Bola é Bola Mesmo

Desperta o craque

Grande exibição de Neymar clareia o caminho do Brasil rumo ao título; salto alto belga quase custa a classificação para o duelo entre as duas seleções. Fotos: Divulgação FIFA.

brasil2-7-18-2Enquanto celebridades fake vão às redes comentar isso ou aquilo, Neymar recebe a bola do lado esquerdo do campo, avança pelo meio, na entrada da área, arrastando três marcadores, incluindo um carniceiro que entrou no intervalo para provocá-lo, e, súbito, toca de calcanhar para trás, deixando os três patetas a ver navio. Willian, em estado de graça, recolhe a pelota, avança em velocidade do lado esquerdo e desfere um chute rasante na área para Neymar, ele próprio, escorar para o fundo das redes. Brasil um, México zero.

Olhando assim, parece que é fácil, e, vamos e venhamos, não foi difícil derrotar a seleção mexicana mais uma vez. Demorou um pouco para sair o gol de abertura do placar, no início da segunda etapa, e essa demora deixa os torcedores brasileiros aflitos, preocupados com aquela única bola ou um revés do destino que sempre acontece no futebol. Porque só isso tiraria o Brasil das quartas de final da Copa da Rússia.

Concordamos que o México começou na pressão, marcando em cima os brasileiros e, de certo modo, atacando mais que os brasileiros. Mas de que resultou essa pressão inicial? Grandes defesas do goleiro Alisson? Não, nenhuma. Vários sururus na área, com a zagueirada brasileira em pânico? Também não. Muitos chutes a gol, mesmo que fora do alvo. Nenhum também. Nadica de nada.

E o que fez o Brasil após essa pressão que o México teve que diminuir após uns 15, 20 minutos? Fez o que é sua obrigação. Tomou conta do jogo e começou a atacar os mexicanos. Não com aquela volúpia dos grandes times de outrora, mas com uma organização quase científica que marca a gestão do técnico Tite à frente da seleção. Isso até o intervalo, pois lembremos que esse Brasil do Tite, assim como o de 1970, na campanha do tri, é um time de segundos tempos.

Aí a jogada de craque de Neymar, com auxílio luxuoso de Willian, em sua melhor partida na Copa, começa a colocar os pingos nos is. O craque brasileiro, que já vinha jogando bem, volta a campo possesso. Mesmo assim, o segundo gol só sai aos quarenta e poucos, em ótima roubada de bola de Fernadinho, que aciona Neymar e este deixa Firmino em condições de entrar com bola e tudo para as redes. Reparem: Fernandinho e Firmino saem do banco para decisiva contribuição. Assim é o futebol.

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E o que fez o México entre um gol e o outro do Brasil, um intervalo de uns trinta e tantos minutos? Sufocou o Brasil? Não. Deixou o Brasil em dificuldades defensivas? Muito pouco para quem precisa vencer. Fez do goleiro Alisson um herói em campo, de tanto finalizar? Não, o arqueiro brasileiro, o menos exigido da Copa, fez só uma defesa tranquila, colocando para córner, por cima, um disparo de média distância de Vela.

Neymar, não. Mudou de posição, se deslocou, driblou, arrematou, deu passe para gol. Foi, de longe, sua melhor partida nessa Copa (ou em copas), o que demonstra uma curva de crescimento promissora. Conta-se, entre os repórteres que cobrem a seleção, que o jogador estava irritado no início porque não conseguia se impor ante aos adversários, e a causa seria a tal falta de ritmo de jogo causada pelo afastamento de três meses e meio para recuperação da lesão no quinto metatarso. Faz sentido, haters.

Depois de Neymar e Willian, foram bem Thiago Silva e os corretos Fagner e Filipe Luis. No meio, Paulinho segue assim, assim, e Gabriel Jesus ou marca na próxima partida, ou Firmino lhe rouba a vaga. Fernandinho, corretíssimo, entrará no lugar do suspenso Casemiro, e Philippe Coutinho ficou meio preso graças à armação tática do técnico Osório, surpreendentemente convertido em um belo chorão após o jogo.

Todos sabem que a Bélgica e sua geração de ouro é dada à indolência. Mas ontem, contra o Japão, foi demais. E teve azar também. No primeiro tempo, aquela coisa de calma que “vamos fazer o gol quando a gente quiser”, com ótimos jogadores – não tem pereba nesse time – como De Bruyne e Witsel chupando o sangue dos outros.

No segundo, o bom técnico Roberto Martinez chega a virar os olhos sem acreditar quando Kagawa pedala na frente da área e deixa para Iuni meter um golaço de fora da área, em que pese a envergadura do goleiro Curtois, aos tenros seis minutos. Antes, aos dois, numa falha terrível do zagueiro Vertonghen, Haraguchi já tinha aberto o placar. E, entre um e outro lance, Hazard carimbou a trave dos japoneses. Não disse que faltou sorte também?

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Depois da indolência, Martinez saca Mertens, outro vampiro da noite, e coloca Fellaini; tira Carrasco, ala que só joga do meio pra frente, e põe Chadli. A ideia? Encher a área dos japoneses, franzinos desde o início dos tempos, de bola aéreas, para os grandões resolverem. Não que seja preciso ser alto para ganhar na cabeça da zaga do Japão; é impressionante como eles seguem ingênuos, jogando copa atrás de copa. Inadmissível até.

Assim, meio sem querer, em um lance de peladas com direito a um chute para trás dentro da área se convertendo em passe, o mesmo Vertonghen cabeceia e o goleiro Kawashima sai correndo atrás da bola até vê-la no fundo das redes. Depois, Fellaini, o gigante que entrou basicamente para cabecear, surge sozinho dentro da área e empata o jogo. Isso aos 28 do segundo tempo, indicando uma bela prorrogação.

O que não se contava era com o ápice da ingenuidade dos japoneses, que, com um escanteio pra cobrar aos 48 e meio, faltando 30 segundos para o final do jogo, decidem mandar todo mundo para área, como se fossem esses pequeninos golpear o gol dos belgas justamente de cabeça.

Com seus 1,99 metros, Curtois pega a pelota e rola com as mãos mansamente para De Bruyne, quem no maior exemplo de um lance box to box, conduz a jogada sem ser incomodado até passar para Meunier, no lado direito. Dali, um cruzamento, um corta luz de Lukaku e Chadli classifica os Belgas no apagar das luzes com o gol aberto e uma em aula de contra golpe. Fellaini e Chadli saem do banco e viram o jogo. Assim é o futebol.

Que não se alegrem os brasileiros achando que a Bélgica vai encarar o Brasil desse jeito. Roberto Martinez, como se faz na Premier League, monta equipes para cada partida e seguramente tentara parar Neymar e asseclas. Precisa também tirar essa preguiça dos belgas, e jogadores como Hazard, De Bruyne e Lukaku, todos decisivos, têm que jogar muito mais do que estão jogando.

Esses três é que devem tirar o sono de Tite e sua equipe, pois são eles – repita-se - que decidem. Mas é bom lembrar que não há jogador ruim entre os belgas, e que mesmo um detestado Fellaini pode complicar. Agora, vamos ver quem, entre os belgas, vai parar Neymar, Willian, Coutinho e cia. E quem conseguirá furar a defesa menos vazada da copa, junto com a do Uruguai. Jogão à vista.

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Até a próxima que os belgas indolentes estão a caminho!

Resultados de 2-7-2018:
Brasil 2 x 0 México
Bélgica 3 x 2 Japão

Top 64 jogos da Copa 2018:
1- França 4 x 3 Argentina
2- Portugal 3 x 3 Espanha
3- Alemanha 2 x 1 Suécia
4- Nigéria 1 x 2 Argentina
5- Argentina 0 x 3 Croácia
6- Uruguai 2 x 1 Portugal
7- Bélgica 3 x 2 Japão
8- Brasil 2 x 0 México
9- Bélgica 5 x 2 Tunísia
10- Inglaterra 6 x 1 Panamá
11- Argentina 1 x 1 Islândia
12- Alemanha 0 x 1 México
13- Irã 1 x 1 Portugal
14- Polônia 0 x 3 Colômbia
15- Bélgica 3 x 0 Panamá
16- Colômbia 1 x 2 Japão
17- Sérvia 0 x 2 Brasil
18- Brasil 2 x 0 Costa Rica
19- Coréia do Sul 2 x 0 Alemanha
20- Japão 2 x 2 Senegal
21- Espanha 2 x 2 Marrocos
22- França 1 x 0 Peru
23- México 0 x 3 Suécia
24- Uruguai 3 x 0 Rússia
25- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
26- Islândia 1 x 2 Croácia
27- Brasil 1 x 1 Suíça
28- França 2 x 1 Austrália
29- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
30- Rússia 3 x 1 Egito
31- Inglaterra 0 x 1 Bélgica
32- Austrália 0 x 2 Peru
33- Coréia do Sul 1 x 2 México
34- Suíça 2 x 2 Costa Rica
35- Nigéria 2 x 0 Islândia
36- Portugal 1 x 0 Marrocos
37- Dinamarca 1 x 1 Austrália
38- Sérvia 1 x 2 Suíça
39- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
40- Senegal 0 x 1 Colômbia
41- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
42- Polônia 1 x 2 Senegal
43- Croácia 1 (3) x 1 (2) Dinamarca
44- Egito 0 x 1 Uruguai
45- Panamá 1 x 2 Tunísia
46- Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
47- Peru 0 x 1 Dinamarca
48- Irã 0 x 1 Espanha
49- Espanha 1 (3) x 1 (4) Rússia
50- Japão 0 x 1 Polônia
51- Croácia 2 x 0 Nigéria
52- Arábia Saudita 2 x 1 Egito
53- Marrocos 0 x 1 Irã
54- Dinamarca 0 x 0 França

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