Maior que a perna
Vibrante apresentação do Avenged Sevenfold para pouco público não esconde recomeço após sucesso no Rock In Rio do ano passado. Fotos: Luciano Oliveira.
“Temos que agradecer a vocês do Rio por conta daquela noite incrível do Rock In Rio”, disse o vocalista M. Shadows antes do início de “Beast The Harlot”, a terceira da noite. “Talvez tenha sido um pouco cedo para voltarmos”, completou, reconhecendo, de certa forma, que esperava mais gente. Embora o show do Rock In Rio (veja como foi) e esse façam parte da mesma turnê, o grupo dessa vez trouxe um palco totalmente diferente. Saem os portões flamejantes repletos de efeitos pirotécnicos e entra uma plataforma gigante para o baterista Arin Ilejay cercada de rampas, que – digas-se – poderiam ser mais usadas pelos outros integrantes. Ao fundo o crânio morcegão que ilustra a capa do álbum “Hail to the King” (resenha aqui), lançado no ano passado e que dá origem à turnê.
É desse disco quatro das músicas do repertório, que segue inalterado por todo o giro pela América Latina. Entre elas, “Doing Time” é a que aparece pela primeira vez e, curiosamente, apesar do sotaque hard rock e de um poderoso refrão, a música não é tão acompanhada pelo público como as demais do set. Já “Shepherd Of Fire” e “Hail to the King”, no bloco de abertura, enlouquecem a plateia para não deixar dúvidas quanto ao pode de fogo do Avenged. Elas aparecem separadas pela dupla de hits “Critical Acclaim” e “Beast and the Harlot”, ambas consagradas pelas turnês que o grupo faz sem parar pelo mundo há anos. Em “Critical Acclaim”, os guitarristas Zacky Vengeance e Synyster Gates inauguram a cena que se repetiria durante todo o show: os dois à frente do palco solando horrores, quase sempre com harmonias melódicas. O entrosamento entre eles é admirável, realçando as referências diretas a toda a árvore genealógica das twin guitars.Em “Nightmare”, outra já consagrada, o público se esgoela e ao mesmo tempo saltita como se não houvesse amanhã, mas o fato de a banda ter o público tão na mão tem suas desvantagens. Como os momentos em que M. Shadows não canta um verso ou o refrão de uma música – caso da ótima “This Means War” – ou quando Gates leva a mão orelha como se quisesse que o público cantasse ainda mais alto. As cenas passam a impressão de certa soberba que pode subir a cabeça da banda. Outras, contudo, são mais estimulantes. A do baixista moicano Johnny Christ com os dois braços com o dedo do meio em riste para Synister Gates, que responde às gargalhadas, e – de novo – a troca de olhares que revela o entrosamento entre Gates e Vengeance, são bons exemplos.
Outras novidades do show estão na inclusão de duas músicas antigas. Primeiro, “Seize The Day”, do álbum “City Of Evil”, de 2005, nunca antes tocada no Rio, como bem frisa M. Shadows. Depois, aquela que o público sempre pedia no encerramento, mas a banda nunca tocava: “A Little Piece of Heaven”. As duas, entretanto, se realizam desejos dos fãs, pouco têm a ver com a grande banda de heavy metal na qual o Avenged Sevenfold se transformou. A primeira tem andamento lento e enfadonho, e a segunda quase converte a Arena numa inacreditável pista de dança, e justamente no encerramento do bis, num total anticlímax. Tá explicado a hesitação em incluí-la no repertório. Melhor guardar na memória outros retratos, como o da imagem do grupo tocando “This Means War”, com as flagrantes citações à Iron Maiden e Metallica; o gogó de ouro de Shadows em “Buried Alive”; e a duplinha de guitarristas esmerilhando na beirada do palco.Set list completo:
1- Shepherd of Fire
2- Critical Acclaim
3- Beast and the Harlot
4- Hail to the King
5- Doing Time
6- Buried Alive
7- Seize the Day
8- Nightmare
9- Eternal Rest
10- Solo de guitarra Synyster Gates
11- Afterlife
12- This Means War
13- Almost Easy
Bis
14- Unholy Confessions
15- A Little Piece of Heaven
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4 ou 5 mil no HSBC é muito pouco público. O Cure disseram que tinha 9 mil e estava muito vazio. Esse show tinha que ter sido no Citibank Hall ou Fundição progresso.