
35- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
36- Rússia 3 x 1 Egito
37- Inglaterra 0 x 1 Bélgica
38- Austrália 0 x 2 Peru
39- Colômbia 1 (3) x 1 (4) Inglaterra
40- Coréia do Sul 1 x 2 México
41- Suíça 2 x 2 Costa Rica
42- Nigéria 2 x 0 Islândia
43- Portugal 1 x 0 Marrocos
44- Rússia 2 (3) x 2 (4) Croácia
45- Dinamarca 1 x 1 Austrália
46- Sérvia 1 x 2 Suíça
47- Suécia 1 x 0 Suíça
48- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
49- Senegal 0 x 1 Colômbia
50- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
51- Polônia 1 x 2 Senegal
52- Croácia 1 (3) x 1 (2) Dinamarca
53- Egito 0 x 1 Uruguai
54- Panamá 1 x 2 Tunísia
55- Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
56- Peru 0 x 1 Dinamarca
57- Irã 0 x 1 Espanha
58- Espanha 1 (3) x 1 (4) Rússia
59- Japão 0 x 1 Polônia
60- Croácia 2 x 0 Nigéria
61- Arábia Saudita 2 x 1 Egito
62- Marrocos 0 x 1 Irã
63- Dinamarca 0 x 0 França

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