Bola é Bola Mesmo

Surpresas

Inglaterra quebra tabu em duelo de amarelões com a Colômbia, e Suécia segue firme como uma das grandes surpresas da Copa da Rússia. Fotos: Divulgação FIFA.

inglaterra3-7-18-2Um chute desferido por um colombiano lá do meio da rua nos acréscimos dos acréscimos do segundo tempo não poderia soar pior para os ingleses. No videoteipe – que é burro – percebe-se que talvez a bola sequer tivesse o endereço certo, mas, pelo sim pelo não, o bom goleiro Pickford vai lá nas alturas e faz uma defesaça, mandando para escanteio, num alívio geral para os britânicos.

Mal sabiam eles que o árbitro ainda deixaria que o esquinado fosse cobrado e que, num verdadeiro sururu na área, o gigante zagueiro Mina desviaria a bola para o fundo das redes, conquistando não só o empate para a Colômbia, no último minuto do jogo, sem chances de reação, mas - e o pior era isso – desencadeando o desânimo geral lá na onde o futebol foi inventado.

Explica-se que os ingleses, embora – repita-se – tenham inventado o jogo de bola com os pés, e carregam na bagagem um título mundial conquistado no prolífico ano de 1966, nunca deram muita sorte com sua seleção em competições internacionais. Nunca, por exemplo, chegaram a final de uma Eurocopa, na última foram eliminados pela Islândia. Em todas – eu disse todas, três no total – as disputas e pênaltis em Copas, jamais havia vencido. Por isso o gol de Mina, naquele momento, só podia ser o sinal de um novo fracasso.

Para tudo, no entanto, e mesmo no campo do imponderável no qual reside o futebol, há uma primeira vez. E, parece que não, mas acontece bem ali, na cara da gente. E bom que seja contra a Colômbia, equipe que também, vamos e venhamos, adora uma amarelada, da cor da sua bela camisa. E isso não é de hoje, vem, pelo menos, desde 1994, em uma das chamadas gerações de ouro de um país.

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Ora, para quem empata uma partida no último lance, o que se espera numa prorrogação? Que esse time, envolvido por forças retiradas sabe-se lá de onde, derrote o oponente, psicologicamente afetado por tal castigo que só o futebol pode oferecer. Qual nada. E não que a Inglaterra tenha jogado um bolão, o tal do tempo extra só não foi mais chato que o jogo em si.

Jogo cujo gol de abertura do placar só poderia sair mesmo em uma cobrança de pênalti, depois de o zagueiro Sánchez agarrar infantilmente o goleador Harry Kane após cobrança de escanteio. A partida, por sinal, parecia jogo de várzea sul-americana, com muito empurra-empurra, simulações, inclusive dos santinhos ingleses, e rodinhas em torno do fraco árbitro americano, Mark Geiger, doido pra fazem uma lambança.

Sem o craque James Rodriguez, sofrendo na arquibancada com um time inoperante, a Colômbia pouco armou para incomodar os ingleses, exceto no lance fatal em que Mina foi ao terceiro andar cabecear para as redes, se transformando no artilheiro da Colômbia nessa Copa, com três gols. Na de 14, James foi o goleador da Copa, com meia dúzia. Assim é o futebol.

Nos pênaltis, a Colômbia chegou a ficar na frente, após excelente defesa do inimigo íntimo Ospina, que joga no Arsenal, diante de cobrança de Henderson, no cantinho. Mas, nas batidas finais, tomou a virada com duas cobranças perdidas por Uribe, na trave, e Bacca, em ótima defesa no novato Pickford. No duelo de amarelões, perdeu quem amarelou mais.

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Mais cedo, suecos e suíços desandavam a dar botinadas na bola para tudo o que é lugar. No caso dos primeiros, deram muitas caneladas também, especialmente o camisa 8, Ekdal, e – pior – em lances de finalização para o gol. Impressionante como os jogadores da Suécia são ruins de bola, não jogadores profissionais do futebol, mas ruins de bola mesmo, habilidade zero, não sabem como tratar bem a redonda.

Não que fossem os suíços bons de bola, os brasileiros já os conhecem desde a rodada de estreia no Mundial, naquele empate roubado até pelo VAR. Mas espera-se deles um pouco mais de técnica, sobretudo do baixola Shaqiri, já que o bom lateral Lichtsteiner estava fora, e o atacante Seferovic, sabe-se lá o porquê, no banco, só entrou depois.

Nada. O que seu viu da Suíça foi o carniceiro Behrami chegando junto, só que dessa vez encontrando as canelas – e cinturas – duras dos suecos, em um jogo ruim de se ver, sobretudo pelas chances perdida pelos suecos, que, se não criavam tanto assim, precisavam aproveitar o mínimo que era criado. Mas não foi bem assim.

A Suécia, contudo, tem um jeito de jogar terrível. Marcam bem, impedem o adversário de criar chances de gol, e, assim, pouco são vazados. Só levou dois gols nessa Copa, ambos da eliminada Alemanha, um numa sobra de bola e outro no finzinho, aquele de Tony Kroos, em espécie de apagão da barreira e do goleiro Olsen. É mesmo difícil marcar gols nesses suecos.

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Vencido o problema, o seguinte é marcar gols no adversário. E eles azem isso quase sempre no erro deles. Ontem, por exemplo, o camisa 10 Fosberg, um dos poucos que trata a bola com carinho, bate de fora da área, a pelota resvala em Akanji, engana o goleiro Sommer e vai para o fundo das redes. Feito o um a zero, a Suécia se fecha ainda mais, e sai em perigosos contra ataques. Contra a Alemanha foi assim, e se tivesse o penal que lhe foi garfado, poderia até ter vencido o jogo.

São bons de bola os suecos? Não, nem um pouco. É bonito de ver estime da Suécia em campo? Não, o jogo é feio. Mas pode chegar longe essa seleção? Pode, sim, ainda mais em um lado de Copa onde time bom não há. Depois de deixar pra trás Holanda e Itália nas Eliminatórias, e Alemanha na fase de grupos, Inglaterra, Croácia e Rússia, no caminho da final, pela ordem, não parecem grandes obstáculos.

Até a próxima que agora afunilou de vez!

Resultados de 3-7-2018:
Suécia 1 x 0 Suíça
Colômbia 1 (3) x 1 (4) Inglaterra

Top 64 jogos da Copa 2018:
1- França 4 x 3 Argentina
2- Portugal 3 x 3 Espanha
3- Alemanha 2 x 1 Suécia
4- Nigéria 1 x 2 Argentina
5- Argentina 0 x 3 Croácia
6- Uruguai 2 x 1 Portugal
7- Bélgica 3 x 2 Japão
8- Brasil 2 x 0 México
9- Bélgica 5 x 2 Tunísia
10- Inglaterra 6 x 1 Panamá
11- Argentina 1 x 1 Islândia
12- Alemanha 0 x 1 México
13- Irã 1 x 1 Portugal
14- Polônia 0 x 3 Colômbia
15- Bélgica 3 x 0 Panamá
16- Colômbia 1 x 2 Japão
17- Sérvia 0 x 2 Brasil
18- Brasil 2 x 0 Costa Rica
19- Coréia do Sul 2 x 0 Alemanha
20- Japão 2 x 2 Senegal
21- Espanha 2 x 2 Marrocos
22- França 1 x 0 Peru
23- México 0 x 3 Suécia
24- Uruguai 3 x 0 Rússia
25- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
26- Islândia 1 x 2 Croácia
27- Brasil 1 x 1 Suíça
28- França 2 x 1 Austrália
29- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
30- Rússia 3 x 1 Egito
31- Inglaterra 0 x 1 Bélgica
32- Austrália 0 x 2 Peru
33- Colômbia 1 (3) x 1 (4) Inglaterra
34- Coréia do Sul 1 x 2 México
35- Suíça 2 x 2 Costa Rica
36- Nigéria 2 x 0 Islândia
37- Portugal 1 x 0 Marrocos
38- Dinamarca 1 x 1 Austrália
39- Sérvia 1 x 2 Suíça
40- Suécia 1 x 0 Suíça
41- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
42- Senegal 0 x 1 Colômbia
43- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
44- Polônia 1 x 2 Senegal
45- Croácia 1 (3) x 1 (2) Dinamarca
46- Egito 0 x 1 Uruguai
47- Panamá 1 x 2 Tunísia
48- Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
49- Peru 0 x 1 Dinamarca
50- Irã 0 x 1 Espanha
51- Espanha 1 (3) x 1 (4) Rússia
52- Japão 0 x 1 Polônia
53- Croácia 2 x 0 Nigéria
54- Arábia Saudita 2 x 1 Egito
55- Marrocos 0 x 1 Irã
56- Dinamarca 0 x 0 França

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