Bola é Bola Mesmo

Herói improvável

Jogador de segundo escalão, holandês entra no jogo e passam por ele os lances decisivos que levam o time às quartas de final. Foto: Divulgação FIFA.

huntelaarmexicoHuntelaar. Você deve ter se esquecido dele. Talvez vão nem soubesse que ele, um dos jogadores holandeses mais experientes, estava entre os 23 convocados pelo técnico Van Gaal para disputar a Copa do Mundo no Brasil. Pois eis que, aos 49 minutos do segundo tempo, Huntelaar cobra com firmeza o pênalti sofrido por Robben e faz o gol que classifica a Holanda para as quartas de final.

Até os 43 deste mesmo segundo tempo, o México vencia por uma zero e estava indo ele para as quartas. Quando um escanteio é cobrado da direita e a bola fechada atravessa o campo até ser escorada para a entrada da área. Do nada o camisa 10 Wesley Sneijder solta uma bomba e empata o jogo de maneira inapelável. E quem era o sujeito a escorar a bola para trás? Huntelaar.

Tudo começou quando o estratégico Van Gall, antes, aos 31 deste mesmo segundo tempo, sacou Van Persie do time. A modificação causou estranheza em quem via no goleador, em grande fase nessa Copa, peça importante para que a Holanda chegasse, ao menos, no meio daquela soalheira danada em Fortaleza, ao empate que levasse tudo para ser decidido em uma cruel prorrogação. E quem entrou no lugar de Van Persie? Huntelaar.

A Holanda, sabemos todos, é formada por um time jovem do meio para trás, armado para fazer o seu trio de frente – Sneijder, Robben e Van Persie – resolver o problema. E é mais ou menos o que tem acontecido com os dois últimos. Sneijder, jogador de toque refinado e passes precisos, estava sumido até receber essa bola escorada de Huntelaar e estufar as redes do sortudo Ochoa. O camisa 10 desencantou em grande estilo.

Reparem que tudo isso aconteceu entre os 43 minutos e os 49 do segundo tempo. Então, a coisa estava mais ou menos assim. Até os 42, México nas quartas de final. Dos 42 aos 49, prorrogação e pênaltis. Depois dos 49, Holanda classificada. É ou não é uma Copa do Mundo e tanto essa disputada no Brasil?

navasgreciaComo se vê, a história poderia ter sido outra por diversos fatores, mas ainda por mais um. Segundo consta, quando Robben sofreu o pênalti, pegou a bola e perguntou se Huntelaar queria bater. Robben, o maior jogador da Copa até aqui, havia feito o diabo entre os esforçados mexicanos. Só lances de pênaltis daqueles que ninguém crava se foi ou não o camisa 11 protagonizou três. Estava morto o Robben. Se Van Persie estivesse em campo, certamente bateria a penalidade. Sem ele, Robben escolheu Huntelaar.

Há os que preferem responsabilizar o técnico do México, Miguel Herrera, pelo revés, já que ele recuara muito o time para garantir o magro um a zero. Herrera, por sua vez, culpa o bom árbitro português Pedro Proença por ter lhe roubado ao marcar o pênalti fatal no finzinho do jogo. Eu, meus amigos, prefiro dar o mérito a quem venceu, da maneira mais improvável, com heróis conhecidos, heróis anônimos, desencantadas e um grande personagem: Hunte… ops, Louis Van Gall. Assim é o futebol.

Na outra partida do domingão, uma inesperada Costa Rica fazia o mesmo que Herrera mandara o México fazer. Segurar a todo custo o mesmo placar de uma zero que lhe garantia uma inédita vaga nas quartas de final. Mas os centro-americanos tinham um plus a menos: jogavam com 10 jogadores durante toda a segunda etapa, depois que Duarte tomou o segundo amarelo e foi para o chuveiro mais cedo.

Do outro lado, a improvável Grécia, tida como a dona do pior futebol da Copa, encurralando os costarriquenhos em busca do empate. E ele veio. Só que, como a sucessão de fatos do jogo anterior, perto da última volta do ponteiro, aos 46 do segundo tempo. Não teve jeito: foi tudo parar numa prorrogação para a qual os gregos, notórios pernas de pau, parecem talhados.

Não deu outra: pênaltis. Curiosamente, gregos e costarriquenhos bateram a cobranças com maior perícia que, na véspera, fizeram os tecnicamente melhores brasileiros e chilenos. Resultado: cinco a três para a Costa Rica com o goleiro Navas espalmando de forma sensacional um pênalti bem cobrado pelo agora atormentado Gekas. Pela primeira vez a Costa Rica disputa uma partida de quartas de final. Te cuida, Holanda. A zebra segue passeando pela Copa do Mundo no Brasil.

Até a próxima e alguém, por favor, desliga o motorzinho que o Robben carrega na cintura!

Resultados de 29/6/2014
Holanda 2 x 1 México
Costa Rica 1 x 1 Grécia (5 x 3 nos pênaltis)

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