Travadão
Hits globais não funcionam no Rock In Rio e Def Leppard perde chance de redenção do fiasco de 20 anos atrás. Fotos: Filipe Marques/I Hate Flash.
Era, mas não foi. Primeiro, porque a banda parecia engessada no palco, com cada integrante paradão em suas posições, salvo raras exceções. Se colocassem um GPS desses uados em jogadores de futebol no vocalista Joe Elliott e outro em Steven Tyler (veja como foi o show do Aerosmith), a diferença de quilometragem seria drástica. Depois, parece que os sucessos globais do quinteto – quase todos incluídos no show, veja o set list no final do texto -, não vingaram durante todos esses anos junto ao público brasileiro, e a reação da plateia, à exceção da turma do gargarejo, é congelante. E, por último, Elliott luta com a própria voz no início da noite e só consegue se adaptar depois do primeiro terço do show. Seria o ventinho frio de Curicica o vilão? Ou o entra e sai de aeroportos?
Para se ter uma ideia, nem “Love Bites”, famosa no Brasil por uma versão canhestra do Yahoo, de Robertinho de Recife, teve a adesão esperada para um sucesso desse tamanho. Tampouco a dupla de novidades, “Let’s Go”, péssima escolha para se começar um show, sem pressão e com Joe Elliott em apuros, e “Man Enough”, toda trabalhada no groove, com uma batida quase eletrônica, em que pese as adaptações na bateria de Rick Allen. Aquele mesmo que teve de amputar o braço esquerdo após um acidente de carro, em 1984. Antes, o Def Leppard já havia cancelado a vinda parar o primeiro Rock In Rio, em 1985, e foi substituído pelo Whitesnake. Allen é caso único no mundo do rock, e – honra seja feita – cumpre muito bem suas funções com um kit de bateria adaptado.Mas, ainda que sem a tal interação púbico/banda em um tamanho considerável, há muitos bons momentos no show, quase todos passando pelos guitarristas Phil Collen e Vivian Campbell. São eles que descem a rampa que se projeta no meio do público para uma performance sensacional na dramática “Bringin’ on the Heartbreak” e na instrumental “Switch 625”, reproduzida com uma impecável destreza depois de tantos anos; ambas são do ótimo disco “High ‘n’ Dry”, de 1981, antes de o grupo atingir sucesso global via mercado americano. Em “Love Bites”, ainda que com certa discrição, ambos trocam solo de lugar, com Joe Elliott já adequando o gogó, em um dos momentos mais bonitos da noite.
Do “Hysteria”, o disco aniversariante, são nada menos sete das 12 faixas originais, tudo hit de primeira linha. Na própria “Hysteria”, imagens de época da banda são exibidas nos telões - o tradicional de fundo e adicionais, um de cada lado da bateria -, e a música deságua em momentos de grandes emoções e um pouco de cantoria na plateia. Em “Pour Some Sugar On Me”, Collen e Campbell sobrepõem solos sobre solos, numa daquelas performances que realmente valem a pena. E “Photograph”, uma das mais queridas do público mundo afora, é o arremate lindão, já em clima de despedida. O grupo teria direito a cerca de mais 10 minutinhos de show, mas acabou deixando o palco depois de 1h10 de palco. Ficou ou não ficou devendo?Set list completo:
1- Let’s Go
2- Animal
3- Let It Go
4- Love Bites
5- Armageddon It
6- Man Enough
7- Rocket
8- Bringin’ on the Heartbreak
9- Switch 625
10- Hysteria
11- Let’s Get Rocked
12- Pour Some Sugar On Me
13- Rock of Ages
14- Photograph
Tags desse texto: Def Leppard, Rock In Rio
Ahhh nem foi tão ruim assim!!!