Esqueceram de avisar para o Januzaj. Ou, por outra, mudaram de ideia no intervalo do jogo sem avisar nada ao adversário. Assim, aos cinco da segunda etapa, o multiétnico atacante, ex-sensação do futebol europeu, aplica um drible sensacional no lateral Rose dentro da área, e desfere um chute certeiro no ângulo do bom goleiro Pichford, que está procurando a bola até agora. Bélgica um, Inglaterra zero.

Porque, de início, com todos os resultados da terceira rodada da fase de grupos conhecidos, e as duas seleções empatadas em primeiro lugar em pontos e em tudo, parecia que teríamos outro jogo de compadres, com a Bélgica sorrateiramente escolhendo, por assim dizer, um confortável segundo lugar, de modo a cair, no chaveamento das oitavas de final, do lado com menos seleções pesadas.

E – ainda tem mais essa -, os belgas entraram em campo com apenas dois dos 11 titulares, e a Inglaterra com três. Tinha mais craque nos banco de reservas do que em campo. Até os artilheiros Harry Kane, o primeiro, com cinco gols, e Lukaku, um dos segundos, com quatro, estavam barrados. Este último – dizem – sofria com uma lesão no tornozelo.

Ocorre que as duas equipes são compostas, a Inglaterra em sua totalidade, e a Bélgica em sua maioria, por jogadores que disputam a Premir League, a primeira divisão do campeonato inglês. Na competição, de longe a e mais alto nível e a mais disputada do mundo, é comum cada clube ter elencos fortes e numerosos, de modo que o time tenha muito mais que 11 jogadores, e a escalações nem sempre são repetidas, dependendo das prioridades de cada competição e das características de cada adversário.

Os treinadores Gareth Southgate, da Inglaterra, e Roberto Martinez, da Bélgica, têm suas carreiras ligadas e esse tipo de campeonato, e, ambos classificados, não se furtaram em adotar as medidas para dar descanso aos principais jogadores. Que, de seu lado, também aceitam o banco sem problemas. Não é como no Brasil, onde existe uma verdadeira obsessão pelos 11 titulares, pela mídia e pelo público em geral. Imaginem a fome de gols de Kane, por exemplo, no intuito de se confirmar como o artilheiro da Copa…

Por isso, com reservas a rodo, uma nova marmelada se anunciara, até o balaço de Januzaj estufar as redes. Ou, por outa, já no primeiro tempo as duas equipes tiveram chances de gol, sendo que os reservas da Bélgica jogam bem melhor que os da Inglaterra, mantendo o mesmo esquema de jogo e a organização que Martinez treina para, enfim, transformar a reunião de bons jogadores – não há um pereba sequer – em um grande time.

E assim a Bélgica conclui a fase de grupo como uma das melhores equipes, em que pese a fraqueza dos adversários – Panamá e Tunísia – e as características peculiares dessa partida, com o melhor futebol jogado. Nas oitavas vai encarar o Japão, sem problemas, e se conseguir encontrar um caminho livre por conta de alguma zebra ou derrubar possivelmente o Brasil nas quartas, chega forte nas semis.

Do lado mais fraco da chave, a Inglaterra tem tudo para encontrar a Espanha só na final, começando pela instável Colômbia, nas oitavas. Pelo mesmo grupo, animados tunisianos e panamenhos desandaram a dar botinadas na bola e chegaram a um divertido dois a um para a Tunísia. Foram ao mundial, não jogaram o fino da bola, mas foram, sim, ao Mundial.

A vergonha do dia ficou por contam dos japoneses – acredite se quiser – que, em pleno desenrolar da partida conta a Polônia, para a qual perdiam por um a zero, desistiram de jogar, de competir, para garantir a vaga em um tênue critério de desempate. Logo os japoneses, tidos como frios, organizados, evoluídos, ante às mazelas de um povo como o brasileiro. Só no futebol mesmo.

Explica-se que o Japão perdia de um a zero para a Polônia, e se classificava por que, no outro jogo, no mesmo horário, como manda o regulamento, justamente para evitar trapaças, Senegal e Colômbia empatavam em zero a zero. Quando a Colômbia abre o marcador, o Senegal passa a ser o eliminado, nos critérios de desempates, isso aos 28 do segundo tempo.

Ao saber da notícia, em vez de seguir tentando o empate contra a eliminada Polônia, os jogadores japoneses, com medo de sofrer um gol que os tirariam da Copa, desistem do jogo. Recebem das arquibancadas uma vaia colossal, o que deve ser repetido também nas oitavas, onde o time dever cair diante da Bélgica. Depois da partida, o constrangido técnico japonês Akira Nishino disse que partiu dele a ordem de renunciar ao jogo. Será?

A Colômbia nada tem com isso, fez a parte dela mesmo com um James Rodriguez baleado, sendo substituído ainda na primeira etapa, e conseguiu a vitória numa cabeçada – outra – do zagueiro Mina. Senegal, meio sonado, quando acordou era trade demais. E assim teremos as oitavas de final sem nenhuma equipe africana. Normal

Até a próxima que até japonês vira trapaceiro no meio do futebol!

Resultados de 28-6-2018:
Japão 0 x 1 Polônia
Senegal 0 x 1 Colômbia
Panamá 1 x 2 Tunísia
Inglaterra 0 x 1 Bélgica

Top 64 jogos da Copa 2018:
1-Portugal 3 x 3 Espanha
2- Alemanha 2 x 1 Suécia
3- Nigéria 1 x 2 Argentina
4- Argentina 0 x 3 Croácia
5- Bélgica 5 x 2 Tunísia
6- Inglaterra 6 x 1 Panamá
7- Argentina 1 x 1 Islândia
8- Alemanha 0 x 1 México
9- Irã 1 x 1 Portugal
10- Polônia 0 x 3 Colômbia
11- Bélgica 3 x 0 Panamá
12- Colômbia 1 x 2 Japão
13- Sérvia 0 x 2 Brasil
14- Brasil 2 x 0 Costa Rica
15- Coréia do Sul 2 x 0 Alemanha
16- Japão 2 x 2 Senegal
17- Espanha 2 x 2 Marrocos
18- França 1 x 0 Peru
19- México 0 x 3 Suécia
20- Uruguai 3 x 0 Rússia
21- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
22- Islândia 1 x 2 Croácia
23- Brasil 1 x 1 Suíça
24- França 2 x 1 Austrália
25- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
26- Rússia 3 x 1 Egito
27- Inglaterra 0 x 1 Bélgica
28- Austrália 0 x 2 Peru
29- Coréia do Sul 1 x 2 México
30- Suíça 2 x 2 Costa Rica
31- Nigéria 2 x 0 Islândia
32- Portugal 1 x 0 Marrocos
33- Dinamarca 1 x 1 Austrália
34- Sérvia 1 x 2 Suíça
35- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
36- Senegal 0 x 1 Colômbia
37- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
38- Polônia 1 x 2 Senegal
39- Egito 0 x 1 Uruguai
40- Panamá 1 x 2 Tunísia
41- Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
42- Peru 0 x 1 Dinamarca
43- Irã 0 x 1 Espanha
44- Japão 0 x 1 Polônia
45- Croácia 2 x 0 Nigéria
46- Arábia Saudita 2 x 1 Egito
47- Marrocos 0 x 1 Irã
48- Dinamarca 0 x 0 França

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