O Homem Baile

Pérolas aos porcos

Na abertura para o U2, Noel Gallagher faz bom show com música nova do High Flying Birds e hits do Oasis, mas sofre com o desinteresse geral do público. Foto da grade: Jorge Takeda.

noelgallagher17-2Nunca antes na história da música se viu um grande artista tão apequenado quanto Noel Gallagher, nesta quinta (19/10), no Estádio do Morumbi. Não que fosse culpa dele, ali, no centro daquele palcão todo diferente, fazendo o show de abertura para o U2 (veja como foi), mas por força das circunstâncias. Se gigante como principal compositor do Oasis, tendo assinado músicas que marcaram gerações, dessa vez com seus High Flying Birds e prestes a lançar já o terceiro álbum, era como se fosse um iniciante, um reles animador de plateia impaciente com a dura missão de ser reconhecido. O que de fato só acontece em uma ou duas músicas do Oasis – foram cinco no total -, já que, até os que pareciam curtir a banda que lhe deu fama, não conheciam tanto assim. Ou, por outra, como público de massa, estéril, pouco estava interessado.

Não que não houvesse esforço da parte de Noel, é só lhe dar uma horinha de palco que ele desembolsa um punhado de canções. Todo trabalhado nas texturas de guitarra que lhe são peculiares, ele reduz o latifúndio do U2 a um palco menor, no centro, e manda ver um repertório parecido com o do show do Lollapalooza do ano passado (relembre), com algumas novidades e – a maior delas – a inclusão de “Holy Mountain”, o single lançado no início do mês que antecipa o álbum “Who Built the Moon?”, na praça no mês que vem; segundo consta, mais cedo, o músico participou de uma audição para celebridades, publicitários e afins. A música é um rock retrô à la 60s, dançante e com a adição de um naipe de metais, que, aliás, já havia comparecido em outras partes do show, e funciona muito bem, ainda mais se o ambiente fosse outro.

Na banda, Noel tem agora o pacificador guitarrista Gem Archer, que assinou carteira nos últimos 10 anos de Oasis e foi do Beady Eye, a finada banda do brother e desafeto Liam Gallagher. Archer tem atuação discreta, mesmo porque depende das intenções de Noel Gallagher a cada música. Em “Champagne Supernova”, do Oasis, que tem cantoria torta pelo público, ele desfila um belo solo, meio slide guitar, meio dedilhado, com Noel no violão. Em “AKA… What a Life”, ambos mandam um arremate instrumental para o show que mostra que faz certa diferença ter um Oasis a mais no palco. A música é dedicada ao centroavante da seleção brasileira, Gabriel Jesus, hoje no Manchester City, time dos Gallagher, mas que foi relevado pelo Palmeiras, sendo que o show acontece na casa do São Paulo. Um mundo da bola tão globalizado quanto o do rock.

Além de “Holy Mountain”, em relação ao show do Lolla 16, duas outras músicas do Oasis, nem tão conhecida assim, marcam presença. “Half the World Away”, um lado B que foi tem de programa de TV na Inglaterra, e que destoa do repertório, e “Little by Little”, da fase não muito boa do grupo, mas que surpreende com ótimo arranjo, mais pesado. A música é uma das melhores do show de abertura, junto com a contagiante “Lock All the Doors”, na qual Noel Gallagher bota pra quebrar. Para o púbico, chamou mais atenção o hit “Wonderwall” – que não é uma balada, diga-se -, a única que parecia ser identificada de alguma forma, de algum lugar. A bela “Don’t Look Back in Anger” e a já citada “Champagne Supernova”, acreditem ou não, praticamente passaram batidas. Ossos do ofício com os quais Noel Gallagher parece saber lidar.

Set list completo:

1- Everybody’s on the Run
2- Lock All the Doors
3- In the Heat of the Moment
4- Riverman
5- Champagne Supernova
6- Holy Mountain
7- Half the World Away
8- Little by Little
9- Wonderwall
10- Don’t Look Back in Anger
11- AKA… What a Life!

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